O que é Cabala? Essa pergunta já é algo dificílimo de se responder, pois a Cabala é um corpo vivo, constantemente se modificando, sendo que a cada geração de estudiosos, mais e mais conhecimentos vão sendo adicionados ao que nós chamamos de Cabala. A Cabala de hoje em dia não é a mesma da época de Salomão, que por sua vez também não é a mesma da Idade Média, e com certeza, não será a mesma de amanhã.
Além dessa modificação em relação às épocas, ela também é passível de interpretação pessoal, adaptando-se às crenças de cada um. Dessa forma, a Cabala sob a ótica de um Pagão é diferente da Cabala vista sob a ótica de um Judeu, que por sua vez também será diferente da Cabala vista sob a ótica de um Cristão. Porém, o mais impressionante disso tudo, é que ela se adapta perfeitamente a todas essas crenças, por mais diferentes que elas possam parecer. E mais que isso, independentemente do enfoque pessoal de cada um, a essência do ensinamento cabalistico permanece a mesma, transmitindo, no final, a mesma verdade.
Se colocarmos nossa religião sob o enfoque cabalístico, não importa se somos monoteístas ou politeístas, com o avançar dos estudos a Cabala irá nos demonstrar que, em essência, todas as religiões falam a mesma coisa, pois através da Cabala, elas irão ser destrinchadas e analisadas, tudo o que não for essencial será descartado e, ao final, a Cabala irá nos mostrar o mesmo resultado!
Mágica ? Não, não é mágica. É conhecimento!
Dessa forma, a primeira e mais importante informação sobre a Cabala é: Cabala não é religião.
E mais que isso: Cabala não está, necessariamente, associada a religião alguma.
Dessa forma, ninguém precisa ser convertido ao judaísmo para estudar Cabala!
Por outro lado, a Cabala também não é um conjunto de conhecimentos que possamos aprender lendo livros e artigos sobre a mesma. Se alguém espera aprender as verdades cósmicas simplesmente lendo livros de Cabala, como se estivesse lendo um jornal ou um livro técnico, não perca o seu tempo! Com certeza, nada de útil vai resultar dessas leituras todas, pois a Cabala não trabalha somente com o intelecto!
Para início de conversa, a linguagem da Cabala não é a linguagem com a qual estamos acostumados a nos comunicar. Nada em Cabala será dito diretamente, pois as Verdades que ela pretende revelar não podem ser comunicadas diretamente, pois estão além de nossa capacidade racional. Dessa forma, a Cabala se comunica através de símbolos. Toda a Cabala se comunica em linguagem simbólica, pois o objetivo da Cabala é despertar o nosso subconsciente para determinadas verdades cósmicas, que serão passadas à nossa mente consciente através da intuição. Nada do que foi escrito sobre Cabala é literal, pois tudo nela é simbólico. Além da leitura, a meditação e a reflexão são essenciais para se entender o que a Cabala pretende nos mostrar!
A Cabala, portanto, não passa de uma ferramenta, projetada para nos guiar em nossa busca das Verdades Cósmicas. A Cabala não irá nos dizer nada. Ao contrário, ela irá despertar o nosso subconsciente, de forma que o nosso Eu Interior nos transmita determinadas leis cósmicas através da intuição. Em outras palavras, a Cabala é a chave que nos faz achar, dentro de nós mesmos, as verdades divinas. Por isso aquele que só ler e raciocinar intelectualmente sobre a Cabala, sem o apoio da meditação e da reflexão, não irá achar muita coisa, pois estará procurando fora de si mesmo um conhecimento que só poderá encontrar através de seu Eu Interior. Afinal de contas, a Cabala é um instrumento feito para se comunicar com o nosso subconsciente, visando nos possibilitar abrir portas que a nossa mente consciente jamais imaginou que existissem!
Origem da Cabala
A origem da Cabala permanece um mistério, existindo várias lendas a respeito de sua origem. De acordo com uma delas, a Cabala foi “revelada” aos patriarcas de Israel por Arcanjos, os quais queriam proporcionar à Humanidade uma ferramenta capaz de ajudar o ser humano a entender os Mistérios da Criação. Tal ferramenta seria formada por conhecimentos que ajudariam o ser humano a entender o pensamento divino. Seria a chave para ajudar a espécie humana a entender tanto o Macrocosmos ( Universo ) quanto o Microcosmos ( o ser humano ).
Já outra lenda diz que a Cabala foi “revelada” a Moisés no monte Sinai, junto com os Dez Mandamentos. É baseado nessa lenda que alguns autores argumentam, que como Moisés fora criado como um príncipe egipcio, muito provavelmente a Cabala venha a conter, em seus ensinamentos, parte do que as Escolas de Mistérios Egípcias ensinavam.
Já alguns autores comentam que o templo do Rei Salomão fora construído de tal forma que, oculto em sua arquitetura, estariam os conhecimentos da Cabala.
Cabala vem da palavra hebraica QBLH, que significa ''recepção”. Até a idade média, a Cabala era uma Tradição Oral, ou seja, o conhecimento não era escrito, e sim transmitido oralmente do mestre ao discípulo.
O primeiro texto cabalístico que se conhece é o “Sepher Yetzirah”, ou Livro da Criação, surgido por volta do século VI DC, onde se diz que todo o Universo é uma emanação de Deus.
Outro trabalho importante é o Zohar ("Esplendor"). Trata-se de um comentário esotérico e místico sobre o Torah, surgido no século XII DC.
Pode-se considerar a Cabala como base da Tradição Esotérica Ocidental. Tanto a Maçonaria quanto o Rosacrucianismo foram grandemente influenciados pela Cabala. Os Ritos Maçônicos, assim como seus templos, possuem vários elementos cabalísticos ocultos entre os seus elementos, assim como o era o Templo do Rei Salomão. A Cabala Prática atingiu seu auge de desenvolvimento no final do séc. XIX e início do séc. XX, através da Hermetic Order of Golden Dawn, cujos Rituais de Magia Cerimonial foram desenvolvidos baseados na Cabala.
Assim como a Golden Dawn, outras ordens famosas de magia também são fundamentadas na Cabala, como a Astrum Argentum e a ordem thelemica de magia O.T.O. ( Ordo Templi Orientis ). O próprio Alex Crowley, que difundiu a Lei de Thelema no séc. XX, foi fortemente influenciado pela Cabala.
A Cabala também influenciou o Neo-Paganismo, sendo que várias religiões pagãs que surgiram no séc. XX adotaram a Cabala em suas práticas. Uma delas é a tradição de Bruxaria conhecida como Wicca Alexandrina, cuja Cabala faz parte de seus ensinamentos e de seus rituais.
Ordens que difundem o misticismo cristão, como a T.O.M. ( Tradicional Ordem Martinista ), também possuem os seus conhecimentos e Ritos baseados na Cabala.
Da Maçonaria a Thelema, do Misticismo Cristão à Bruxaria, todas essas Tradições Esotéricas Ocidentais, aparentemente tão diferentes entre si, possuem a Cabala como ponto em comum! Afinal de contas, a Cabala nos abre as portas do subconsciente, e esse é a ponte entre nosso ser racional e o nosso Eu Interior, cujas verdades estão além do mundo das aparências!
Os Quatro Tipos de Cabala
De acordo com MacGregor Mathers e outros autores, a Cabala pode ser dividida em quatro tipos distintos de conhecimento:
a-) Cabala Prática
A Cabala prática é a parte da Cabala que lida com Magia Cerimonial e com a confecção de Talismãs. É a parte da Cabala relativa a invocação e evocação de Entidades Espirituais através da magia, visando um contato com tais seres.
Atualmente, algumas Ordens de Magia ensinam a Cabala Prática. Como alguns exemplos dessas ordens contemporâneas, temos a Hermetic Order of Golden Dawn, a Astrum Argentum, a O.T.O. ( Ordo Templi Orientis ) e a recém fundada OTO Mundi.
b-) Cabala Dogmática
É a parte da Cabala que foi escrita em livros, transmitindo um sistema metafísico. Como exemplos da Cabala Dogmática nós temos os livros “Sepher Yetzirah”, ou Livro da Criação, e o Zohar, o Livro do Esplendor. Em geral, os textos da Cabala Dogmática foram escritos por cabalistas judeus, visando estudar e explicar a Torah.
c-) Cabala Literal
É a parte da Cabala que lida com as letras do alfabeto hebraico e seus valores numéricos.
De acordo com os cabalistas, o Universo é formado por vibrações. No princípio dos tempos, o G.A.D.U. vibrou uma palavra, e essa vibração original é que teria dado origem ao Universo. É a Palavra Perdida, é o verdadeiro nome do Grande Arquiteto do Universo, que em hebraico é:
Como em hebraico só se escreve as consoantes, ninguém mais sabe como é o som original dessa palavra, som esse capaz de alterar as estruturas do Universo.
Devido ao fato do Cosmos ser constituído por vibrações, os cabalistas consideram que existem 22 vibrações básicas, que são representadas pelas 22 letras do alfabeto hebraico. Tais letras, ou vibrações, associadas umas às outras formariam tudo o que existe no Universo. Está aí a base para a teoria que explica a efeito dos sons vocálicos, dos mantras e das Palavras de Poder!
Como cada letra representa uma das vibrações básicas a constituir o Universo, a cada letra está associado um número. Dessa forma, cada palavra também possui um valor numérico que a representa, e dessa forma, a Cabala Literal estuda essas relações. Ela está subdividida em três ciências:
c.1-) Gematria : É um método aritmético para substituir palavras de uma frase por outras de igual valor numérico.
c.2-) Notaricon : É a escolha de letras do começo, do meio ou do fim das palavras de uma frase, seguindo-se determinadas regras, a fim de se formar uma única palavra que represente a essência da frase.
c.3-) Temurah : É um método para se formar cifras, substituindo letras de uma palavra por outras letras, segundo um determinado sistema.
Além dessa modificação em relação às épocas, ela também é passível de interpretação pessoal, adaptando-se às crenças de cada um. Dessa forma, a Cabala sob a ótica de um Pagão é diferente da Cabala vista sob a ótica de um Judeu, que por sua vez também será diferente da Cabala vista sob a ótica de um Cristão. Porém, o mais impressionante disso tudo, é que ela se adapta perfeitamente a todas essas crenças, por mais diferentes que elas possam parecer. E mais que isso, independentemente do enfoque pessoal de cada um, a essência do ensinamento cabalistico permanece a mesma, transmitindo, no final, a mesma verdade.
Se colocarmos nossa religião sob o enfoque cabalístico, não importa se somos monoteístas ou politeístas, com o avançar dos estudos a Cabala irá nos demonstrar que, em essência, todas as religiões falam a mesma coisa, pois através da Cabala, elas irão ser destrinchadas e analisadas, tudo o que não for essencial será descartado e, ao final, a Cabala irá nos mostrar o mesmo resultado!
Mágica ? Não, não é mágica. É conhecimento!
Dessa forma, a primeira e mais importante informação sobre a Cabala é: Cabala não é religião.
E mais que isso: Cabala não está, necessariamente, associada a religião alguma.
Dessa forma, ninguém precisa ser convertido ao judaísmo para estudar Cabala!
Por outro lado, a Cabala também não é um conjunto de conhecimentos que possamos aprender lendo livros e artigos sobre a mesma. Se alguém espera aprender as verdades cósmicas simplesmente lendo livros de Cabala, como se estivesse lendo um jornal ou um livro técnico, não perca o seu tempo! Com certeza, nada de útil vai resultar dessas leituras todas, pois a Cabala não trabalha somente com o intelecto!
Para início de conversa, a linguagem da Cabala não é a linguagem com a qual estamos acostumados a nos comunicar. Nada em Cabala será dito diretamente, pois as Verdades que ela pretende revelar não podem ser comunicadas diretamente, pois estão além de nossa capacidade racional. Dessa forma, a Cabala se comunica através de símbolos. Toda a Cabala se comunica em linguagem simbólica, pois o objetivo da Cabala é despertar o nosso subconsciente para determinadas verdades cósmicas, que serão passadas à nossa mente consciente através da intuição. Nada do que foi escrito sobre Cabala é literal, pois tudo nela é simbólico. Além da leitura, a meditação e a reflexão são essenciais para se entender o que a Cabala pretende nos mostrar!
A Cabala, portanto, não passa de uma ferramenta, projetada para nos guiar em nossa busca das Verdades Cósmicas. A Cabala não irá nos dizer nada. Ao contrário, ela irá despertar o nosso subconsciente, de forma que o nosso Eu Interior nos transmita determinadas leis cósmicas através da intuição. Em outras palavras, a Cabala é a chave que nos faz achar, dentro de nós mesmos, as verdades divinas. Por isso aquele que só ler e raciocinar intelectualmente sobre a Cabala, sem o apoio da meditação e da reflexão, não irá achar muita coisa, pois estará procurando fora de si mesmo um conhecimento que só poderá encontrar através de seu Eu Interior. Afinal de contas, a Cabala é um instrumento feito para se comunicar com o nosso subconsciente, visando nos possibilitar abrir portas que a nossa mente consciente jamais imaginou que existissem!
Origem da Cabala
A origem da Cabala permanece um mistério, existindo várias lendas a respeito de sua origem. De acordo com uma delas, a Cabala foi “revelada” aos patriarcas de Israel por Arcanjos, os quais queriam proporcionar à Humanidade uma ferramenta capaz de ajudar o ser humano a entender os Mistérios da Criação. Tal ferramenta seria formada por conhecimentos que ajudariam o ser humano a entender o pensamento divino. Seria a chave para ajudar a espécie humana a entender tanto o Macrocosmos ( Universo ) quanto o Microcosmos ( o ser humano ).
Já outra lenda diz que a Cabala foi “revelada” a Moisés no monte Sinai, junto com os Dez Mandamentos. É baseado nessa lenda que alguns autores argumentam, que como Moisés fora criado como um príncipe egipcio, muito provavelmente a Cabala venha a conter, em seus ensinamentos, parte do que as Escolas de Mistérios Egípcias ensinavam.
Já alguns autores comentam que o templo do Rei Salomão fora construído de tal forma que, oculto em sua arquitetura, estariam os conhecimentos da Cabala.
Cabala vem da palavra hebraica QBLH, que significa ''recepção”. Até a idade média, a Cabala era uma Tradição Oral, ou seja, o conhecimento não era escrito, e sim transmitido oralmente do mestre ao discípulo.
O primeiro texto cabalístico que se conhece é o “Sepher Yetzirah”, ou Livro da Criação, surgido por volta do século VI DC, onde se diz que todo o Universo é uma emanação de Deus.
Outro trabalho importante é o Zohar ("Esplendor"). Trata-se de um comentário esotérico e místico sobre o Torah, surgido no século XII DC.
Pode-se considerar a Cabala como base da Tradição Esotérica Ocidental. Tanto a Maçonaria quanto o Rosacrucianismo foram grandemente influenciados pela Cabala. Os Ritos Maçônicos, assim como seus templos, possuem vários elementos cabalísticos ocultos entre os seus elementos, assim como o era o Templo do Rei Salomão. A Cabala Prática atingiu seu auge de desenvolvimento no final do séc. XIX e início do séc. XX, através da Hermetic Order of Golden Dawn, cujos Rituais de Magia Cerimonial foram desenvolvidos baseados na Cabala.
Assim como a Golden Dawn, outras ordens famosas de magia também são fundamentadas na Cabala, como a Astrum Argentum e a ordem thelemica de magia O.T.O. ( Ordo Templi Orientis ). O próprio Alex Crowley, que difundiu a Lei de Thelema no séc. XX, foi fortemente influenciado pela Cabala.
A Cabala também influenciou o Neo-Paganismo, sendo que várias religiões pagãs que surgiram no séc. XX adotaram a Cabala em suas práticas. Uma delas é a tradição de Bruxaria conhecida como Wicca Alexandrina, cuja Cabala faz parte de seus ensinamentos e de seus rituais.
Ordens que difundem o misticismo cristão, como a T.O.M. ( Tradicional Ordem Martinista ), também possuem os seus conhecimentos e Ritos baseados na Cabala.
Da Maçonaria a Thelema, do Misticismo Cristão à Bruxaria, todas essas Tradições Esotéricas Ocidentais, aparentemente tão diferentes entre si, possuem a Cabala como ponto em comum! Afinal de contas, a Cabala nos abre as portas do subconsciente, e esse é a ponte entre nosso ser racional e o nosso Eu Interior, cujas verdades estão além do mundo das aparências!
Os Quatro Tipos de Cabala
De acordo com MacGregor Mathers e outros autores, a Cabala pode ser dividida em quatro tipos distintos de conhecimento:
a-) Cabala Prática
A Cabala prática é a parte da Cabala que lida com Magia Cerimonial e com a confecção de Talismãs. É a parte da Cabala relativa a invocação e evocação de Entidades Espirituais através da magia, visando um contato com tais seres.
Atualmente, algumas Ordens de Magia ensinam a Cabala Prática. Como alguns exemplos dessas ordens contemporâneas, temos a Hermetic Order of Golden Dawn, a Astrum Argentum, a O.T.O. ( Ordo Templi Orientis ) e a recém fundada OTO Mundi.
b-) Cabala Dogmática
É a parte da Cabala que foi escrita em livros, transmitindo um sistema metafísico. Como exemplos da Cabala Dogmática nós temos os livros “Sepher Yetzirah”, ou Livro da Criação, e o Zohar, o Livro do Esplendor. Em geral, os textos da Cabala Dogmática foram escritos por cabalistas judeus, visando estudar e explicar a Torah.
c-) Cabala Literal
É a parte da Cabala que lida com as letras do alfabeto hebraico e seus valores numéricos.
De acordo com os cabalistas, o Universo é formado por vibrações. No princípio dos tempos, o G.A.D.U. vibrou uma palavra, e essa vibração original é que teria dado origem ao Universo. É a Palavra Perdida, é o verdadeiro nome do Grande Arquiteto do Universo, que em hebraico é:
Como em hebraico só se escreve as consoantes, ninguém mais sabe como é o som original dessa palavra, som esse capaz de alterar as estruturas do Universo.
Devido ao fato do Cosmos ser constituído por vibrações, os cabalistas consideram que existem 22 vibrações básicas, que são representadas pelas 22 letras do alfabeto hebraico. Tais letras, ou vibrações, associadas umas às outras formariam tudo o que existe no Universo. Está aí a base para a teoria que explica a efeito dos sons vocálicos, dos mantras e das Palavras de Poder!
Como cada letra representa uma das vibrações básicas a constituir o Universo, a cada letra está associado um número. Dessa forma, cada palavra também possui um valor numérico que a representa, e dessa forma, a Cabala Literal estuda essas relações. Ela está subdividida em três ciências:
c.1-) Gematria : É um método aritmético para substituir palavras de uma frase por outras de igual valor numérico.
c.2-) Notaricon : É a escolha de letras do começo, do meio ou do fim das palavras de uma frase, seguindo-se determinadas regras, a fim de se formar uma única palavra que represente a essência da frase.
c.3-) Temurah : É um método para se formar cifras, substituindo letras de uma palavra por outras letras, segundo um determinado sistema.
d-) Cabala Tradicional, ou Não Escrita
É a parte da Cabala que visa dar o correto entendimento sobre as relações existentes entre cada um dos símbolos cabalísticos entre si, além de explicar como tais símbolos se relacionam com o funcionamento do macrocosmos e do microcosmos. É a parte da Cabala que visa explicar, usando-se a Árvore da Vida cabalística, como o Cosmos e o ser humano funcionam.
A Cabala Tradicional está constantemente evoluindo, pois cada estudante encontra, através dela, as suas próprias respostas às suas questões pessoais. Portanto, muito desse conhecimento é resultado da experiência pessoal de quem a estuda. Nesse campo, a interpretação pessoal tem um grande peso. Dessa forma, eu também tomei a liberdade de chamar a Cabala Tradicional de Cabala Mística.
Ela é tradicional, pois nada a respeito dela era escrito, sendo esse conhecimento transmitido oralmente de um Iniciado a outro. Porém, vários autores do século XX já andaram escrevendo sobre a Cabala Tradicional, como Dion Fortune, MacGregor Mathers, Aleister Crowley, Wynn Wetcott e A. E. Waite. Aliás, depois que Aleister Crowley quebrou seus votos de silêncio e divulgou, através de publicações, um conhecimento que antes era tido como secreto, grande parte da Cabala Tradicional se tornou acessível ao público em geral.
Em resumo, a Cabala Tradicional utiliza a Árvore da Vida cabalística, chamada de Otz Chiim, como método principal de se estudar a Cabala. Dessa forma, esse texto irá versar sobre a Cabala Tradicional.
A Árvore da Vida ( Otz Chiim )
É a parte da Cabala que visa dar o correto entendimento sobre as relações existentes entre cada um dos símbolos cabalísticos entre si, além de explicar como tais símbolos se relacionam com o funcionamento do macrocosmos e do microcosmos. É a parte da Cabala que visa explicar, usando-se a Árvore da Vida cabalística, como o Cosmos e o ser humano funcionam.
A Cabala Tradicional está constantemente evoluindo, pois cada estudante encontra, através dela, as suas próprias respostas às suas questões pessoais. Portanto, muito desse conhecimento é resultado da experiência pessoal de quem a estuda. Nesse campo, a interpretação pessoal tem um grande peso. Dessa forma, eu também tomei a liberdade de chamar a Cabala Tradicional de Cabala Mística.
Ela é tradicional, pois nada a respeito dela era escrito, sendo esse conhecimento transmitido oralmente de um Iniciado a outro. Porém, vários autores do século XX já andaram escrevendo sobre a Cabala Tradicional, como Dion Fortune, MacGregor Mathers, Aleister Crowley, Wynn Wetcott e A. E. Waite. Aliás, depois que Aleister Crowley quebrou seus votos de silêncio e divulgou, através de publicações, um conhecimento que antes era tido como secreto, grande parte da Cabala Tradicional se tornou acessível ao público em geral.
Em resumo, a Cabala Tradicional utiliza a Árvore da Vida cabalística, chamada de Otz Chiim, como método principal de se estudar a Cabala. Dessa forma, esse texto irá versar sobre a Cabala Tradicional.
A Árvore da Vida ( Otz Chiim )
A Árvore da Vida é um esquema feito para representar o Cosmos e tudo o que existe. Tudo o que existe, assim como todas as situações da vida, podem ser colocadas sobre a Árvore da Vida. Dessa forma, o objeto de estudo pode ser separado em suas partes constituintes, e sabendo-se a relação existente entre as partes que formam a Otz Chiim, podemos extrapolar e descobrir como funciona a dinâmica do que estamos estudando, seja em relação ao Macrocosmo (Universo) ou ao Microcosmo (ser humano).
Como podem perceber, o simples fato de colocar a situação sobre a Árvore da Vida, a fim de se iniciar o processo de estudo, já requer uma grande dose de intuição!
Mas como pode ser possível um esquema poder ser utilizado para se explicar tudo o que existe? Isso é simples. Basta lembrar que esse esquema foi montado para explicar as leis da Criação do Universo. Ora, tudo o que existe segue essas leis universais, pois tudo o que existe faz parte desse Universo, logo, de certa forma, tudo o que existe é uma espécie de Cosmos em miniatura, tal qual o ser humano. Assim sendo, o que vale para o Cosmos em geral, também vale para as suas partes constituintes, fazendo da Otz Chiim, e da Cabala, a chave universal para se decifrar os mistérios da criação. E é por isso que a Tradição insiste em afirmar que a Cabala foi “revelada” ao ser humano por Entidades Espirituais, pois tal conhecimento seria impossível de ser adquirido pelo ser humano sozinho.
Em resumo, a Árvore da Vida é formada por dez esferas, chamadas cada uma de Sephirat (o plural de Sephirat é Sephiroth). Cada Sephirat representa um estado da Criação, ou um aspecto do ser humano.
Como podem perceber pela Figura 1, o nome das sephirot, com os seus respectivos números, são:
Número ===== Nome ==== Nome em Português
1 ======= Kether ======== Coroa
2 ======= Chokmah ===== Sabedoria
3 ========= Binah ===== Entendimento
4 ======== Chesed ===== Misericórdia
5 ======== Geburah ===== Severidade
6 ======== Tifareth ======== Beleza
7 ======== Netzach ======= Vitória
8 ========== Hod ======== Glória
9 ========= Yesod ====== Fundação
10 ======== Malkuth ======= Reino
Como podem perceber, as sephirot estão divididas em três colunas verticais. A coluna da direita, formada pelas sephirot Chokmah, Chesed e Netzach.
A coluna da esquerda, formada por Binah, Geburah e Hod.
E a coluna do meio, formada por Kether, Tifareth, Yesod e Malkuth.
A coluna da direita representa forças com polaridade positiva, ou masculina. É conhecida como pilar da Misericórdia, ou como pilar da Força em Expansão, ou seja, da Força Pura.
A coluna da esquerda representa forças com polaridade negativa, ou feminina. Cada sephirat da coluna da direita é compensada por uma sephirat correspondente da coluna da esquerda, formando, dessa forma, pares de opostos complementares. A coluna da esquerda é chamada de coluna da Severidade. Também é conhecida como pilar da Constrição, ou seja, da Forma.
E a coluna do meio é a coluna do equilíbrio entre as colunas da direita e da esquerda. Cada par de opostos complementares se encontra equilibrado na sephirat correspondente da coluna do meio. Por isso tal coluna é chamada de Coluna do Equilíbrio. Também é conhecida como Pilar da Beleza, ou da Consciência.
Acima de Kether existem, conforme observa-se na figura 1, os três Véus da Existência Negativa, chamados respectivamente de AIN ( Não Existência ), AIN SOPH ( Infinito ) e
AIN SOPH AUR ( Luz Infinita ). Esses três Véus da Existência Negativa existiam antes da Criação, ou seja, existiam antes de que qualquer coisa viesse a existir, antes do tempo e do espaço, antes mesmo da existência do plano espiritual. Por isso que são véus, pois nos é completamente impossível sequer imaginar o que existe por detrás desses véus da Não Existência.
A primeira coisa a existir foi a sephirat Kether, sendo ela o ponto inicial da Criação. O Princípio Criador, o qual eu tomo a liberdade de chamar de o Grande Arquiteto do Universo, emanou a sephirat Kether dele mesmo. Dessa forma, Kether é uma emanação do G.A.D.U. Por sua vez, de Kether foi emanada Chokmah. De Chokmah foi emanada Binah. De Binah foi emanada Chesed. De Chesed foi emanada Geburah. De Geburah foi emanada Tifareth. De Tifareth foi emanada Netzach. De Netzach foi emanada Hod. De Hod foi emanada Yesod. E de Yesod foi emanada Malkuth. Antes de Kether ser emanada, não existia nada. Por isso que o G.A.D.U. também é chamado de o Incriado ou de o Não Criado, pois ele já existia antes de algo ser criado.
Percebe-se, dessa forma, que as sephirot foram emanadas numa espécie de zigue-zague. Sempre que uma sephirat da coluna da direita era emanada, imediatamente ela emanava a sephirat oposta complementar correspondente, restabelecendo o equilíbrio.
Dessa forma, podemos intuir que o Universo existe devido ao equilíbrio dos pares de opostos. E com isso, percebemos que uma sephirat, individualmente, não nos diz muita coisa. Para se entender uma sephirat, temos que considerar as demais sephirot que se relacionam com ela. Para se entender uma sephirat da coluna da direita, temos que levar em consideração a sephirat oposta complementar da coluna da esquerda, e vice-versa. E para entender uma sephirat da coluna do meio, temos que no mínimo considerar as sephirot de pares de opostos complementares que ela está equilibrando no pilar do equilíbrio.
Portanto, tudo o que existe é constituído por essas dez sephirot. Além disso, podemos perceber que as sephirot estão ligadas umas às outras por linhas, as quais chamamos de Caminhos. Cada Caminho liga duas sephirot uma à outra, e representa o estado de espírito, ou a qualidade, necessário para se passar de uma sephirat à outra. Existem 22 Caminhos, e cada Caminho é relacionado a uma das 22 letras do alfabeto hebraico. Da mesma forma, cada Caminho também é associado a um dos 22 Arcanos Maiores do Tarot.
Os Quatro Mundos
Os cabalistas também consideram que o Cosmos pode ser subdividido em quatro mundos. Tais mundos não são mundos separados uns dos outros, mas eles coexistem simultaneamente e se interpenetram. Seria como se cada mundo possuísse uma faixa de frequências característica, sendo que todas essas frequências estariam vibrando simultaneamente. Outra forma de se encarar é considerar que cada mundo possua um tipo de energia própria, sendo que todas esses tipos de energia se misturam para que o Cosmos possa se manifestar.
Dessa forma, tudo o que existe no Universo existe simultaneamente nesses quatro mundos, mesmo que nós não tenhamos consciência disso. Assim sendo, cada sephirat se manifesta simultaneamente em cada um deles e, portanto, a Árvore da Vida se reflete nesses quatro mundos, que são:
a-) Atziluth, também chamado Mundo dos Arquétipos, Mundo das Emanações ou Mundo Divino.
Nesse mundo as sephirot se apresentam como os Dez Nomes Divinos, conforme a tabela abaixo:
Sephirat ====== Nome Divino
Kether ======== Eheieh
Chokmah ====== Jehovah
Binah ======== Jehovah Elohim
Chesed ======= El
Geburah ====== Elohim Gibor
Tifareth ======= Jehovah Eloah Va Daath
Netzach ======= Jehovah Tzabaoth
Hod ========== Elohim Tzabaoth
Yesod ======== Shaddai El Chai
Malkuth ======= Adonai Ha Aretz
O G.A.D.U. manifestou, nesse mundo, dez de suas características, cada qual representada por um de seus dez Nomes Divinos. Dessa forma, todo o Cosmos foi criado a partir dessas dez características principais do Princípio Criador.
b-) Briah, também chamado Mundo da Criação ou Khorsia, o Mundo dos Tronos.
Nesse mundo, cada sephirat se apresenta como um dos dez Arcanjos principais, conforme tabela abaixo:
Sephirat === Arcanjo
Kether ===== Metatron
Chokmah === Ratziel
Binah ====== Tzaphkiel
Chesed ==== Tzadkiel
Geburah ==== Khamael
Tifareth ===== Raphael
Netzach ===== Haniel
Hod ======== Michael
Yesod ====== Gabriel
Malkuth ===== Sandalphon
Na realidade, não foi o Grande Arquiteto do Universo quem fez o Cosmos. O G.A.D.U., como o seu próprio nome indica, foi o arquiteto que planejou o Cosmos. Tal planejamento foi colocado em Atziluth, como as dez características principais que deveriam reger todo o Universo.
Cabe aos dez Arcanjos de Briah ler esse projeto e definir uma linha de ação, decidindo o que deve ser feito para concretizar o que foi projetado pelo Princípio Criador. Dessa forma são os dez Arcanjos de Briah quem decidem como proceder para que o Cosmos projetado pelo G.A.D.U. possa se manifestar.
c-) Yetzirah, também chamado Mundo da Formação ou Mundo Angélico.
Nesse mundo, cada sephirat se apresenta como um conjunto de seres denominados de anjos. Dessa forma, cada sephirat é representada por uma Hoste de Anjos, conforme a tabela abaixo:
Sephirat === Hoste de Anjos
Kether ===== Chaioth Ha Qadesh
Chokmah === Auphanim
Binah ====== Aralim
Chesed ==== Chasmalim
Geburah === Seraphim
Tifareth ==== Malachim
Netzach ==== Elohim
Hod ======= Beni Elohim
Yesod ====== Aishim
Malkuth ===== Kerubim
São estas Hostes de Anjos que de fato são as responsáveis por agirem na criação e na manutenção do Cosmos. Dessa forma, na Criação, o G.A.D.U. projetou, os Arcanjos decidiram que atitudes deveriam ser tomadas para colocar em prática o projeto do Princípio Criador, e os Coros Angélicos executaram o projeto sob as ordens e orientação dos respectivos Arcanjos.
Fazendo uma comparação com as forças armadas, o G.A.D.U. seria o rei que planeja a criação de dez exércitos em Atziluth. Em Briah, cada um dos dez exércitos é deixado a cargo de um general, ou Arcanjo, que por sua vez comanda, em Yetzirah, a respectiva Hoste de Anjos, que são os soldados que formam o exército propriamente dito.
d-) Assiah, também chamado Mundo da Ação, ou Mundo da Matéria
Esse mundo é a Criação propriamente dita. É o resultado de todo o trabalho, ou seja, é o Universo, é o mundo manifestado na matéria. Esse mundo não é formado apenas pela matéria. Ele é formado também por parte do plano astral, que é a essência do plano material. Nesse mundo, as sephirat são representadas pelas influências estrelares, planetárias e elementares, conforme a tabela abaixo:
Sephirat === Influência Correspondente
Kether ===== Luz Primordial, Radiação de Fundo, Big Bang
Chokmah === A Esfera do Zodíaco
Binah ====== Saturno
Chesed ==== Júpiter
Geburah ==== Marte
Tifareth ===== Sol
Netzach ===== Vênus
Hod ======= Mercúrio
Yesod ====== Lua
Malkuth ===== Os Quatro Elementos
Outra Forma de se Considerarem os Quatro Mundos
Embora todas as sephirot se manifestem em todos os quatro mundos, uma outra forma de se tentar entender e representar esses mundos seria escolher grupos de sephirot que melhor descreveriam esses mundos. Dessa forma, o mundo de Atziluth é mais bem descrito pelas sephirot Kether, Chokmah e Binah, que formam a chamada Trindade Superior.
O mundo de Briah é melhor representado pelas sephirot Chesed, Geburah e Tifareth, formando um triângulo que é considerado o reflexo da Trindade Superior.
Já o mundo de Yetzirah é representado pelas sephirot Netzach, Hod e Yesod, formando o triângulo imediatamente acima de Malkuth.
E por fim, o mundo de Assiah é representado pela sephirat Malkuth sozinha. Considera-se que as influências de todas as outras nove sephirot deságuam em Malkuth.
Conclusões Finais
Podemos concluir algumas coisas disso tudo. Em primeiro lugar, Kether foi emanada do G.A.D.U., e foi Kether o ponto inicial da criação. Em Kether existiam todas as outras nove sephirot em potencial, que foram se manifestando uma a uma, até chegar em Malkhut.
Dessa forma, em última instância, tudo o que existe emanou diretamente do Grande Arquiteto do Universo e, portanto, tudo o que existe é uma manifestação do G.A.D.U. Dessa forma, o Princípio Criador é imanente, está em tudo, sendo que tudo é a manifestação do Incriado, desde o ser humano ao mais vil dos vírus, desde as estrelas até um grão de areia. Se o G.A.D.U. está em tudo, inclusive em nós mesmos, nós não precisamos de Igrejas, padres ou Papas como intermediários entre nós e a Divindade. Cada um pode encontrá-la por si próprio.
Além disso, vemos que não foi o G.A.D.U. sozinho que criou o Cosmos. Apesar de tudo ser uma manifestação dele, ele contou com a ajuda de outros seres divinos, chamados pelos cabalistas de Arcanjos e Anjos. Porém, considerando-se os vários panteões pagãos, os Deuses e Deusas desses panteões podem ser relacionados com as sephirot da Árvore da Vida, da mesma forma que o são os Arcanjos, Anjos ou os Santos e Santas católicos. Como exemplo, o cristão associa Jesus a Tifareth, mas tanto o Deus Osíris, quanto o Deus Dionísio, também podem ser associados a essa sephirat que os resultados serão os mesmos. Isso abre espaço para as religiões pagãs politeístas, com seus respectivos Deuses e Deusas, o que, de certa forma, auxiliou no surgimento do Neo-Paganismo.
Por esses e outros motivos é que ortodoxos judeus, ortodoxos cristãos e a Igreja Católica consideraram a Cabala uma Arte Demoníaca, pois coloca em xeque o monopólio que uma minoria detinha sobre o conhecimento e sobre a fé do povo.
Nos próximos textos serão descritos com um pouco mais de detalhes os três Véus da Existência Negativa e as dez sephirot que formam a Árvore da Vida. Eu digo que será dada um pouco mais de informação, pois a Cabala é um estudo que leva uma vida inteira, ou melhor dizendo, várias vidas. É um tema inesgotável e, portanto, eu não tenho a pretensão de dizer que esses textos irão tratar do assunto por completo. Porém, para quem começa, espero que seja como um guia para apontar o caminho a ser trilhado por cada estudante individualmente.
Para perceberem como o tema é complexo, lembrem-se que todas essas páginas são apenas uma introdução!
Bibliografia:
1-) The Mystical Qabalah
Autora: Dion Fortune
2-) A Cabala Das Feiticeiras
Como podem perceber, o simples fato de colocar a situação sobre a Árvore da Vida, a fim de se iniciar o processo de estudo, já requer uma grande dose de intuição!
Mas como pode ser possível um esquema poder ser utilizado para se explicar tudo o que existe? Isso é simples. Basta lembrar que esse esquema foi montado para explicar as leis da Criação do Universo. Ora, tudo o que existe segue essas leis universais, pois tudo o que existe faz parte desse Universo, logo, de certa forma, tudo o que existe é uma espécie de Cosmos em miniatura, tal qual o ser humano. Assim sendo, o que vale para o Cosmos em geral, também vale para as suas partes constituintes, fazendo da Otz Chiim, e da Cabala, a chave universal para se decifrar os mistérios da criação. E é por isso que a Tradição insiste em afirmar que a Cabala foi “revelada” ao ser humano por Entidades Espirituais, pois tal conhecimento seria impossível de ser adquirido pelo ser humano sozinho.
Em resumo, a Árvore da Vida é formada por dez esferas, chamadas cada uma de Sephirat (o plural de Sephirat é Sephiroth). Cada Sephirat representa um estado da Criação, ou um aspecto do ser humano.
Como podem perceber pela Figura 1, o nome das sephirot, com os seus respectivos números, são:
Número ===== Nome ==== Nome em Português
1 ======= Kether ======== Coroa
2 ======= Chokmah ===== Sabedoria
3 ========= Binah ===== Entendimento
4 ======== Chesed ===== Misericórdia
5 ======== Geburah ===== Severidade
6 ======== Tifareth ======== Beleza
7 ======== Netzach ======= Vitória
8 ========== Hod ======== Glória
9 ========= Yesod ====== Fundação
10 ======== Malkuth ======= Reino
Como podem perceber, as sephirot estão divididas em três colunas verticais. A coluna da direita, formada pelas sephirot Chokmah, Chesed e Netzach.
A coluna da esquerda, formada por Binah, Geburah e Hod.
E a coluna do meio, formada por Kether, Tifareth, Yesod e Malkuth.
A coluna da direita representa forças com polaridade positiva, ou masculina. É conhecida como pilar da Misericórdia, ou como pilar da Força em Expansão, ou seja, da Força Pura.
A coluna da esquerda representa forças com polaridade negativa, ou feminina. Cada sephirat da coluna da direita é compensada por uma sephirat correspondente da coluna da esquerda, formando, dessa forma, pares de opostos complementares. A coluna da esquerda é chamada de coluna da Severidade. Também é conhecida como pilar da Constrição, ou seja, da Forma.
E a coluna do meio é a coluna do equilíbrio entre as colunas da direita e da esquerda. Cada par de opostos complementares se encontra equilibrado na sephirat correspondente da coluna do meio. Por isso tal coluna é chamada de Coluna do Equilíbrio. Também é conhecida como Pilar da Beleza, ou da Consciência.
Acima de Kether existem, conforme observa-se na figura 1, os três Véus da Existência Negativa, chamados respectivamente de AIN ( Não Existência ), AIN SOPH ( Infinito ) e
AIN SOPH AUR ( Luz Infinita ). Esses três Véus da Existência Negativa existiam antes da Criação, ou seja, existiam antes de que qualquer coisa viesse a existir, antes do tempo e do espaço, antes mesmo da existência do plano espiritual. Por isso que são véus, pois nos é completamente impossível sequer imaginar o que existe por detrás desses véus da Não Existência.
A primeira coisa a existir foi a sephirat Kether, sendo ela o ponto inicial da Criação. O Princípio Criador, o qual eu tomo a liberdade de chamar de o Grande Arquiteto do Universo, emanou a sephirat Kether dele mesmo. Dessa forma, Kether é uma emanação do G.A.D.U. Por sua vez, de Kether foi emanada Chokmah. De Chokmah foi emanada Binah. De Binah foi emanada Chesed. De Chesed foi emanada Geburah. De Geburah foi emanada Tifareth. De Tifareth foi emanada Netzach. De Netzach foi emanada Hod. De Hod foi emanada Yesod. E de Yesod foi emanada Malkuth. Antes de Kether ser emanada, não existia nada. Por isso que o G.A.D.U. também é chamado de o Incriado ou de o Não Criado, pois ele já existia antes de algo ser criado.
Percebe-se, dessa forma, que as sephirot foram emanadas numa espécie de zigue-zague. Sempre que uma sephirat da coluna da direita era emanada, imediatamente ela emanava a sephirat oposta complementar correspondente, restabelecendo o equilíbrio.
Dessa forma, podemos intuir que o Universo existe devido ao equilíbrio dos pares de opostos. E com isso, percebemos que uma sephirat, individualmente, não nos diz muita coisa. Para se entender uma sephirat, temos que considerar as demais sephirot que se relacionam com ela. Para se entender uma sephirat da coluna da direita, temos que levar em consideração a sephirat oposta complementar da coluna da esquerda, e vice-versa. E para entender uma sephirat da coluna do meio, temos que no mínimo considerar as sephirot de pares de opostos complementares que ela está equilibrando no pilar do equilíbrio.
Portanto, tudo o que existe é constituído por essas dez sephirot. Além disso, podemos perceber que as sephirot estão ligadas umas às outras por linhas, as quais chamamos de Caminhos. Cada Caminho liga duas sephirot uma à outra, e representa o estado de espírito, ou a qualidade, necessário para se passar de uma sephirat à outra. Existem 22 Caminhos, e cada Caminho é relacionado a uma das 22 letras do alfabeto hebraico. Da mesma forma, cada Caminho também é associado a um dos 22 Arcanos Maiores do Tarot.
Os Quatro Mundos
Os cabalistas também consideram que o Cosmos pode ser subdividido em quatro mundos. Tais mundos não são mundos separados uns dos outros, mas eles coexistem simultaneamente e se interpenetram. Seria como se cada mundo possuísse uma faixa de frequências característica, sendo que todas essas frequências estariam vibrando simultaneamente. Outra forma de se encarar é considerar que cada mundo possua um tipo de energia própria, sendo que todas esses tipos de energia se misturam para que o Cosmos possa se manifestar.
Dessa forma, tudo o que existe no Universo existe simultaneamente nesses quatro mundos, mesmo que nós não tenhamos consciência disso. Assim sendo, cada sephirat se manifesta simultaneamente em cada um deles e, portanto, a Árvore da Vida se reflete nesses quatro mundos, que são:
a-) Atziluth, também chamado Mundo dos Arquétipos, Mundo das Emanações ou Mundo Divino.
Nesse mundo as sephirot se apresentam como os Dez Nomes Divinos, conforme a tabela abaixo:
Sephirat ====== Nome Divino
Kether ======== Eheieh
Chokmah ====== Jehovah
Binah ======== Jehovah Elohim
Chesed ======= El
Geburah ====== Elohim Gibor
Tifareth ======= Jehovah Eloah Va Daath
Netzach ======= Jehovah Tzabaoth
Hod ========== Elohim Tzabaoth
Yesod ======== Shaddai El Chai
Malkuth ======= Adonai Ha Aretz
O G.A.D.U. manifestou, nesse mundo, dez de suas características, cada qual representada por um de seus dez Nomes Divinos. Dessa forma, todo o Cosmos foi criado a partir dessas dez características principais do Princípio Criador.
b-) Briah, também chamado Mundo da Criação ou Khorsia, o Mundo dos Tronos.
Nesse mundo, cada sephirat se apresenta como um dos dez Arcanjos principais, conforme tabela abaixo:
Sephirat === Arcanjo
Kether ===== Metatron
Chokmah === Ratziel
Binah ====== Tzaphkiel
Chesed ==== Tzadkiel
Geburah ==== Khamael
Tifareth ===== Raphael
Netzach ===== Haniel
Hod ======== Michael
Yesod ====== Gabriel
Malkuth ===== Sandalphon
Na realidade, não foi o Grande Arquiteto do Universo quem fez o Cosmos. O G.A.D.U., como o seu próprio nome indica, foi o arquiteto que planejou o Cosmos. Tal planejamento foi colocado em Atziluth, como as dez características principais que deveriam reger todo o Universo.
Cabe aos dez Arcanjos de Briah ler esse projeto e definir uma linha de ação, decidindo o que deve ser feito para concretizar o que foi projetado pelo Princípio Criador. Dessa forma são os dez Arcanjos de Briah quem decidem como proceder para que o Cosmos projetado pelo G.A.D.U. possa se manifestar.
c-) Yetzirah, também chamado Mundo da Formação ou Mundo Angélico.
Nesse mundo, cada sephirat se apresenta como um conjunto de seres denominados de anjos. Dessa forma, cada sephirat é representada por uma Hoste de Anjos, conforme a tabela abaixo:
Sephirat === Hoste de Anjos
Kether ===== Chaioth Ha Qadesh
Chokmah === Auphanim
Binah ====== Aralim
Chesed ==== Chasmalim
Geburah === Seraphim
Tifareth ==== Malachim
Netzach ==== Elohim
Hod ======= Beni Elohim
Yesod ====== Aishim
Malkuth ===== Kerubim
São estas Hostes de Anjos que de fato são as responsáveis por agirem na criação e na manutenção do Cosmos. Dessa forma, na Criação, o G.A.D.U. projetou, os Arcanjos decidiram que atitudes deveriam ser tomadas para colocar em prática o projeto do Princípio Criador, e os Coros Angélicos executaram o projeto sob as ordens e orientação dos respectivos Arcanjos.
Fazendo uma comparação com as forças armadas, o G.A.D.U. seria o rei que planeja a criação de dez exércitos em Atziluth. Em Briah, cada um dos dez exércitos é deixado a cargo de um general, ou Arcanjo, que por sua vez comanda, em Yetzirah, a respectiva Hoste de Anjos, que são os soldados que formam o exército propriamente dito.
d-) Assiah, também chamado Mundo da Ação, ou Mundo da Matéria
Esse mundo é a Criação propriamente dita. É o resultado de todo o trabalho, ou seja, é o Universo, é o mundo manifestado na matéria. Esse mundo não é formado apenas pela matéria. Ele é formado também por parte do plano astral, que é a essência do plano material. Nesse mundo, as sephirat são representadas pelas influências estrelares, planetárias e elementares, conforme a tabela abaixo:
Sephirat === Influência Correspondente
Kether ===== Luz Primordial, Radiação de Fundo, Big Bang
Chokmah === A Esfera do Zodíaco
Binah ====== Saturno
Chesed ==== Júpiter
Geburah ==== Marte
Tifareth ===== Sol
Netzach ===== Vênus
Hod ======= Mercúrio
Yesod ====== Lua
Malkuth ===== Os Quatro Elementos
Outra Forma de se Considerarem os Quatro Mundos
Embora todas as sephirot se manifestem em todos os quatro mundos, uma outra forma de se tentar entender e representar esses mundos seria escolher grupos de sephirot que melhor descreveriam esses mundos. Dessa forma, o mundo de Atziluth é mais bem descrito pelas sephirot Kether, Chokmah e Binah, que formam a chamada Trindade Superior.
O mundo de Briah é melhor representado pelas sephirot Chesed, Geburah e Tifareth, formando um triângulo que é considerado o reflexo da Trindade Superior.
Já o mundo de Yetzirah é representado pelas sephirot Netzach, Hod e Yesod, formando o triângulo imediatamente acima de Malkuth.
E por fim, o mundo de Assiah é representado pela sephirat Malkuth sozinha. Considera-se que as influências de todas as outras nove sephirot deságuam em Malkuth.
Conclusões Finais
Podemos concluir algumas coisas disso tudo. Em primeiro lugar, Kether foi emanada do G.A.D.U., e foi Kether o ponto inicial da criação. Em Kether existiam todas as outras nove sephirot em potencial, que foram se manifestando uma a uma, até chegar em Malkhut.
Dessa forma, em última instância, tudo o que existe emanou diretamente do Grande Arquiteto do Universo e, portanto, tudo o que existe é uma manifestação do G.A.D.U. Dessa forma, o Princípio Criador é imanente, está em tudo, sendo que tudo é a manifestação do Incriado, desde o ser humano ao mais vil dos vírus, desde as estrelas até um grão de areia. Se o G.A.D.U. está em tudo, inclusive em nós mesmos, nós não precisamos de Igrejas, padres ou Papas como intermediários entre nós e a Divindade. Cada um pode encontrá-la por si próprio.
Além disso, vemos que não foi o G.A.D.U. sozinho que criou o Cosmos. Apesar de tudo ser uma manifestação dele, ele contou com a ajuda de outros seres divinos, chamados pelos cabalistas de Arcanjos e Anjos. Porém, considerando-se os vários panteões pagãos, os Deuses e Deusas desses panteões podem ser relacionados com as sephirot da Árvore da Vida, da mesma forma que o são os Arcanjos, Anjos ou os Santos e Santas católicos. Como exemplo, o cristão associa Jesus a Tifareth, mas tanto o Deus Osíris, quanto o Deus Dionísio, também podem ser associados a essa sephirat que os resultados serão os mesmos. Isso abre espaço para as religiões pagãs politeístas, com seus respectivos Deuses e Deusas, o que, de certa forma, auxiliou no surgimento do Neo-Paganismo.
Por esses e outros motivos é que ortodoxos judeus, ortodoxos cristãos e a Igreja Católica consideraram a Cabala uma Arte Demoníaca, pois coloca em xeque o monopólio que uma minoria detinha sobre o conhecimento e sobre a fé do povo.
Nos próximos textos serão descritos com um pouco mais de detalhes os três Véus da Existência Negativa e as dez sephirot que formam a Árvore da Vida. Eu digo que será dada um pouco mais de informação, pois a Cabala é um estudo que leva uma vida inteira, ou melhor dizendo, várias vidas. É um tema inesgotável e, portanto, eu não tenho a pretensão de dizer que esses textos irão tratar do assunto por completo. Porém, para quem começa, espero que seja como um guia para apontar o caminho a ser trilhado por cada estudante individualmente.
Para perceberem como o tema é complexo, lembrem-se que todas essas páginas são apenas uma introdução!
Bibliografia:
1-) The Mystical Qabalah
Autora: Dion Fortune
2-) A Cabala Das Feiticeiras
Autora: Ellen Cannon Reed
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