quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Minha Opinião sobre Chokmah

Características

Nome: Chokmah, que significa Sabedoria.

Representação Ocultista Tradicional:
Um homem de barbas.

No livro Sepher Yetzirah, é descrita pelo seguinte texto:
“O Segundo Caminho é chamado de a Inteligência Iluminadora. É a Coroa da Criação, o Esplendor da Unidade, igualando-a. É exaltada acima de tudo, e é chamada pelos Cabalistas de a Segunda Glória”

Títulos dados a Chokmah:
Poder de Yetzirah.
Ah.
Abba.
O Pai Celestial.
Tetragramaton.
Yod do Tetragramaton.

Nome Divino: Jehovah

Arcanjo: Ratziel

Coro Angélico: Auphanim

Energia Mundana: O Zodíaco.

Experiência Espiritual: A visão da Divindade face a face.

Quando em equilíbrio, suas forças manifestam as seguintes Virtudes:
Devoção.

Quando desequilibradas, suas forças manifestam os seguintes Vícios: -

Correspondências no Ser Humano:
A Face esquerda do rosto.

Símbolos:
O Lingam.
O Falo.
O Yod do Tetragramaton.
A Túnica Interior de Glória.
A Pedra de Base.
A Torre.
O Bastão de Poder.
A Linha Reta.

Cartas do Tarot: Os Quatro Dois
a-) Dois de Paus
Domínio.

b-) Dois de Copas
Amor.

c-) Dois de Espadas
Paz Restaurada.

d-) Dois de Ouros
Mudanças Harmônicas.

Descrição

Chokmah é a segunda sephirat. É um estado de existência que passou a existir logo após Kether, a primeira sephirat.
Em Kether nós temos a Unidade Primordial. Nela não há movimento, tudo é estático, pois lá as coisas simplesmente são. Para que o Cosmos pudesse se manifestar da forma que conhecemos, a Unidade Primordial teve que se dividir, pois o Um não pode interagir com nada, pois não havia nada além do Um. Dessa forma Kether deu origem a um par de opostos, surgindo assim a Dualidade. Havendo um par de opostos, tais opostos podiam interagir um com o outro, surgindo a ação e a manifestação de tudo o que conhecemos, pois tudo no Cosmos é o resultado da interação entre forças antagônicas e complementares.
Surgiram assim Chokmah, a segunda sephirat, de onde emanou Binah, a terceira sephirat, formando essas duas o par de opostos original, o qual originou todo o Universo. Apesar de serem antagônicas, ambas possuem a mesma essência, pois Binah e Chokmah representam os polos opostos da mesma essência emanada por Kether, onde ambas existiam sem dualidade.
Porém, ambas não surgiram simultaneamente. Se algo está em equilíbrio, esse estado não irá mudar nunca, permanecendo estático. Para que esse sistema em equilíbrio se modifique e evolua, é necessário causar um desequilíbrio inicial entre suas partes constitutivas. Dessa forma, com suas forças desequilibradas, esse estado inicial se modifica, suas partes se movimentam e se rearranjam, até atingirem uma nova configuração que irá restabelecer o equilíbrio entre todas as forças que o constituem. Mas nesse novo estado de equilíbrio o sistema não mais será como o sistema original. Será um novo sistema, um outro sistema, diferente do sistema original. E assim foi com o Cosmos.
De Kether emanou Chokmah, a Força em Expansão. Chokmah é Força desprovida de forma, é pura energia expansiva sem nada para contê-la. Chokmah foi o impulso inicial na formação cósmica, foi o “Fiat Lux” que tirou o Universo do equilíbrio estático original caracterizado por Kether. Chokmah representa a Vontade Divina querendo se manifestar. Se Kether pode ser representada pelo ponto, Chokmah pode ser representado pela linha reta, que é o ponto expandindo-se ao infinito, sem nada para contê-lo.
Porém no estado de Chokmah, sozinho, nada pode se manifestar, pois apesar da segunda sephirat representar a Dualidade, ela sozinha representa Força em desequilíbrio, que é justamente o que causa o impulso inicial propulsor das mudanças.
Esse estado de desequilíbrio só parou quando de Chokmah foi emanada Binah, a terceira sephirat, o oposto de Chokmah, a forma que iria conter a Expansão Infinita de Chokmah e trazer o equilíbrio novamente ao Cosmos que estava para se manifestar na forma que conhecemos.
Chokmah representa o princípio dinâmico do Universo, sendo o precursor de todas as mudanças. Na Árvore da Vida encabeça a Coluna da Direita, representando a polaridade positiva, ou masculina, de todas as Forças existentes no Cosmos. Porém Chokmah sozinha não tem como se manifestar, pois ela é Pura Atividade e Força elevadas ao Infinito, completamente sem forma, sendo que dessa maneira não há como se construir nada, pois mal uma formação começa a surgir ela já se desfez, pois é isso que Chokmah representa. É uma eterna mudança sempre em atividade. A manifestação só foi possível com a emanação de Binah, o oposto de Chokmah, que representa o princípio Negativo, ou Feminino, do Cosmos. E Expansão Infinita de Chokmah fecunda a Cosntrição Infinita de Binah. A forma inerte de Binah é vivificada pela Energia sem forma de Chokmah, o que faz com que o Universo se manifeste. Assim sendo, da mesma forma que Kether, Chokmah é responsável pela criação e existência do Cosmos, mas não está contida no mesmo, pois representa o Princípio Positivo e Fecundante ao Infinito, e portanto é transcendente. É o conceito mais puro e abstrato de força sem forma que nós podemos ter.
Chokmah é quem fecunda, é ativo, representa atividade, representa o ato de fecundar, representa o Pai Divino. É o pênis ereto adorado pelas bacantes, é o vinho que preenche o cálice sagrado, é o Musphell da mitologia nórdica, o fogo eterno e sempre em expansão que originou o Cosmos.
Chokmah também representa o princípio divino e espiritual que se infunde em toda a matéria, vivificando-a. Da mesma forma que Chokmah não pode se manifestar sem ser contido por Binah, a nossa alma não pode se manifestar sem ser contida por um corpo. E da mesma forma que Binah é inerte sem ser fecundada por Chokmah, o mundo material não existiria se não fosse infundido pela energia e força do mundo espiritual.
A segunda sephirat também representa a luz de nossa Centelha Divina, que nos inspira e orienta. Chokmah também representa a Inspiração Divina, a Luz Divina que nos insita à ação.
Chokmah é a Luz Divina pura, impossível de ser contatada diretamente por um mortal comum, pois se isso acontecesse a sua energia infinita nos desintegraria. Isso é ilustrado pela mitologia greco-romana, quando Semele, uma mulher mortal, tem um caso com o Deus Zeus que a engravida. A Deusa Hera, esposa de Zeus, fica com ciúmes de Semele e a convence de que ela deveria ver Zeus em sua forma original e divina. Dessa forma, quando Semele vislumbra Zeus em sua forma original, a Luz é tão grande que Semele é imediatamente fulminada e queimada pelo fogo divino emanado do Deus. Zeus não consegue salvar a amante, mas consegue salvar o seu filho, o Deus Dionísio, que estava ainda no ventre de Semele. Esse mesmo fato também é ilustrado pela mitologia judaico-cristã, quando Jehovah disse a Moisés: “Não podes olhar a minha face diretamente e sobreviver”.
Isso significa que a Luz Divina é tão forte e intensa, e nós somos tão frágeis e limitados, que em nosso estágio atual de evolução essa Luz tem que nos chegar através de intermediários, ou seja, ela tem que ser convertida e traduzida de uma forma que nós possamos suportar e entender. Esse intermediário seria representado pelo Filho, que na Cabala é a sephirat Tipharet, a sexta sephirat. Na mitologia greco-romana e nos Mistérios Órficos esse intermediário é representado pelo Deus Dionísio, filho de Zeus e responsável por proporcionar a Iluminação aos seus adoradores através do êxtase divino. E na mitologia cristã esse intermediário é representado pelo Cristo, filho de Jehovah.
Em relação à magia, sempre que operamos com forças dinâmicas estamos lidando com o Pilar da Direita, que por sua vez obtém a sua energia de Chokmah.
Em nosso dia a dia, sempre que somos estimulados e inspirados, estamos sofrendo a ação de Chokmah, ou seja, o que nos inspira e estimula está agindo sobre nós com a energia de Chokmah. Por outro lado, sempre que somos pró-ativos, agimos com liderança ou estimulamos alguém, nós estamos manifestando Chokmah através de nossas ações.

Bibliografia:

1-) The Mystical Qabalah
Autora: Dion Fortune

domingo, 27 de setembro de 2009

Minha Opinião Sobre Kether

Características

Nome: Kether, que significa a Coroa.

Representação Ocultista Tradicional:
Um Rei barbudo, de idade avançada, com barbas brancas e visto de lado.

No livro Sepher Yetzirah, é descrita pelo seguinte texto:
“O Primeiro Caminho é chamado de o Admirável, ou de Inteligência Oculta, porque é a Luz que dá o poder de se compreender o Princípio Primeiro, o qual não possui um começo. E ela é a Glória Primordial, pois nenhum ser criado pode atingir a sua essência.”

Títulos dados a Kether:
Existência das Existências.
Oculto dos Ocultos.
Patriarca dos Patriarcas.
O Antigo dos Dias.
O Ponto Primordial.
O Centro do Círculo.
O Altíssimo.
O Grande Semblante.
Cabeça Branca.
A Cabeça que Não É.
Macroprosopos.
Amen.
Lux Occulta.
Lux Interna.
Ele.

Nome Divino: Eheieh

Arcanjo: Metatron

Coro Angélico: Chaioth ha Qadesh

Energia Mundana: Luz Primordial, Radiação de Fundo, Big Bang.

Experiência Espiritual: União com a Divindade.

Quando em equilíbrio, suas forças manifestam as seguintes Virtudes:
Realização.
Execução da Grande Obra.

Quando desequilibradas, suas forças manifestam os seguintes Vícios:
-

Correspondências no Ser Humano:
O Crânio.
A Centelha Divina.

Símbolos:
O Ponto.
A Coroa.
A Swastika.

Cartas do Tarot: Os Quatro Ases
a-) Ás de Paus
Fonte dos Poderes do Fogo.

b-) Ás de Copas
Fonte dos Poderes da Água.

c-) Ás de Espadas
Fonte dos Poderes do Ar.

d-) Ás de Ouros
Fonte dos Poderes da Terra.

Descrição

Kether foi a primeira coisa a se manifestar. Ela é a fronteira entre a manifestação e a Não Existência. Kether é a Unidade, pois tudo já existia em potencial nesse estado. Lembrem-se que cada sephirat é um Estado de Manifestação, e não um lugar. No estado de Kether ainda não existe tempo ou espaço, mas já existe a Alma de tudo que já se manifestou, está se manifestando e irá se manifestar no futuro. Em Kether não existe dualidade, pois tudo é Unidade. Dessa forma, também não existe atividade. É um estado de existência impossível para nós compreendermos completamente, pois está apenas a um passo da Não Existência. É um estado onde as coisas simplesmente “São”, e mais nada. Kether não é nem Luz e nem Escuridão, pois ambas ainda são uma única coisa em Kether, onde tudo é Unidade e onde não existe Dualidade. É a essência, sem forma ou movimento, sem atividade alguma, pois não há como ter atividade se tudo é Unidade. É o ponto mais alto onde a nossa mente abstrata pode alcançar. Kether é a primeira coisa que podemos conceber como diferente da Não Existência. Por isso, em relação ao ser humano, Kether é a Centelha Divina, ou seja, é a nossa Alma.
É representada como um rei em perfil, pois somente uma de suas faces é visível para nós, sendo a outra face eternamente oculta. É assim, pois Kether é a manifestação do que está por detrás dos Véus da Existência Negativa e, portanto, é a interface entre o Incriado e a Criação. Em Kether é onde ocorre a transformação daquilo que vem da Existência Negativa em algo que existe. Dessa forma, a parte de Kether voltada para os Véus da Não Existência é impossível de vermos. Só temos acesso à face que está voltada para o mundo manifesto, que é até onde podemos chegar.
É considerado um Rei, pois tudo foi gerado a partir de Kether, conforme as suas determinações. O Universo é de acordo com o que está escrito em Kether, que é a Fonte Unitária de tudo o que existe. As coisas só existem porque assim foi determinado nessa sephirat. Convém aqui salientar que o Universo não é a manifestação de Kether, e sim é uma consequência do que foi feito nesta sephirat. Por isso que ela também está representada pela coroa, pois embora seja a base da manifestação, não está contida nela, pois está acima e além dela.
Em Kether existem infinitas manifestações em potencial. Nesse estado não apenas existe o nosso Universo em potencial, mas também existem infinitas outras possibilidades de Universos que não estão se manifestando. Passado, presente e futuro, com todas as suas infinitas possibilidades de ação, existem simultaneamente. Por isso Kether é a Unidade. É o rei, pois é em Kether onde é determinado quais desses Universos e possibilidades irão se manifestar.
Dessa forma, somente uma parte da energia de Kether se manifesta, decorrente das atividades que nela ocorrem, atividades essas que não temos condições de entender, pois nessa sephirat não existe atividade tal qual a concebemos, pois as coisas simplesmente “São”. É a essência de tudo. Tudo o que existe é uma parte de Kether que se manifesta, mas não é Kether, pois essa sephirat também é muito mais do que tudo o que existe. Dessa forma, ela é imanente e transcendente.
De todos os mitos, Kether é o que dá origem ao Universo. Na mitologia cristã, corresponde ao Deus Cristão. Na mitologia nórdica, corresponde ao Gnnugagap, que é o Abismo Primordial de onde tudo surgiu. Na mitologia grega, corresponde ao Deus Caos, que deu origem a Criação. Na mitologia egípcia, corresponde ao Deus Nun, um Deus hermafrodita de onde surgiu o Deus Rá. Na mitologia da Suméria, corresponde à Deusa Nammu, o Oceano Primordial que deu início à Criação. Enfim, Kether corresponde às Divindades Primordiais que originaram o Cosmos, que existiam antes de qualquer outra coisa e que, de uma forma ou de outra, originaram os demais Deuses e tudo o que existe no Cosmos. Enfim, Kether é o ponto inicial.
No ser humano Kether representa a Centelha Divina, ou seja, a nossa alma. Dessa forma, a nossa alma é quem deu origem à nossa existência na Terra, ela é a nossa essência, mas não está contida em nosso corpo. Nós somos a manifestação de apenas uma parte dela, e não de sua totalidade. Nós somos apenas uma das infinitas possibilidades de manifestação de nossa alma e, portanto, apenas uma parte de sua energia infunde o nosso corpo. Assim como nossa alma infunde o nosso corpo, ela ao mesmo tempo nos transcende, pois todas as nossa personalidades de nossas vidas passadas, nossa personalidade atual e todas as nossas personalidades de nossas vidas futuras, com suas infinitas possibilidades, coexistem em nossa Centelha Divina, pois para a alma não há tempo ou espaço. Nós somos apenas uma das infinitas possibilidades de manifestação de nossa alma.
E para finalizar, a sensação de quem consegue se harmonizar com a energia de Kether é um sentimento de eternidade e imortalidade.
Antes de terminar esse texto, vale ressaltar que essas informações não são apenas baseadas em textos e livros que eu li, mas também são baseadas em conclusões às quais eu mesmo cheguei decorrentes de experiências pessoais, práticas de meditação e harmonização, além de muita reflexão aliada às minhas crenças pessoais.
Dessa forma não pretendo que considerem esses textos como algo dogmático e fechado. Ao contrário, a minha intenção é simplesmente compartilhar com vocês as minhas conclusões decorrentes de minha experiência, ao invés de guardá-las para mim mesmo. O objetivo é fazer com que essas informações sejam o ponto de partida para que cada um siga o seu próprio caminho e tire as suas próprias conclusões baseadas em suas próprias crenças e experiências. Afinal de contas, a verdade só passa a ser Verdade quando é sentida e vivenciada pelo coração.

Bibliografia:

1-) The Mystical Qabalah
Autora: Dion Fortune

2-) A Cabala Das Feiticeiras
Autora: Ellen Cannon Reed

Os Véus da Existência Negativa

Os três Véus da Existência Negativa demarcam, na Cabala, uma fronteira entre a Existência e a Não Existência. Antes de Kether, nada existia, e esses véus são justamente a fronteira entre a Criação e o Nada existente antes da Criação. Porém lembre-se que a Cabala é baseada em símbolos e, portanto, não podemos levar todos os termos de forma literal. Por trás dos véus está o Absoluto, e dizer que por trás dos véus não existe nada, significa dizer que as qualidades do Absoluto são tão elevadas que é impossível para nós imaginá-las ou entendê-las. A essência do G.A.D.U. é tão transcendente que para nosso intelecto é como se não existisse, pois é completamente diferente de qualquer coisa que a nossa mente possa conceber.
Porém, para entender a Criação, a Cabala tem que ter um ponto de partida, e como o Absoluto é impossível para nós alcançarmos com o intelecto, temos que partir do primeiro ponto da Manifestação que nos é possível chegar através da mente racional, e esse ponto é Kether. Essa sephirat é o que de mais transcendente a nossa mente pode compreender ou imaginar. Além de Kether é o Nada, pois nossa mente não consegue ir mais além. E esse limite mental é simbolizado pelos Véus da Existência Negativa. Embora não saibamos absolutamente nada sobre a natureza do que está por detrás desses véus, podemos intuir suas qualidades analisando as sephirot, pois a Árvore da Vida nada mais é do que a manifestação daquilo que está por detrás dos Véus. Um fluxo de energia constantemente atravessa os Véus em direção a Kether, mantendo o Universo em movimento. Logo, tudo o que ocorre no Cosmos é o resultado desse fluxo, que ao atravessar os véus se manifesta pela primeira vez em Kether. Dessa forma, tudo o que existe é consequência do que ocorre por detrás dos Véus da Existência Negativa, e analisando as consequências, podemos tirar algumas conclusões sobre as leis que regem a origem das mesmas, embora não possamos saber absolutamente nada sobre a natureza daquilo que originou tais leis.
Embora Kether seja o ponto máximo que podemos chegar com o intelecto, esse limite não é estático. Não podemos ir além desse ponto com a nossa mente racional, portanto, para ir além dos Véus da Existência Negativa, temos que deixar nossa mente intelectual para trás e voarmos mais alto. Tentar entender o Princípio Criador com a mente racional seria o mesmo que tentar ouvir música com os olhos ou tentar ver um quadro com os ouvidos. Temos que nos valer dos sentidos certos para isso.
Somente através da meditação e da harmonização cósmica é que podemos ter vislumbres do que se passa na Existência Negativa, pois dessa forma a informação é transmitida para nossa mente consciente através de nosso Eu Interior, e para quem está acostumado a esse tipo de “contato”, sabe que essa informação nos vem como uma “certeza” sem, porém, entendermos “porque” e nem “como”. Nós simplesmente sabemos que é, mas não conseguimos entender o fato de forma racional. Porém, como a evolução é a base do Cosmos, essa certeza intuitiva fica como uma semente em nossa mente, e com o passar do tempo, como resultado de meditações e reflexões constantes, nossa mente racional chega a uma teoria que explique essa verdade, e daí nós passamos também a entendê-la. Nesse momento, os véus são deslocados para trás, e o que antes fazia parte da Existência Negativa, para nós passa a fazer parte de Kether.
Outra coisa que vale a pena salientar, é que a posição dos véus da Existência Negativa também varia de indivíduo para indivíduo, pois depende da evolução espiritual e do nível de conhecimento e instrução de cada um. Porém, independentemente da espiritualidade, do desenvolvimento intelectual e do máximo de pensamento abstrato que a mente da pessoa possa atingir, todos possuem uma Kether como o ponto de origem da Criação, além do qual não conseguem compreender. O mais importante, porém, é saber que essa fronteira não é estática, e ao invés de se conformar com essa limitação de forma dogmática, passiva e conformista, temos que trabalhar para que esses véus sejam cada vez mais deslocados para trás, para que possamos entender amanhã o que hoje nós não temos a capacidade de compreender! E temos que ter em mente que a cada descoberta, novas dúvidas a respeito da mesma irão nos surgir, de forma que embora os véus possam ser deslocados para trás, eles jamais irão deixar de existir. Afinal de contas, só o ignorante acha que já sabe tudo e não tem mais nada para aprender!
E a Árvore da Vida é uma ferramenta que a Cabala nos fornece para chegarmos a esse fim, pois através de seu entendimento, nós entenderemos como o Princípio Criador se manifesta, e dessa forma, poderemos ter “vislumbres” sobre o que existe por detrás dos Véus da Existência Negativa.
Embora não saibamos nada a respeito do que existe por detrás dos véus, podemos intuir alguma coisa, e a cabala nos fornece símbolos para tentar nos passar alguma intuição a respeito.
Dessa forma, o primeiro véu seria AIN, ou seja, a Não Existência. Isso indica que o estado primordial é algo completamente fora de nossa capacidade mental de entendimento. É algo tão diferente que é como se não existisse.
O segundo véu é AIN SOPH, ou seja, o Ilimitado, o Infinito. Também é um estado que não podemos compreender, mas podemos intuir que é uma etapa a mais no caminho da manifestação. Agora, o Nada dá espaço ao Ilimitado, ou seja, é alguma coisa que ocorre e que será o pano de fundo, ou substrato, da Criação. Ainda não é o tempo, não é o espaço e nem a alma, mas é algo que é Infinito.
O terceiro véu é o AIN SOPH AUR, ou Luz Infinita. Essa Luz Infinita não é a luz que conhecemos, como também não é nada parecido com ela. É apenas uma forma de dizer que nessa nova etapa, o substrato da Criação é preenchido com algo sem forma que a tudo preenche, porém ainda não há tempo, espaço, luz, energia ou alma. Logo, essa Luz Ilimitada ainda não é a manifestação, ainda é algo que não conseguimos nem sequer imaginar o que seja. Só foi dado o nome de Luz para simbolizar que o “algo” que existia antes foi preenchido por “alguma coisa” que passou a existir depois. Diz-se que a Luz Ilimitada é o “círculo cujo centro está em todo lugar e cuja circunferência está em lugar algum”.
E é desse “algo” da Existência Negativa que emana Kether, a primeira coisa a existir de fato, dando origem à Criação.

Bibliografia:

1-) The Mystical Qabalah
Autora: Dion Fortune

2-) A Cabala Das Feiticeiras
Autora: Ellen Cannon Reed

Minha Opinião Sobre a Cabala

O que é Cabala? Essa pergunta já é algo dificílimo de se responder, pois a Cabala é um corpo vivo, constantemente se modificando, sendo que a cada geração de estudiosos, mais e mais conhecimentos vão sendo adicionados ao que nós chamamos de Cabala. A Cabala de hoje em dia não é a mesma da época de Salomão, que por sua vez também não é a mesma da Idade Média, e com certeza, não será a mesma de amanhã.
Além dessa modificação em relação às épocas, ela também é passível de interpretação pessoal, adaptando-se às crenças de cada um. Dessa forma, a Cabala sob a ótica de um Pagão é diferente da Cabala vista sob a ótica de um Judeu, que por sua vez também será diferente da Cabala vista sob a ótica de um Cristão. Porém, o mais impressionante disso tudo, é que ela se adapta perfeitamente a todas essas crenças, por mais diferentes que elas possam parecer. E mais que isso, independentemente do enfoque pessoal de cada um, a essência do ensinamento cabalistico permanece a mesma, transmitindo, no final, a mesma verdade.
Se colocarmos nossa religião sob o enfoque cabalístico, não importa se somos monoteístas ou politeístas, com o avançar dos estudos a Cabala irá nos demonstrar que, em essência, todas as religiões falam a mesma coisa, pois através da Cabala, elas irão ser destrinchadas e analisadas, tudo o que não for essencial será descartado e, ao final, a Cabala irá nos mostrar o mesmo resultado!
Mágica ? Não, não é mágica. É conhecimento!
Dessa forma, a primeira e mais importante informação sobre a Cabala é: Cabala não é religião.
E mais que isso: Cabala não está, necessariamente, associada a religião alguma.
Dessa forma, ninguém precisa ser convertido ao judaísmo para estudar Cabala!
Por outro lado, a Cabala também não é um conjunto de conhecimentos que possamos aprender lendo livros e artigos sobre a mesma. Se alguém espera aprender as verdades cósmicas simplesmente lendo livros de Cabala, como se estivesse lendo um jornal ou um livro técnico, não perca o seu tempo! Com certeza, nada de útil vai resultar dessas leituras todas, pois a Cabala não trabalha somente com o intelecto!
Para início de conversa, a linguagem da Cabala não é a linguagem com a qual estamos acostumados a nos comunicar. Nada em Cabala será dito diretamente, pois as Verdades que ela pretende revelar não podem ser comunicadas diretamente, pois estão além de nossa capacidade racional. Dessa forma, a Cabala se comunica através de símbolos. Toda a Cabala se comunica em linguagem simbólica, pois o objetivo da Cabala é despertar o nosso subconsciente para determinadas verdades cósmicas, que serão passadas à nossa mente consciente através da intuição. Nada do que foi escrito sobre Cabala é literal, pois tudo nela é simbólico. Além da leitura, a meditação e a reflexão são essenciais para se entender o que a Cabala pretende nos mostrar!
A Cabala, portanto, não passa de uma ferramenta, projetada para nos guiar em nossa busca das Verdades Cósmicas. A Cabala não irá nos dizer nada. Ao contrário, ela irá despertar o nosso subconsciente, de forma que o nosso Eu Interior nos transmita determinadas leis cósmicas através da intuição. Em outras palavras, a Cabala é a chave que nos faz achar, dentro de nós mesmos, as verdades divinas. Por isso aquele que só ler e raciocinar intelectualmente sobre a Cabala, sem o apoio da meditação e da reflexão, não irá achar muita coisa, pois estará procurando fora de si mesmo um conhecimento que só poderá encontrar através de seu Eu Interior. Afinal de contas, a Cabala é um instrumento feito para se comunicar com o nosso subconsciente, visando nos possibilitar abrir portas que a nossa mente consciente jamais imaginou que existissem!

Origem da Cabala

A origem da Cabala permanece um mistério, existindo várias lendas a respeito de sua origem. De acordo com uma delas, a Cabala foi “revelada” aos patriarcas de Israel por Arcanjos, os quais queriam proporcionar à Humanidade uma ferramenta capaz de ajudar o ser humano a entender os Mistérios da Criação. Tal ferramenta seria formada por conhecimentos que ajudariam o ser humano a entender o pensamento divino. Seria a chave para ajudar a espécie humana a entender tanto o Macrocosmos ( Universo ) quanto o Microcosmos ( o ser humano ).
Já outra lenda diz que a Cabala foi “revelada” a Moisés no monte Sinai, junto com os Dez Mandamentos. É baseado nessa lenda que alguns autores argumentam, que como Moisés fora criado como um príncipe egipcio, muito provavelmente a Cabala venha a conter, em seus ensinamentos, parte do que as Escolas de Mistérios Egípcias ensinavam.
Já alguns autores comentam que o templo do Rei Salomão fora construído de tal forma que, oculto em sua arquitetura, estariam os conhecimentos da Cabala.
Cabala vem da palavra hebraica QBLH, que significa ''recepção”. Até a idade média, a Cabala era uma Tradição Oral, ou seja, o conhecimento não era escrito, e sim transmitido oralmente do mestre ao discípulo.
O primeiro texto cabalístico que se conhece é o “Sepher Yetzirah”, ou Livro da Criação, surgido por volta do século VI DC, onde se diz que todo o Universo é uma emanação de Deus.
Outro trabalho importante é o Zohar ("Esplendor"). Trata-se de um comentário esotérico e místico sobre o Torah, surgido no século XII DC.
Pode-se considerar a Cabala como base da Tradição Esotérica Ocidental. Tanto a Maçonaria quanto o Rosacrucianismo foram grandemente influenciados pela Cabala. Os Ritos Maçônicos, assim como seus templos, possuem vários elementos cabalísticos ocultos entre os seus elementos, assim como o era o Templo do Rei Salomão. A Cabala Prática atingiu seu auge de desenvolvimento no final do séc. XIX e início do séc. XX, através da Hermetic Order of Golden Dawn, cujos Rituais de Magia Cerimonial foram desenvolvidos baseados na Cabala.
Assim como a Golden Dawn, outras ordens famosas de magia também são fundamentadas na Cabala, como a Astrum Argentum e a ordem thelemica de magia O.T.O. ( Ordo Templi Orientis ). O próprio Alex Crowley, que difundiu a Lei de Thelema no séc. XX, foi fortemente influenciado pela Cabala.
A Cabala também influenciou o Neo-Paganismo, sendo que várias religiões pagãs que surgiram no séc. XX adotaram a Cabala em suas práticas. Uma delas é a tradição de Bruxaria conhecida como Wicca Alexandrina, cuja Cabala faz parte de seus ensinamentos e de seus rituais.
Ordens que difundem o misticismo cristão, como a T.O.M. ( Tradicional Ordem Martinista ), também possuem os seus conhecimentos e Ritos baseados na Cabala.
Da Maçonaria a Thelema, do Misticismo Cristão à Bruxaria, todas essas Tradições Esotéricas Ocidentais, aparentemente tão diferentes entre si, possuem a Cabala como ponto em comum! Afinal de contas, a Cabala nos abre as portas do subconsciente, e esse é a ponte entre nosso ser racional e o nosso Eu Interior, cujas verdades estão além do mundo das aparências!


Os Quatro Tipos de Cabala

De acordo com MacGregor Mathers e outros autores, a Cabala pode ser dividida em quatro tipos distintos de conhecimento:

a-) Cabala Prática

A Cabala prática é a parte da Cabala que lida com Magia Cerimonial e com a confecção de Talismãs. É a parte da Cabala relativa a invocação e evocação de Entidades Espirituais através da magia, visando um contato com tais seres.
Atualmente, algumas Ordens de Magia ensinam a Cabala Prática. Como alguns exemplos dessas ordens contemporâneas, temos a Hermetic Order of Golden Dawn, a Astrum Argentum, a O.T.O. ( Ordo Templi Orientis ) e a recém fundada OTO Mundi.

b-) Cabala Dogmática

É a parte da Cabala que foi escrita em livros, transmitindo um sistema metafísico. Como exemplos da Cabala Dogmática nós temos os livros “Sepher Yetzirah”, ou Livro da Criação, e o Zohar, o Livro do Esplendor. Em geral, os textos da Cabala Dogmática foram escritos por cabalistas judeus, visando estudar e explicar a Torah.

c-) Cabala Literal

É a parte da Cabala que lida com as letras do alfabeto hebraico e seus valores numéricos.
De acordo com os cabalistas, o Universo é formado por vibrações. No princípio dos tempos, o G.A.D.U. vibrou uma palavra, e essa vibração original é que teria dado origem ao Universo. É a Palavra Perdida, é o verdadeiro nome do Grande Arquiteto do Universo, que em hebraico é:
Como em hebraico só se escreve as consoantes, ninguém mais sabe como é o som original dessa palavra, som esse capaz de alterar as estruturas do Universo.
Devido ao fato do Cosmos ser constituído por vibrações, os cabalistas consideram que existem 22 vibrações básicas, que são representadas pelas 22 letras do alfabeto hebraico. Tais letras, ou vibrações, associadas umas às outras formariam tudo o que existe no Universo. Está aí a base para a teoria que explica a efeito dos sons vocálicos, dos mantras e das Palavras de Poder!
Como cada letra representa uma das vibrações básicas a constituir o Universo, a cada letra está associado um número. Dessa forma, cada palavra também possui um valor numérico que a representa, e dessa forma, a Cabala Literal estuda essas relações. Ela está subdividida em três ciências:

c.1-) Gematria : É um método aritmético para substituir palavras de uma frase por outras de igual valor numérico.

c.2-) Notaricon : É a escolha de letras do começo, do meio ou do fim das palavras de uma frase, seguindo-se determinadas regras, a fim de se formar uma única palavra que represente a essência da frase.

c.3-) Temurah : É um método para se formar cifras, substituindo letras de uma palavra por outras letras, segundo um determinado sistema.
d-) Cabala Tradicional, ou Não Escrita

É a parte da Cabala que visa dar o correto entendimento sobre as relações existentes entre cada um dos símbolos cabalísticos entre si, além de explicar como tais símbolos se relacionam com o funcionamento do macrocosmos e do microcosmos. É a parte da Cabala que visa explicar, usando-se a Árvore da Vida cabalística, como o Cosmos e o ser humano funcionam.
A Cabala Tradicional está constantemente evoluindo, pois cada estudante encontra, através dela, as suas próprias respostas às suas questões pessoais. Portanto, muito desse conhecimento é resultado da experiência pessoal de quem a estuda. Nesse campo, a interpretação pessoal tem um grande peso. Dessa forma, eu também tomei a liberdade de chamar a Cabala Tradicional de Cabala Mística.
Ela é tradicional, pois nada a respeito dela era escrito, sendo esse conhecimento transmitido oralmente de um Iniciado a outro. Porém, vários autores do século XX já andaram escrevendo sobre a Cabala Tradicional, como Dion Fortune, MacGregor Mathers, Aleister Crowley, Wynn Wetcott e A. E. Waite. Aliás, depois que Aleister Crowley quebrou seus votos de silêncio e divulgou, através de publicações, um conhecimento que antes era tido como secreto, grande parte da Cabala Tradicional se tornou acessível ao público em geral.
Em resumo, a Cabala Tradicional utiliza a Árvore da Vida cabalística, chamada de Otz Chiim, como método principal de se estudar a Cabala. Dessa forma, esse texto irá versar sobre a Cabala Tradicional.


A Árvore da Vida ( Otz Chiim )
A Árvore da Vida é um esquema feito para representar o Cosmos e tudo o que existe. Tudo o que existe, assim como todas as situações da vida, podem ser colocadas sobre a Árvore da Vida. Dessa forma, o objeto de estudo pode ser separado em suas partes constituintes, e sabendo-se a relação existente entre as partes que formam a Otz Chiim, podemos extrapolar e descobrir como funciona a dinâmica do que estamos estudando, seja em relação ao Macrocosmo (Universo) ou ao Microcosmo (ser humano).
Como podem perceber, o simples fato de colocar a situação sobre a Árvore da Vida, a fim de se iniciar o processo de estudo, já requer uma grande dose de intuição!
Mas como pode ser possível um esquema poder ser utilizado para se explicar tudo o que existe? Isso é simples. Basta lembrar que esse esquema foi montado para explicar as leis da Criação do Universo. Ora, tudo o que existe segue essas leis universais, pois tudo o que existe faz parte desse Universo, logo, de certa forma, tudo o que existe é uma espécie de Cosmos em miniatura, tal qual o ser humano. Assim sendo, o que vale para o Cosmos em geral, também vale para as suas partes constituintes, fazendo da Otz Chiim, e da Cabala, a chave universal para se decifrar os mistérios da criação. E é por isso que a Tradição insiste em afirmar que a Cabala foi “revelada” ao ser humano por Entidades Espirituais, pois tal conhecimento seria impossível de ser adquirido pelo ser humano sozinho.
Em resumo, a Árvore da Vida é formada por dez esferas, chamadas cada uma de Sephirat (o plural de Sephirat é Sephiroth). Cada Sephirat representa um estado da Criação, ou um aspecto do ser humano.
Como podem perceber pela Figura 1, o nome das sephirot, com os seus respectivos números, são:

Número ===== Nome ==== Nome em Português
1 ======= Kether ======== Coroa
2 ======= Chokmah ===== Sabedoria
3 ========= Binah ===== Entendimento
4 ======== Chesed ===== Misericórdia
5 ======== Geburah ===== Severidade
6 ======== Tifareth ======== Beleza
7 ======== Netzach ======= Vitória
8 ========== Hod ======== Glória
9 ========= Yesod ====== Fundação
10 ======== Malkuth ======= Reino


Como podem perceber, as sephirot estão divididas em três colunas verticais. A coluna da direita, formada pelas sephirot Chokmah, Chesed e Netzach.
A coluna da esquerda, formada por Binah, Geburah e Hod.
E a coluna do meio, formada por Kether, Tifareth, Yesod e Malkuth.
A coluna da direita representa forças com polaridade positiva, ou masculina. É conhecida como pilar da Misericórdia, ou como pilar da Força em Expansão, ou seja, da Força Pura.
A coluna da esquerda representa forças com polaridade negativa, ou feminina. Cada sephirat da coluna da direita é compensada por uma sephirat correspondente da coluna da esquerda, formando, dessa forma, pares de opostos complementares. A coluna da esquerda é chamada de coluna da Severidade. Também é conhecida como pilar da Constrição, ou seja, da Forma.
E a coluna do meio é a coluna do equilíbrio entre as colunas da direita e da esquerda. Cada par de opostos complementares se encontra equilibrado na sephirat correspondente da coluna do meio. Por isso tal coluna é chamada de Coluna do Equilíbrio. Também é conhecida como Pilar da Beleza, ou da Consciência.
Acima de Kether existem, conforme observa-se na figura 1, os três Véus da Existência Negativa, chamados respectivamente de AIN ( Não Existência ), AIN SOPH ( Infinito ) e
AIN SOPH AUR ( Luz Infinita ). Esses três Véus da Existência Negativa existiam antes da Criação, ou seja, existiam antes de que qualquer coisa viesse a existir, antes do tempo e do espaço, antes mesmo da existência do plano espiritual. Por isso que são véus, pois nos é completamente impossível sequer imaginar o que existe por detrás desses véus da Não Existência.
A primeira coisa a existir foi a sephirat Kether, sendo ela o ponto inicial da Criação. O Princípio Criador, o qual eu tomo a liberdade de chamar de o Grande Arquiteto do Universo, emanou a sephirat Kether dele mesmo. Dessa forma, Kether é uma emanação do G.A.D.U. Por sua vez, de Kether foi emanada Chokmah. De Chokmah foi emanada Binah. De Binah foi emanada Chesed. De Chesed foi emanada Geburah. De Geburah foi emanada Tifareth. De Tifareth foi emanada Netzach. De Netzach foi emanada Hod. De Hod foi emanada Yesod. E de Yesod foi emanada Malkuth. Antes de Kether ser emanada, não existia nada. Por isso que o G.A.D.U. também é chamado de o Incriado ou de o Não Criado, pois ele já existia antes de algo ser criado.
Percebe-se, dessa forma, que as sephirot foram emanadas numa espécie de zigue-zague. Sempre que uma sephirat da coluna da direita era emanada, imediatamente ela emanava a sephirat oposta complementar correspondente, restabelecendo o equilíbrio.
Dessa forma, podemos intuir que o Universo existe devido ao equilíbrio dos pares de opostos. E com isso, percebemos que uma sephirat, individualmente, não nos diz muita coisa. Para se entender uma sephirat, temos que considerar as demais sephirot que se relacionam com ela. Para se entender uma sephirat da coluna da direita, temos que levar em consideração a sephirat oposta complementar da coluna da esquerda, e vice-versa. E para entender uma sephirat da coluna do meio, temos que no mínimo considerar as sephirot de pares de opostos complementares que ela está equilibrando no pilar do equilíbrio.
Portanto, tudo o que existe é constituído por essas dez sephirot. Além disso, podemos perceber que as sephirot estão ligadas umas às outras por linhas, as quais chamamos de Caminhos. Cada Caminho liga duas sephirot uma à outra, e representa o estado de espírito, ou a qualidade, necessário para se passar de uma sephirat à outra. Existem 22 Caminhos, e cada Caminho é relacionado a uma das 22 letras do alfabeto hebraico. Da mesma forma, cada Caminho também é associado a um dos 22 Arcanos Maiores do Tarot.

Os Quatro Mundos

Os cabalistas também consideram que o Cosmos pode ser subdividido em quatro mundos. Tais mundos não são mundos separados uns dos outros, mas eles coexistem simultaneamente e se interpenetram. Seria como se cada mundo possuísse uma faixa de frequências característica, sendo que todas essas frequências estariam vibrando simultaneamente. Outra forma de se encarar é considerar que cada mundo possua um tipo de energia própria, sendo que todas esses tipos de energia se misturam para que o Cosmos possa se manifestar.
Dessa forma, tudo o que existe no Universo existe simultaneamente nesses quatro mundos, mesmo que nós não tenhamos consciência disso. Assim sendo, cada sephirat se manifesta simultaneamente em cada um deles e, portanto, a Árvore da Vida se reflete nesses quatro mundos, que são:

a-) Atziluth, também chamado Mundo dos Arquétipos, Mundo das Emanações ou Mundo Divino.

Nesse mundo as sephirot se apresentam como os Dez Nomes Divinos, conforme a tabela abaixo:

Sephirat ====== Nome Divino
Kether ======== Eheieh
Chokmah ====== Jehovah
Binah ======== Jehovah Elohim
Chesed ======= El
Geburah ====== Elohim Gibor
Tifareth ======= Jehovah Eloah Va Daath
Netzach ======= Jehovah Tzabaoth
Hod ========== Elohim Tzabaoth
Yesod ======== Shaddai El Chai
Malkuth ======= Adonai Ha Aretz


O G.A.D.U. manifestou, nesse mundo, dez de suas características, cada qual representada por um de seus dez Nomes Divinos. Dessa forma, todo o Cosmos foi criado a partir dessas dez características principais do Princípio Criador.

b-) Briah, também chamado Mundo da Criação ou Khorsia, o Mundo dos Tronos.

Nesse mundo, cada sephirat se apresenta como um dos dez Arcanjos principais, conforme tabela abaixo:

Sephirat === Arcanjo
Kether ===== Metatron
Chokmah === Ratziel
Binah ====== Tzaphkiel
Chesed ==== Tzadkiel
Geburah ==== Khamael
Tifareth ===== Raphael
Netzach ===== Haniel
Hod ======== Michael
Yesod ====== Gabriel
Malkuth ===== Sandalphon


Na realidade, não foi o Grande Arquiteto do Universo quem fez o Cosmos. O G.A.D.U., como o seu próprio nome indica, foi o arquiteto que planejou o Cosmos. Tal planejamento foi colocado em Atziluth, como as dez características principais que deveriam reger todo o Universo.
Cabe aos dez Arcanjos de Briah ler esse projeto e definir uma linha de ação, decidindo o que deve ser feito para concretizar o que foi projetado pelo Princípio Criador. Dessa forma são os dez Arcanjos de Briah quem decidem como proceder para que o Cosmos projetado pelo G.A.D.U. possa se manifestar.

c-) Yetzirah, também chamado Mundo da Formação ou Mundo Angélico.

Nesse mundo, cada sephirat se apresenta como um conjunto de seres denominados de anjos. Dessa forma, cada sephirat é representada por uma Hoste de Anjos, conforme a tabela abaixo:

Sephirat === Hoste de Anjos
Kether ===== Chaioth Ha Qadesh
Chokmah === Auphanim
Binah ====== Aralim
Chesed ==== Chasmalim
Geburah === Seraphim
Tifareth ==== Malachim
Netzach ==== Elohim
Hod ======= Beni Elohim
Yesod ====== Aishim
Malkuth ===== Kerubim

São estas Hostes de Anjos que de fato são as responsáveis por agirem na criação e na manutenção do Cosmos. Dessa forma, na Criação, o G.A.D.U. projetou, os Arcanjos decidiram que atitudes deveriam ser tomadas para colocar em prática o projeto do Princípio Criador, e os Coros Angélicos executaram o projeto sob as ordens e orientação dos respectivos Arcanjos.
Fazendo uma comparação com as forças armadas, o G.A.D.U. seria o rei que planeja a criação de dez exércitos em Atziluth. Em Briah, cada um dos dez exércitos é deixado a cargo de um general, ou Arcanjo, que por sua vez comanda, em Yetzirah, a respectiva Hoste de Anjos, que são os soldados que formam o exército propriamente dito.

d-) Assiah, também chamado Mundo da Ação, ou Mundo da Matéria

Esse mundo é a Criação propriamente dita. É o resultado de todo o trabalho, ou seja, é o Universo, é o mundo manifestado na matéria. Esse mundo não é formado apenas pela matéria. Ele é formado também por parte do plano astral, que é a essência do plano material. Nesse mundo, as sephirat são representadas pelas influências estrelares, planetárias e elementares, conforme a tabela abaixo:

Sephirat === Influência Correspondente
Kether ===== Luz Primordial, Radiação de Fundo, Big Bang
Chokmah === A Esfera do Zodíaco
Binah ====== Saturno
Chesed ==== Júpiter
Geburah ==== Marte
Tifareth ===== Sol
Netzach ===== Vênus
Hod ======= Mercúrio
Yesod ====== Lua
Malkuth ===== Os Quatro Elementos


Outra Forma de se Considerarem os Quatro Mundos

Embora todas as sephirot se manifestem em todos os quatro mundos, uma outra forma de se tentar entender e representar esses mundos seria escolher grupos de sephirot que melhor descreveriam esses mundos. Dessa forma, o mundo de Atziluth é mais bem descrito pelas sephirot Kether, Chokmah e Binah, que formam a chamada Trindade Superior.
O mundo de Briah é melhor representado pelas sephirot Chesed, Geburah e Tifareth, formando um triângulo que é considerado o reflexo da Trindade Superior.
Já o mundo de Yetzirah é representado pelas sephirot Netzach, Hod e Yesod, formando o triângulo imediatamente acima de Malkuth.
E por fim, o mundo de Assiah é representado pela sephirat Malkuth sozinha. Considera-se que as influências de todas as outras nove sephirot deságuam em Malkuth.


Conclusões Finais


Podemos concluir algumas coisas disso tudo. Em primeiro lugar, Kether foi emanada do G.A.D.U., e foi Kether o ponto inicial da criação. Em Kether existiam todas as outras nove sephirot em potencial, que foram se manifestando uma a uma, até chegar em Malkhut.
Dessa forma, em última instância, tudo o que existe emanou diretamente do Grande Arquiteto do Universo e, portanto, tudo o que existe é uma manifestação do G.A.D.U. Dessa forma, o Princípio Criador é imanente, está em tudo, sendo que tudo é a manifestação do Incriado, desde o ser humano ao mais vil dos vírus, desde as estrelas até um grão de areia. Se o G.A.D.U. está em tudo, inclusive em nós mesmos, nós não precisamos de Igrejas, padres ou Papas como intermediários entre nós e a Divindade. Cada um pode encontrá-la por si próprio.
Além disso, vemos que não foi o G.A.D.U. sozinho que criou o Cosmos. Apesar de tudo ser uma manifestação dele, ele contou com a ajuda de outros seres divinos, chamados pelos cabalistas de Arcanjos e Anjos. Porém, considerando-se os vários panteões pagãos, os Deuses e Deusas desses panteões podem ser relacionados com as sephirot da Árvore da Vida, da mesma forma que o são os Arcanjos, Anjos ou os Santos e Santas católicos. Como exemplo, o cristão associa Jesus a Tifareth, mas tanto o Deus Osíris, quanto o Deus Dionísio, também podem ser associados a essa sephirat que os resultados serão os mesmos. Isso abre espaço para as religiões pagãs politeístas, com seus respectivos Deuses e Deusas, o que, de certa forma, auxiliou no surgimento do Neo-Paganismo.
Por esses e outros motivos é que ortodoxos judeus, ortodoxos cristãos e a Igreja Católica consideraram a Cabala uma Arte Demoníaca, pois coloca em xeque o monopólio que uma minoria detinha sobre o conhecimento e sobre a fé do povo.
Nos próximos textos serão descritos com um pouco mais de detalhes os três Véus da Existência Negativa e as dez sephirot que formam a Árvore da Vida. Eu digo que será dada um pouco mais de informação, pois a Cabala é um estudo que leva uma vida inteira, ou melhor dizendo, várias vidas. É um tema inesgotável e, portanto, eu não tenho a pretensão de dizer que esses textos irão tratar do assunto por completo. Porém, para quem começa, espero que seja como um guia para apontar o caminho a ser trilhado por cada estudante individualmente.
Para perceberem como o tema é complexo, lembrem-se que todas essas páginas são apenas uma introdução!


Bibliografia:

1-) The Mystical Qabalah
Autora: Dion Fortune

2-) A Cabala Das Feiticeiras
Autora: Ellen Cannon Reed

A Fylgja e nossa Alma

A Verdade Suprema nos escapa por completo, sendo inacessível a qualquer ser humano, da mesma forma que uma única célula de nosso corpo jamais poderá exercer, sozinha, as complexas atividades mentais que um ser humano normal consegue exercer. Porém, o Grande Arquiteto do Universo, em sua infinita sabedoria, não nos privou de termos “vislumbres” dessa verdade, da mesma forma que cada célula de nosso corpo, individualmente, não é privada da consciência necessária para agir em conformidade com as atribuições que lhe são confiadas, visando auxiliar no bom funcionamento do corpo como um todo.
Vislumbres dessa Verdade são acessíveis a todos que a procuram. E como nenhum grupo, ou civilização, possui o monopólio da Verdade Suprema, tal Verdade vem se manifestando, através das eras, de formas diferentes em todas as civilizações do planeta. Basta ter olhos para ver!
Dessa forma, vou analisar como essa Verdade se manifesta no paganismo nórdico. Mais precisamente, vou divagar sobre como um pagão, que cultue os Deuses e Deusas do norte da Europa, poderia entender as questões da alma humana. Para isso, analisarei uma entidade espiritual de vital importância, denominada Fylgja.
A Fylgja, na mitologia nórdica, é a nossa sombra. É um ser que nos acompanha, e geralmente, nos aparece na forma de um animal, e raramente, na forma de uma mulher. Tal ser faz parte de nós mesmos, e está sempre pronto a nos proteger. Se junta a nós no nascimento, e com a nossa morte, nos leva para a nossa nova morada no outro mundo.
A Fylgja tem relação com a nossa consciência, pois além de nos guiar e nos aconselhar, também é a responsável por levar a consciência do xamã através das viagens astrais. E nas meditações e transes, também é ela a responsável por nos fazer entrar em contato com os Deuses e outras entidades espirituais.
Assim sendo, olhando para a Árvore da Vida Cabalística, eu me perguntei: Será que existiria algo na Cabala, que pudesse ser correspondente a Fylgja da Tradição Nórdica? Caso afirmativo, a que sephirah corresponderia a Fylgja?
De acordo com os cabalistas, a Árvore da Vida pode ser dividida em 3 colunas verticais, sendo que a coluna do meio, formada por quatro sephirot, é considerada, pelos hermetistas, como a Coluna da Consciência. Ora, se a coluna do meio é considerada a Coluna da Consciência, eu me arrisco a dizer que a Fylgja poderia ser relacionada a uma dessas quatro sephirot, pois afinal de contas, a Fylgja está relacionada a nossa consciência.
Mas quais são essas quatro sephirot ?


As Sephirot da Coluna do Equilíbrio
Começando de cima para baixo, a primeira delas é justamente Kether. Kether é considerada por alguns místicos como sendo a nossa alma, a centelha divina que arde dentro de nós. Seria a nossa essência. Um dos nomes para Kether significa "Eu Sou". E o que é a nossa alma, senão nós mesmos da forma mais pura e original que se possa imaginar?
Abaixo de Kether está Tipheret. De acordo com os estudiosos da Cabala, é em Tipheret que surge, pela primeira vez, a consciência. De acordo com essa teoria, em Kether nossa alma não tem consciência de nada, pois lá nós simplesmente "Somos". Seria em Tipheret que nossa alma começaria a tomar consciência das coisas. É onde a mente, em sua concepção mais pura, começaria a se formar. Dessa forma, seria em Tipheret que habitaria o nosso Eu Interior. É dito que os fluxos Divinos que vem do alto se encontram com os fluxos provenientes do mundo material, que vem de abaixo. E quando essas duas correntes se encontram, em Tipheret, nosso Eu Interior então tomaria consciência das coisas como elas realmente são.
Tipheret, então, estaria intimamente ligado a Kether, pois o Eu Interior seria a consciência da Alma, ou seja, a Mente Superior. Antes de prosseguir na análise das sephirot, convém fazer uma pausa para falarmos um pouco sobre os “corpos” que formam o ser humano encarnado aqui na Terra.

A Natureza Trina do Ser Humano
De acordo com algumas teorias herméticas, o ser humano encarnado seria composto, de forma simplificada, por três partes principais: uma parte física, uma parte astral e uma parte divina, sendo que, dessas três partes, a parte divina seria a única que seria eterna, enquanto as partes astral e física seriam passageiras. E, além disso, cada uma dessas três partes seria composta por três subdivisões cada uma, que são: um espírito, um corpo e uma mente. O espírito seria a própria essência, o corpo seria o que dá suporte à manifestação dessa essência no referido plano, e a mente seria a consciência que surge da união do espírito com o referido corpo.
No plano divino, a essência seria a nossa própria alma, ou seja, a nossa centelha divina, cuja mente seria o nosso Eu Interior. A nossa alma ainda não está plenamente consciente de si mesma. Ela tem apenas consciência de uma parte de suas potencialidades, sendo essa consciência o Eu Interior, também chamado de Mente Superior. Faz parte da evolução cósmica a alma se tornar cada vez mais consciente de suas potencialidades divinas, e quando ela se tornar plenamente consciente de si mesma, diz-se que se atingiu a iluminação cósmica. E quanto ao corpo da parte divina, vou chamá-lo de corpo luminoso, embora já tenha lido alguns autores se referirem a ele como corpo causal. Sua natureza é extremamente sutil, vibrando nas frequências mais altas do teclado cósmico.
Já o corpo físico seria o que todos nós conhecemos. É feito de matéria e energia, como por exemplo, eletricidade e calor. Vibra nas mais baixas frequências do teclado cósmico. A mente desse corpo físico seria formada pela nossa consciência objetiva e pela nossa personalidade, ambas funções do cérebro e de nossas experiências no dia a dia. Tal mente física seria a manifestação, na matéria, de nosso Eu Interior. Porém, quando algo que vibra em altíssimas frequências, como a Mente Superior, tem que ser convertido em algo de baixíssimas frequências, como a mente física, algo se perde nessa conversão. É por isso que a nossa personalidade é apenas um reflexo de nosso Eu Interior, sendo que a maior parte das qualidades de nossa Mente Superior não podem ser manifestadas em nossa consciência objetiva. E a essência dessa parte física seria uma pequena parcela da energia de nossa alma que nos chega até o plano material.
Se tivermos um equipamento de telecomunicações que opera em altas frequências, e na outra ponta um outro que opera em baixas frequências, é óbvio que um não saberá da existência do outro, pois não conseguirão se comunicar. Será necessária a existência de um conversor entre ambos os equipamentos, convertendo o sinal de altas frequências num sinal de baixas frequências, e vice-versa, para que ambos se conectem.
O mesmo ocorre em relação à alma e ao corpo físico, sendo que a função do equipamento conversor de frequências é realizada pelo corpo astral. É o nosso corpo astral que conecta a alma ao corpo físico, permitindo, assim, que o ser humano possa viver na Terra. Tal corpo é composto de uma substância que vibra numa frequência intermediária entre a matéria física e a substância sutil que forma o corpo luminoso. É através dele que o Eu Interior manda inspiração à mente física, assim como é através dele que a mente física manda as impressões e lições mundanas ao Eu Interior. A mente do corpo astral seria o subconsciente, sendo por tal motivo que qualquer contato com o Eu Interior tem que ser realizado através da introspecção, pois o subconsciente é a ponte entre a nossa consciência objetiva e o nosso Eu Interior. E a essência desse corpo seria uma parcela da energia de nossa alma que chega ao plano astral. E como esse plano vibra numa frequência mais próxima das vibrações divinas do que o plano terreno vibra, a parcela da energia de nossa alma, a vivificar o corpo astral, é maior do que a parcela da mesma que chega até o nosso corpo físico.
Com isso em mente, podemos voltar à Árvore da Vida Cabalística.

Abaixo de Tipheret
Abaixo de Tipheret está Yesod. É o plano astral. De acordo com algumas tradições herméticas, é o que dá forma ao mundo material, pois é a essência do mesmo. Antes de algo se manifestar na matéria, esse algo teria antes que ser formado em Yesod, pois de acordo com essa linha de pensamento, tudo o que ocorre no plano terreno é conseqüência da manifestação dos fluxos astrais de Yesod.
Também é onde ficaria o nosso corpo astral, o qual liga o nosso Eu Interior ao nosso corpo físico. De acordo com algumas doutrinas herméticas, a morte física seria a separação de nosso corpo astral de nosso corpo físico. Em seguida, de forma rápida para alguns, ou demorada para outros, o nosso Eu Interior abandona o corpo astral, o qual não lhe serve para mais nada. Dessa forma, o Eu Interior volta à escala vibratória que lhe é própria, deixando o corpo astral vagando pelo astral, mais ou menos inerte, aonde também irá se decompor com o tempo. É o que algumas tradições chamam de a segunda morte.
E de acordo com algumas escolas de magia, depois da morte física ainda restam, gravadas no corpo astral, resquícios da personalidade física do falecido, como se fosse um programa de computador a simular as atitudes da pessoa que morreu. Se o falecido era muito apegado à matéria, com paixões terrenas exageradas, tal “casca astral” se recusaria a se dissolver, pois esses traços da personalidade física estariam fortemente gravados no corpo astral. Poderá se transformar numa espécie de “vampiro”, sendo atraído para perto de pessoas que possuam as mesmas paixões exageradas do falecido. Essa proximidade faz com que a pessoa tenha essas paixões intensificadas, numa espécie de ressonância. E é justamente esse excesso que gera a energia necessária para alimentar essa “larva astral”, aumentando-lhe o tempo de sobrevida. Estaria aí mais um motivo para se acreditar que sentimentos negativos apenas atraem desgraça!
E voltando o foco para a comparação com a consciência humana, em Yesod estaria o nosso subconsciente. É justamente a parte de nossa mente que nós não temos consciência, que está escondida, mas apesar disso, influencia as nossas atitudes e pensamentos em nossas atividades diárias.
E por fim, embaixo de Yesod está Malkhut, que para os cabalistas seria o mundo físico. Assim sendo, em Malkhut estaria o nosso corpo físico. Aí também estaria a nossa mente consciente e a nossa personalidade, que são atributos do cérebro, um órgão físico. Dessa forma, nossa mente consciente e nossa personalidade deixariam de existir com a nossa morte física, desaparecendo tal qual o nosso cérebro, que se decompõe com o resto do corpo físico. E é justamente essa personalidade, criada e mantida pelo nosso cérebro, que marcam o nosso corpo astral, podendo vir a criar, com a nossa morte, um possível “vampiro” ou “larva astral”, conforme explicado em parágrafo anterior.

A Fylgja na Árvore da Vida

Com essa ligeira explicação em mente, para mim a Fylgja poderia estar relacionada a Kether. Afinal de contas, a Fylgja é a nossa essência, ela é como realmente somos, portanto, está intimamente relacionada com a nossa alma. Seria como se a Fylgja fosse uma espécie de emanação de nossa alma em seu estado mais puro. A Fylgja seria a nossa centelha divina, com toda a sabedoria em potencial que possuímos, esperando para se manifestar plenamente.
Quando nascemos a Fylgja se junta a nós, pois é quando damos a primeira inspiração que nossa alma toma posse desse corpo. Afinal de contas, de acordo com algumas doutrinas místicas, é devido à primeira inspiração que o nosso corpo astral se liga em definitivo com o corpo físico, e é quando isso acontece que os influxos de nossa alma, através de nosso Eu Interior, se conectam com o corpo físico.
Quando morremos a Fylgja nos leva para nosso novo destino, pois quando damos o último suspiro, nossa alma abandona esse corpo, levando nosso Eu Interior junto com ela, pois como o Eu Interior é a consciência de nossa alma, ele jamais poderá se separar dela, pois ele faz parte dela! E depois disso, ao se separar do corpo astral, o Eu Interior eleva-se para o nível vibratório que lhe é próprio.
Porém, enquanto estivermos vivos aqui na Terra, o nosso corpo astral pode ser considerado como uma manifestação de nossa alma no plano astral, pois é a energia dela que vivifica o corpo astral, assim como o faz com o corpo físico. Mas, além disso, ele também é a manifestação de nosso Eu Interior no plano astral, através de nosso subconsciente. Portanto, enquanto vivos, o nosso corpo astral seria a manifestação de nossa alma, provida de consciência. Seria a energia de parte de nossa alma, já consciente de si própria, a se manifestar no astral. Portanto, quando se diz que a Fylgja aparece na forma humana, a Tradição Nórdica poderia estar se referindo ao corpo astral da própria pessoa que a está enxergando.
De acordo com alguns ocultistas, todo ser humano possui um corpo astral cuja polaridade é oposta e complementar à polaridade do corpo físico. Isso decorre da lei hermética do gênero, onde tudo que se manifesta possui o masculino e o feminino, ou seja, tudo se manifesta devido à interação entre duas polaridades opostas. Considerando-se essa teoria, quando a Fylgja aparece na forma humana, ao aparecer para um homem ela apareceria como uma mulher, pois o homem estaria vendo a ele mesmo no plano astral. E ao aparecer para uma mulher, ela apareceria como um homem. Dessa forma, nesse caso a Fylgja seria o reflexo do próprio corpo astral da pessoa, que apareceria numa forma que pudesse ser interpretada pela consciência terrena. Por isso apareceria como um humano de sexo oposto ao daquele que a vê. Isso seria uma espécie de comunicação do Eu Interior com a consciência objetiva, através do subconsciente. E como o nosso Eu Interior sabe muito mais e tem muito mais consciência das verdades cósmicas do que a nossa personalidade terrena, tal contato só poderia resultar em conselhos e avisos sobre o que estaria por vir.

Por isso, na Tradição Nórdica, consta que a Fylgja poderia aparecer para os heróis na forma de uma mulher, para aconselhá-lo, alertá-lo do perigo ou simplesmente para avisá-lo que a morte dele estava próxima.
Considerando-se o nosso corpo astral como uma manifestação de nossa Fylgja em Yesod, torna-se fácil entender porque na Tradição Nórdica se diz que é a Fylgja que leva o Xamã nas viagens a outros mundos. Afinal de contas, nas viagens astrais é o nosso corpo astral que viaja a outros mundos. Também fica fácil entender porque se diz que é a Fylgja que nos faz entrar em contato com os Deuses. Todo o contato com as Divindades se dá através do Eu Interior, que é alcançado através do corpo astral, que serve como ponte entre a Mente Superior e a mente terrena.

Aqui cabe um parenteses para uma observação interessante: se o corpo astral tem a polaridade inversa da polaridade física, como os médiuns vêem o corpo astral de uma pessoa com a mesma forma e sexo do corpo físico ?
Estou me referindo à visão do corpo astral, e não à materializações no plano físico, às quais considero bem mais raras devido à quantidade de energia necessária para isso ! Com isso em mente, cabe aqui salientar que ninguém vê o corpo astral de ninguém através dos olhos físicos, pois os mesmos não captam esse tipo de vibração. Quando alguém vê o corpo astral de outra pessoa, viva ou falecida, vê através de seu subconsciente, logo, quem vê, na realidade, é o corpo astral do próprio vidente. Se a vidente for uma mulher, ao ver o corpo astral de um homem, esse homem vai continuar tendo, no astral, a polaridade oposta à da vidente, logo ela vai sentir estar vendo um homem. E ao ver o corpo astral de uma mulher, tal mulher vai continuar tendo, no astral, a polaridade igual à da vidente, logo ela vai sentir estar vendo uma mulher. Isso é bem diferente da visão da Fylgja, na qual a pessoa sente estar vendo o seu próprio corpo astral, de polaridade oposta ao seu corpo físico. Seria o subconsciente vendo o seu próprio corpo e transmitindo essa informação à mente consciente.
Dito tudo isso, e quando ela nos aparece como um animal?

A Fylgja como Animal
Nosso corpo astral é apenas a manifestação de uma das várias faces de nosso Eu Interior, que por outro lado, é apenas uma parte de nossa alma, ou seja, é apenas a parte de nossa alma que se tornou consciente de si própria. Nossa centelha divina é, portanto, muito maior que o nosso Eu Interior, abrangendo áreas ainda desconhecidas, ou seja, ainda não conscientes de si mesma. E quando uma dessas faces, ainda não conscientes, se reflete no plano astral, se manifesta para nós na forma de um animal. Dessa forma, o que vemos de fato é um reflexo da Fylgja, e não a Fylgja propriamente dita. Nesse caso, ela é a nossa mais pura essência, livre de toda a consciência. Para que a nossa mente consciente possa entender o fato na linguagem que lhe é própria, isso se traduz no astral como um animal, também chamado em algumas tradições como animal de poder, pois esse animal representa exatamente a nossa força primordial.
A Fylgja pode se apresentar de diversas formas, pois quando ela se manifesta no astral, é apenas um reflexo dela, e um reflexo jamais poderá representá-la em sua totalidade. Portanto, a cada forma que ela toma, ela estará refletindo no astral uma das inúmeras facetas que compõem a nossa natureza mais íntima.Aqui eu gostaria de falar um pouco sobre uma casta de guerreiros nórdicos que existiu na idade média, no norte da Europa, que na época ainda era pagã. Eram os Bersekers, que significa peles de urso, sendo também muitas vezes chamados de Ulfhednar, que significa peles de lobo. Eram guerreiros de elite do norte da Europa, sendo que muitos deles também trabalharam como mercenários para o Império Bizantino. Eles também podem ter ajudado no nascimento das lendas sobre lobisomens.
Eram guerreiros de um culto especial ao Deus Odinn. Eles dispensavam malhas de proteção ou capacetes, indo para a batalha vestidos com peles de urso ou lobo. Iam munidos de espadas, lanças ou machados, e contavam apenas com um escudo como proteção. Muitos deles inclusive dispensavam o escudo, indo apenas com as armas em punho para enfrentar o inimigo. Antes da batalha eles se afastavam dos demais e realizavam uma espécie de ritual, invocando os Deuses Tyr e Odinn. Durante esse ritual eles entravam numa espécie de transe que, contam os relatos históricos, deixavam-nos completamente desfigurados. Tal processo os deixava completamente animalescos. Como verdadeiras feras selvagens, investiam contra o inimigo sem se preocupar com a própria segurança. A única coisa que importava era despedaçar o inimigo, ou qualquer um que estivesse no caminho deles.
Consta que possuíam, quando em transe, uma força e uma ferocidade sobre-humanas. Eles podiam ser abatidos várias vezes, por flechas, lanças, espadas e machados, que mesmo assim continuavam a investir e a estraçalhar o inimigo. É como se os Bersekers não sentissem as lâminas inimigas penetrando em sua carne.
Apesar de muito valorizados e empregados pelos reis pagãos do norte da Europa, geralmente eles viviam isolados, pois eles corriam o perigo de entrar em transe a qualquer momento, sem querer. E quando isso acontecia, coitado de quem estava perto!
De acordo com algumas tradições, o transe ocorria quando a Fylgja incorporava no guerreiro. Em outras palavras, o guerreiro era possuído pela Fylgja, assumindo a forma animal da mesma, que nesse caso era de um urso ou de um lobo. Baseando-se nessa explicação tradicional, para tentar explicar o fato com outras palavras, esse transe era resultado de um contato direto do subconsciente com a essência primordial da alma do Berseker, ou seja, seu animal de poder. Dessa forma, grande parte da energia primordial da alma do guerreiro, ainda não consciente de si mesma, se manifestava diretamente em seu corpo astral. Esse acúmulo excessivo e abrupto de energia no subconsciente passaria para a consciência terrena e para o corpo físico numa grandiosa e animalesca explosão. De alguma forma a Fylgja se funde diretamente com o corpo astral, ou seja, essa energia primordial da alma se manifesta sem antes se transformar em consciência em Tipheret! Não é a toa que isso só pudesse resultar em atitudes animalescas, surgidas do mais profundo do subconsciente. Isso pode ser útil em tempos de guerra e violência, mas não é nem um pouco desejável no dia a dia e em épocas de paz. Por isso mesmo que esses guerreiros, antes valorizados, passaram a ser parias da sociedade quando o norte da Europa foi pacificado, acabando por desaparecer completamente com o passar do tempo.

A Fylgja e a Iluminação Cósmica

Vimos que a fusão da Fylgja diretamente com o corpo astral é problemática e, geralmente, sem controle. Mas e sobre a fusão da Fylgja com o Eu Interior?
Sobre isso o paganismo nórdico também tem suas teorias. O Eu Interior corresponderia, em algumas tradições nórdicas, ao que elas chamam de Hame. Pois, de acordo com a tradição nórdica, as qualidades da mente e, portanto, da consciência, estão na Hame. Logo, a Hame seria o Eu Interior, que está em Tipheret.
Na tradição nórdica, todo herói ou guerreiro, que mostrasse valor e honra durante a vida, teria a sua Fylgja fundida com a sua Hame, formando, da união dos dois, a Hamigja. Dessa forma, tal guerreiro, depois de morto, seria levado ao Valhalla, onde graças à força de sua Hamigja, poderia morar no palácio do Deus Odinn por toda a eternidade.
Essa união da Fylgja com a Hame, formando a Hamigja, seria então o momento em que a nossa alma conseguisse desenvolver, em Tipheret, plena consciência de si mesma, conseguindo, dessa forma, manifestar no mundo toda a força e pureza de sua natureza divina. Seria o Herói Valoroso, pois manifestaria no mundo a luz de sua centelha divina. A Fylgja se uniria a Hame formando a Hamigja, pois no momento que a alma conseguir ter plena consciência dela mesma, o Eu Interior será a própria alma completamente consciente e desperta.
Em outras palavras, toda a essência primordial da alma, manifestada pela Fylgja, se transformaria em plena consciência de si mesma, através do Eu Interior, em Tipheret. Nesse momento, não mais estaríamos divididos em vários, mas seríamos apenas um. Não teríamos mais várias fases e etapas de consciências, mas teríamos apenas uma única fase, completamente consciente de sua totalidade e unidade. Estaríamos íntegros. Todas as partes desapareceriam, se fundiriam para formar a Hamigja, a qual iria habitar com os Deuses.
Em algumas tradições rosacruzes, esse estado da alma é chamado de Estado Rosacruz.
Em algumas tradições martinistas, esse estado da alma é chamado de Estado Crístico.
Em algumas tradições de magia, diz-se que o iniciado se tornou uno com o Deus Osíris.
Em algumas tradições thelemicas e de magia, diz-se que esse estado se consegue a partir da conversação com o Sagrado Anjo Guardião.
Dessa forma, não importa que tradição nós seguimos, não importa que religião ou culto nós realizemos, pois o Grande Arquiteto do Universo nos deixou pistas em todas elas, para que possamos vir a manifestar, aqui na Terra, a perfeição de nossa alma divina. Basta procurar e saber enxergar!



Bibliografia:
1-) Manual Nórdico - O Texto Rúnico,
Autor: Grimmwotan Idavoll,

2-) The Mystical Qabalah
Autora: Dion Fortune

3-) Deuses e Mitos Do Norte Da Europa
Autora: H.R. Ellis Davidson

4-) Dogma e Ritual De Alta Magia
Autor: Eliphas Levi.

5-) A Cabala Das Feiticeiras
Autora: Ellen Cannon Reed

6-) Nornor and Disir
Autor: Nordisk Hedendom

7-) Shamanismo Nórdico – Bersekergar
Autor: Áistan Falkar

8-) Draculya e os Varengos Autor: Áistan Falkar

Odin, Vili, Vê e a Origem do Ser Humano

Desde a aurora da civilização o ser humano tem se perguntado qual a sua origem, indagando-se a respeito de sua verdadeira natureza. Diferentes culturas dão, a essa questão, diferentes respostas. Para os pagãos do norte da Europa, o ser humano foi criado pelos Deuses Odin, Vili e Ve, da tribo dos Deuses Aesires. Esses três Deuses encontraram, aqui na Terra, um par de árvores: um freixo e um olmo. Eles resolveram, então, transformar esse par de árvores num homem e numa mulher. Dessa forma, de acordo com os mitos nórdicos, tanto o homem quanto a mulher foram criados simultaneamente pelos Deuses e, portanto, em condições de igualdade! O freixo Eles chamaram de Askr, e decidiram que ele seria o primeiro homem. E o olmo Eles chamaram de Embla, e decidiram que seria a primeira mulher. Para que essa transformação ocorresse, cada um dos 3 Deuses teve que dar uma dádiva ao casal de árvores. Odin assoprou o par de árvores, dando-lhes o sopro da vida e o espírito. Por sua vez, Vili deu o conhecimento, os sentimentos e os sentidos. E por fim, Ve deu a forma humana, a capacidade de movimento, o sangue e a carne (coloração). Dessa forma, nasce o casal que deu origem à Humanidade!
Isso diz o mito, mas o que isso tudo significa? Afinal de contas um mito, sem interpretação, não passa de uma estória de criança! O poder do mito está justamente em sua interpretação e no que isso se traduz em relação a conhecimento aplicável em nosso dia a dia. Os mitos são símbolos que, se corretamente interpretados, nos transmitem conhecimentos sobre as leis divinas.
Para mim, tal mito está de acordo com um princípio místico, denominado Lei do Triângulo, aplicado ao ser humano.

As Leis da Dualidade, do Triângulo e dos Ciclos

O número três representa, dentre outras coisas, a manifestação perfeita, pois ele simboliza o equilíbrio entre os opostos. Como o equilíbrio entre partes opostas nos lembra a justiça, e sendo esse equilíbrio considerado a manifestação perfeita, podemos dizer que o três é o número justo e perfeito a se manifestar entre as colunas da dualidade!
Mas porque ele representa o equilíbrio entre os opostos?
O que tem ele a ver com a dualidade e a manifestação?
E o que isso tudo tem a ver com a manifestação perfeita?
Essa resposta é obtida através de uma lei que os místicos costumam chamar de Lei do Triângulo, simbolizada por um triângulo equilátero!
De acordo com esse ensinamento, tudo o que existe é a manifestação decorrente da interação entre duas forças opostas e complementares. Dessa forma, as coisas existem devido ao equilíbrio que se obtém entre duas forças ou qualidades opostas e, portanto, tudo o que conhecemos possui essas duas qualidades opostas em sua essência.
Pela lei da dualidade sabemos que tudo possui o seu oposto. Dessa forma, vamos chamar uma certa força, ou qualidade, de positiva, formando o primeiro ponto do triângulo. Se o ponto 1 existe, certamente também existe um ponto 2, denominado negativo, que é igual ao primeiro ponto, só que com as características opostas ao mesmo, constituindo-se numa força contrária à primeira força.
Como alguns poucos exemplos disso, temos Amor e Ódio, Luz e Trevas, Macho e Fêmea, pólo Norte e pólo Sul de um imã, pólo positivo e pólo negativo de uma bateria elétrica, os pilares da Misericórdia e da Severidade na Árvore da Vida Cabalistica, Jakin e Boaz, os quadrados pretos e brancos do tabuleiro maçônico, e por aí vai uma infinidade de exemplos!
Acontece que os pontos 1 e 2, sozinhos, não se manifestam. O positivo puro e o negativo puro são dois extremos que, pelo simples fato de serem extremos, estão ambos no infinito e, dessa forma, não fazem parte do mundo manifesto. Se na escuridão absoluta não enxergaríamos nada, na luz absoluta também seríamos cegos. Não existe imã com apenas um dos pólos magnéticos, da mesma forma que o templo não se sustentaria com apenas uma de suas colunas!
Dessa forma, o positivo tem que interagir com o negativo, para que dessa interação surja o terceiro ponto, que é a manifestação. Da mesma forma em que são necessários quadrados pretos e brancos interagindo uns com os outros para formarem o tabuleiro maçônico, também existe a necessidade da interação entre um pólo positivo e um outro negativo de uma bateria, para que a eletricidade possa se manifestar através de uma corrente elétrica.
Dessa forma, não são os pares de opostos que se manifestam. O que se manifesta, na realidade, é justamente a interação entre eles. O positivo e o negativo nunca irão se manifestar sozinhos, pois ambos só podem se manifestar juntos no terceiro ponto. E o que se manifesta, na realidade, é o equilíbrio entre essas duas forças opostas. Eis a chave para se entender o significado da coluna do meio da árvore da vida cabalística!
Eis que agora levanto uma questão: se tudo o que se manifesta é o equilíbrio entre duas forças opostas interagindo, como então vivemos num mundo cheio de dualidades?
Se os pares de opostos individualmente não se manifestam, como é que nós sofremos a ação dos mesmos agindo sozinhos em nosso dia a dia como, por exemplo, amor e ódio?
De fato, olhando-se os fatos rapidamente, concordo que a teoria parece estar furada. Mas fazendo um esforço para expandir a consciência para se olhar além do horizonte, notaremos que a teoria está correta, pois iremos perceber que tudo no Universo e, portanto na vida, ocorre em ciclos! Olhando-se pontualmente, como estamos acostumados, veremos desequilíbrio e dualidade. Mas olhando-se globalmente, perceberemos que no todo só se manifesta o equilíbrio, que é a causa dos eternos ciclos da natureza e dos constantes fluxos e refluxos em nossas vidas. É por isso que a toda ação corresponde uma reação, pois a reação é o Cosmos manifestando o equilíbrio, sendo a reação o que equilibra a nossa ação. Dessa forma, uma ação nunca irá se manifestar sem uma reação correspondente e equilibrante.
Para ilustrar isso, imaginemos duas colunas verticais. A da direita representa a força positiva, e a do lado esquerdo a negativa. Nenhuma dessas duas colunas se manifesta. O que se manifesta, na realidade, é um pêndulo, que se encontra exatamente no meio dessas duas colunas. Tal pêndulo é a manifestação do equilíbrio entre essas duas colunas, sendo ele, o pêndulo, a única coisa a se manifestar.
Esse pêndulo fica eternamente a oscilar entre as duas colunas. Se tirarmos uma fotografia do mesmo, para encará-lo pontualmente, poderemos perceber, por exemplo, que o pêndulo está mais próximo de uma das colunas do que da outra. Com base nisso, poderíamos concluir que o que está se manifestando é a coluna da qual o pêndulo se encontra mais próximo. Poderíamos concluir, erroneamente, que não existe equilíbrio coisa alguma, e que o mundo é refém de um mar eterno de dualidades!
Acontece que não estamos vendo toda a situação. Se pararmos de ver a imagem através de fotografias isoladas, e encararmos o que ocorre globalmente, veremos que o universo não é estático e, portanto, não pode ser vistos através de fotografias. O universo é dinâmico e, portanto, o equilíbrio não é estático, e sim, é um equilíbrio dinâmico.
Notaremos que o pêndulo se aproxima de uma das colunas, porém vai chegar um momento que ele irá parar e inverter o sentido do movimento, indo de encontro da coluna oposta. Irá passar pelo centro e continuará se aproximando da coluna oposta, até parar e inverter novamente o sentido de seu movimento, num eterno ciclo. Analisando-se essas oscilações perceberemos que a média é justamente o ponto central entre as duas colunas. Por isso que os ciclos são as manifestações perfeitas de duas forças em equilíbrio, sendo a terceira ponta do triângulo eqüilátero. Dessa forma, o positivo só se manifesta quando está sendo equilibrado pelo negativo, e vice-versa.
Por isso mesmo que a nossa vida é repleta de ciclos, de fluxos e refluxos, de altos e baixos. Temos que aproveitar a primavera e o verão, não somente se divertindo ao Sol, mas também plantando e trabalhando em nossa lavoura, para podermos colher o que plantamos no outono, e quando o inverno chegar, passaremos pelo mesmo abastecidos com os frutos de nossa colheita. E por mais rigoroso e escuro que seja o inverno, sabemos que ele é passageiro, e tão certo que o Sol irá nascer depois de uma noite fria, o inverno será seguido por uma nova primavera.
O mesmo tipo de equilíbrio se aplica às nossas emoções, como por exemplo, o amor e o ódio. Sabemos que, pela lei do equilíbrio, a mesma distância que o pêndulo vai para a direita, ele irá depois para a esquerda. Da mesma forma, aquele que muito ama, também é aquele que muito odeia. São as pessoas conhecidas como passionais. Por outro lado, aquele que pouco é afligido pelo ódio, também é pouco afligido pelo amor. O amor e o ódio se alternam em nossas vidas. Se exagerarmos muito de um lado, também iremos sofrer as conseqüências do exagero do outro lado. Por isso que um amor cego pode se transformar num grande ódio. Como diz o ditado popular, amor e ódio são as duas faces da mesma moeda! Manifestam-se juntos, pois afinal de contas, ao amarmos algo simultaneamente iremos odiar tudo aquilo que venha a ameaçar o objeto de nosso amor. O sábio não é aquele que se entrega às paixões, e sim é aquele que as mantém comedidas.
Nós todos estamos à mercê das emoções e dos sentimentos, oscilando dentro de nós. Aquele que é escravo das paixões é aquele que simplesmente se deixa arrastar por esses ciclos, pois não consegue manter o domínio sobre eles. É aquele que comete excessos, mal sabendo que o excesso de um lado fatalmente irá desencadear o excesso do outro lado, pois o Universo sempre se manterá em equilíbrio. Isso fará com que a sua vida permanece sempre num aparente desequilíbrio, a mercê das dualidades. É o pêndulo com oscilações longas, que se afasta muito do centro, ora muito perto da coluna direita, ora muito perto da esquerda, o que, aparentemente, dá a impressão de estar manifestando os opostos, e não o equilíbrio entre os mesmos, deixando a tarefa de se manter o equilíbrio com o Cosmos, atitude essa que resulta em fatos desagradáveis para a vida desse indivíduo e daqueles que estão a sua volta.
O verdadeiro mestre não delega ao Cósmico o trabalho de manter o equilíbrio, fato que acarreta em situações imprevisíveis e nem sempre agradáveis! O verdadeiro sábio assume, ele mesmo, o trabalho de manter-se em equilíbrio, pois dessa forma ele está no controle. Não deixa o seu barco a deriva, mas assume o leme do mesmo! É o pêndulo com oscilações curtas, afastando-se pouco do centro. Dessa forma, mantém-se o tempo todo mais próximo do centro do que das colunas laterais, manifestando, de fato, o equilíbrio entre os opostos, que são conciliados dentro dele mesmo, pois o equilíbrio foi alcançado internamente, e não deixado como encargo para o Cósmico realizá-lo externamente!
É isso que representa o iniciado entre colunas! Jakin e Boaz são as colunas laterais da Árvore da Vida Cabalística, chamadas de Colunas da Severidade e da Misericórdia, sendo o iniciado a coluna do meio dessa mesma árvore, chamada coluna do equilíbrio ou da beleza. As colunas laterais representam as dualidades, e quando o iniciado está entre colunas, ao adentrar o templo, simboliza o compromisso que ele aceitou de equilibrar os pares de opostos dentro dele mesmo, conciliando as dualidades em seu interior, a fim de manifestar o equilíbrio entre ambas e de se tornar, ele mesmo, a manifestação perfeita, o triângulo eqüilátero, justo e perfeito entre colunas!

Natureza Trina do Ser Humano e os Três Planos de Manifestação.

O ser humano foi formado por três Deuses, sendo que cada um deles contribuiu com uma parte. Logo, o ser humano é trino, o que corrobora a Lei do Triângulo. Porém, de acordo com algumas doutrinas místicas, o ser humano encarnado seria representado pelo número 9, ou seja, o 3 vezes o 3. Para simplificar tudo isso, vou considerar três planos horizontais de manifestação: o divino, o astral e o físico. E cruzando esses planos, colocarei três colunas verticais: a Alma, a Mente e o Corpo. A tabela abaixo ilustra esse fato:


*******************Alma ********** Mente ******** Corpo ****
Plano Divino *Centelha Divina **** Eu Interior *** Corpo Luminoso *
Plano Astral * Energia da Alma ** Subconsciente *** Corpo Astral ***
Plano Físico * Energia da Alma * Mente Consciente * Corpo Físico ***


Assim sendo, o ser humano seria composto por uma alma, um corpo e uma mente, que quando encarnado, além de se manifestarem no plano divino, também se manifestariam no plano astral e no plano físico.
Vamos analisar o primeiro triângulo, composto por alma, corpo e mente.
A alma seria a nossa essência divina, que sozinha não se manifesta, pois a essência sem um corpo para conter-lhe, acabaria por se diluir. A alma seria o ponto 1 do triângulo.
Já o corpo seria o que dá suporte à manifestação da alma. Sozinho o corpo também não tem condições de se manifestar, pois um corpo, sem ser infundido pela energia vital da alma, acaba por se decompor. O corpo seria o ponto 2 do triângulo.
Da interação da alma com o corpo resulta a manifestação da Mente no terceiro ponto do triângulo. Logo, o ser humano é trino, constituído da interação de uma alma com um corpo, que resultam na manifestação da consciência, cuja expansão é o objetivo principal da Evolução Cósmica.
No plano divino, nosso corpo é formado por uma substância muito sutil, a qual vibra nas freqüências mais altas do Teclado Cósmico. Vou chamá-lo de corpo luminoso, embora já tenha lido alguns autores chamá-lo de corpo causal. Tal corpo causal se manifesta no plano astral através do corpo astral, que por sua vez se manifesta no plano físico através de nosso corpo físico. Nosso corpo físico vibra nas fequências mais baixas do Teclado Cósmico, enquanto o corpo astral vibra numa freqüência intermediária entre o corpo físico e o corpo luminoso.
A nossa alma pertence ao plano divino, mas quando estamos encarnados, parte de sua energia vivifica tanto o nosso corpo astral quanto o nosso corpo físico. Como o corpo astral vibra numa frequência mais próxima das vibrações divinas do que o corpo terreno vibra, a parcela da energia de nossa alma, a vivificar o corpo astral, é maior do que a parcela da mesma que chega até o nosso corpo físico.
No plano divino a nossa mente é o Eu Interior, também chamada de Mente Superior. A manifestação do Eu Interior no plano astral é o subconsciente, que por sua vez se manifesta no plano físico através da nossa mente objetiva, também chamada de mente consciente. Porém, quando algo que vibra em altíssimas frequências, como a Mente Superior, tem que ser convertido em algo de baixíssimas frequências, como a mente física, algo se perde nessa conversão. É por isso que a nossa personalidade é apenas um reflexo de nosso Eu Interior, sendo que a maior parte das qualidades de nossa Mente Superior não podem ser manifestadas em nossa consciência objetiva.
Se tivermos um equipamento de telecomunicações que opera em altas frequências, e na outra ponta um outro que opera em baixas frequências, é óbvio que um não saberá da existência do outro, pois não conseguirão se comunicar. Será necessária a existência de um conversor entre ambos os equipamentos, convertendo o sinal de altas frequências num sinal de baixas frequências, e vice-versa, para que ambos se conectem.
O mesmo ocorre em relação à alma e ao corpo físico, sendo que a função do equipamento conversor de frequências é realizada pelo corpo astral. É o nosso corpo astral que conecta a alma ao corpo físico, permitindo, assim, que o ser humano possa viver na Terra. É através do corpo astral, ou seja, através de nosso subconsciente, que o Eu Interior manda inspiração à mente física, assim como é através dele que a mente física manda as impressões e lições mundanas ao Eu Interior. É por tal motivo que qualquer contato com o Eu Interior tem que ser realizado através da introspecção, pois o subconsciente é a ponte entre a nossa consciência objetiva e o nosso Eu Interior.
Com tudo isso em mente, nós podemos simplificar e dizer que o ser humano é trino e é formado por alma, corpo e mente, e que se manifesta, quando encarnado, nos planos divino, astral e físico.

Odin, Vili e Vê

Já sabemos que o ser humano é formado por 3 partes intimamente interligadas, a saber: Alma, Mente e Corpo. Quando encarnado, vou considerar como corpo o nosso corpo físico, que é o suporte material da Alma aqui no plano físico. Com isso em mente, vamos analisar a constituição do ser humano de acordo com a Tradição Nórdica.
Dessa forma Odin, que de acordo com a Tradição Nórdica forneceu o espírito, é o responsável pela alma humana. Odin fornece a centelha Divina que arde dentro de cada um de nós, centelha essa que nos anima (sopro da vida) e nos torna parente dos Deuses. Não é a toa que Odin também é um Deus da Morte, que recolhe em seu palácio a alma de todos aqueles que foram valorosos durante a vida, o que antigamente se traduzia em morrer com honra na batalha! Afinal de contas, nada mais natural do que voltar para Ele exatamente a parte que Ele concedeu e que melhor se manifestou aqui na Terra! Odin também é o Deus do êxtase divino e da inspiração. Logo, o êxtase divino provém de nossa alma, e a inspiração ocorre quando um fluxo de energia proveniente de nossa centelha divina se torna compreensível para a nossa mente consciente.
Vili, que deu o conhecimento e os sentimentos, é responsável pela Mente. Vili também significa Vontade. Logo, a nossa Vontade está em nossa Mente e, portanto, é nossa Mente que tem a palavra final sobre nossas decisões, nos mostrando o caminho a seguir. Mente forte, Vontade forte. Uma Mente fraca, uma Vontade fraca!
E por fim, Ve é responsável pelo nosso corpo físico. Ve significa Sagrado, significando que o nosso corpo físico é sagrado, pois é o templo da alma. É através de nosso corpo físico que nós podemos manifestar as Virtudes Divinas no plano físico. Por isso mesmo é que nosso corpo físico deve ser bem cuidado e jamais ser desprezado. Ve também é chamado de Lodur, que para alguns autores é um outro nome para Loki. Vê nos deu o sangue, e na forma de Loki, é um Deus Ígneo. E o que faz ferver mais o sangue do que nossas paixões terrenas? Dessa forma, Vê também é o responsável por nossas paixões terrenas, cujo objetivo é satisfazer o nosso corpo físico, o qual é sagrado, pois é o templo de nossa alma.
Infelizmente, nós não estamos cientes de que esses 3 aspectos formam, na realidade, uma unidade. E essa falta de consciência faz com que, em geral, nossa centelha divina aponte para um lado, enquanto nossas paixões físicas apontam para o outro. Essa falta de sincronismo entre a nossa centelha divina e nossas paixões físicas nos quebram, nos fazendo ficar a mercê de um falso mundo de dualidades e em completo desequilíbrio!É como uma carruagem puxada por dois cavalos. A centelha divina é um cavalo, nossas paixões físicas são o outro cavalo, e nossa mente é o carroceiro, sendo que cada cavalo está amarrado a um dos braços do carroceiro. O fato de não termos nossas aspirações espirituais em conformidade com nossas paixões terrenas faz com que cada cavalo vá para um lado diferente. Isso faz com que nossa mente, o carroceiro, se rasgue em dois, criando um falso conceito de Bem contra o Mal, perdendo-se no mundo falso das dualidades inconciliáveis!
A função do carroceiro, que é a nossa mente, é justamente fazer com que as nossas aspirações espirituais se alinhem com nossas paixões terrenas. Dessa forma, ambos os cavalos irão seguir para o mesmo ponto, desaparecendo, assim, a dualidade que afligia a nossa mente. Iremos ter a mente clara e faremos com que os dois cavalos nos guiem até o destino escolhido por nossa mente, de forma eficiente e segura.
Mas como a nossa mente pode sincronizar nossa centelha divina com as nossas paixões terrenas, fazendo-as apontar para o mesmo ponto?
Isso pode ser feito através do conhecimento. Através de técnicas de introspecção, nossa mente consciente pode receber a inspiração necessária diretamente de nossa centelha divina, através de nosso Eu Interior. Ao receber essa inspiração, a nossa mente objetiva deve usar de conhecimento e raciocínio para interpretar corretamente o que a nossa Mente Superior quis de fato nos comunicar. Depois disso, deve usar de critérios para saber como alinhar as nossas paixões terrenas em conformidade com as nossas aspirações espirituais. E para colocar isso em prática, são necessárias disciplina e vontade, pois não há disciplina sem vontade.
Nossa mente consciente, além de ser disciplinada, tem que ser equilibrada, para saber levar a alma e o corpo em conformidade. Não adianta darmos importância demasiada às nossas aspirações divinas, em detrimento às nossas paixões terrenas, pois isso só gera sofrimento, doença e ruína. Temos que saber descartar aspirações utópicas e sem sentido, e nos concentrarmos nas aspirações que, de fato, são passíveis de se realizar no plano terreno. Também não adianta darmos livre vazão às paixões terrenas, pois isso também só gera sofrimento, sendo fonte de vícios e insatisfação. Temos que ter disciplina suficiente para frearmos os impulsos terrenos quando esses se mostrarem exagerados, ou então, quando se mostrarem em total desacordo com nossas aspirações divinas. Não devemos ser castos, mas também não nos convém sermos depravados!
E é para achar esse meio termo, esse ponto de equilíbrio, é que saímos em busca de conhecimento. Só dessa forma poderemos manifestar, aqui na Terra, a perfeição de nossa centelha divina, nos tornando o Triangulo Eqüilátero, justo e perfeito entre as colunas.

Bibliografia:

1-) Manual Nórdico - O Texto Rúnico,
Autor: Grimmwotan Idavoll,

2-) The Mystical Qabalah
Autora: Dion Fortune

3-) Deuses e Mitos Do Norte Da Europa
Autora: H.R. Ellis Davidson

4-) Dogma e Ritual De Alta Magia
Autor: Eliphas Levi.

5-) A Cabala Das Feiticeiras
Autora: Ellen Cannon Reed

sábado, 26 de setembro de 2009

Como Encontrei os Deuses Nórdicos

Sejam bem vindos ao meu Blog. Para começar, vou escrever um pouco sobre mim mesmo e os motivos de fazer um Blog. Sou pagão e cultuo os Deuses e Deusas do Norte da Europa, sendo Odin o meu Deus Patrono. Apesar de pertencer à Aliança da Águia Visigoda, eu cultuo os Deuses de uma forma bem particular e solitária.
Eu também pertenço à O.T.O. Mundi, uma ordem de Magia Thelêmica formada, em sua maioria, por Odinistas ou simpatizantes do Paganismo Nórdico.
Além disso, eu também sou místico pois durante mais de 22 anos eu fui
estudante rosacruz da AMORC (Antiga e Mística Ordem Rosacruz).
Para muitos podem parecer coisas conflitantes, mas depois de anos de intensas meditações, cheguei ao entendimento de que não são, pelo menos em essência.
Por isso mesmo resolvi expor minhas idéias e conclusões para que elas possam ao menos inspirar as pessoas que se interessam pelo assunto. E para começar, convido-os para que leiam a minha breve história, onde eu conto como passei a cultuar os Deuses Nórdicos. Sem pretensões de ser o dono da verdade, pois já mudei minha forma de pensar várias vezes, desejo a todos uma boa leitura.

A Origem

Desde cedo eu estive envolvido com assuntos místicos. Aos quinze anos de idade eu me filiei à Ordem Juvenil dos Portadores do Archote, da AMORC, onde comecei a estudar e praticar o misticismo rosacruz. Ao completar 18 anos, em 1988, eu ingressei na Antiga e Mistica Ordem Rosacruz, AMORC, continuando os meus estudos e práticas místicas. Como todos que caminham por essa senda, eu também passei por algumas “Noites Negras”, onde a dúvida e a confusão me afastaram ligeiramente do meu caminho, deixando minha mente dividida entre idéias e conceitos antagônicos. Mas como não existe noite eterna, uma Força Superior me guiava novamente para a minha trilha, e nos primeiros raios da Aurora, o Cosmos me nutria com a inspiração necessária, fazendo com que eu pudesse perceber quais eram os meus erros e acertos. As minhas dúvidas eram dissipadas e as idéias antagônicas que me afligiam eram conciliadas numa terceira idéia, mais ampla e abrangente, que as equilibrava e englobava.
Em geral eu sempre fui muito solitário, raramente eu freqüentava uma Loja. Como a técnica de ensino da AMORC permite, eu sempre estudei e pratiquei sozinho, no silêncio de meu Sanctum pessoal. É que eu sempre senti mais facilidade de entrar em contato com o meu Eu Interior no silêncio da solidão do que em grupo. Mas isso não é uma regra geral. Cada indivíduo possue suas próprias particularidades, cabendo a cada qual descobrir as suas e explorá-las. Afinal de contas, nós mesmos somos o maior dos mistérios. Tanto é que na Grécia Antiga, no templo de Apolo, em Delfos, encontrava-se a seguinte frase, atribuída ao filósofo grego Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo, e conhecerás o Universo e os Deuses”.

Sem Religião

Eu nunca tive uma religião e, portanto, nunca me considerei um cristão. Acredito que existe uma Força Maior, algo indefinível que a tudo infunde. É o Cósmico, leis universais que regem o universo. Acredito que existe uma mente universal por trás de tudo isso, e que nós fazemos parte dessa mente universal, pois durante os meus períodos de Sanctum eu posso sentir essa mente e essa energia universais.
Porém eu não chamo essa Força Maior de Deus, pois eu sempre tive aversão à idéia de que existia um único Ser Onipotente e Onipresente que fazia o que bem entendesse ao seu bel prazer. Nunca acreditei nisso! Eu sempre tive em mente o conceito de que o Universo é regido por Leis Naturais e que, dessa forma, o Cosmos funciona como uma espécie de máquina auto-suficiente, bastando para nós, humanos, entendermos como essas leis funcionam e, uma vez entendendo-as, nos harmonizarmos com elas. Nunca acreditei em pecado, carma ou castigo divino. É simplesmente uma questão de ação e reação. Pura matemática!
Apesar de tudo, nunca fui materialista, pois sempre tive plena convicção na existência do plano espiritual, assim como também sempre acreditei na existência de seres espirituais mais desenvolvidos do que nós, que podem nos auxiliar se entrarmos em comunhão com os mesmos. Também acredito que tais seres espirituais formam uma espécie de Hoste Cósmica, e que são os responsáveis por manter a ordem no Universo. Se não for pela ação desses seres, o Cosmos se tornaria um Caos, pois apesar de existirem leis naturais que a tudo regem, é necessária a ação de entidades inteligentes para aplicar tais leis na manutenção e construção do Cosmos, caso contrário, tais leis iriam agir na destruição da ordem existente. Afinal de contas, uma máquina funciona devido à aplicação das leis naturais, mas caso deixemos essa máquina sem a manutenção adequada, serão essas mesmas leis naturais que farão com que a máquina não funcione direito, quebre e, no final, pare de funcionar, tornando-se sucata!
E por mais desenvolvidos e poderosos que tais seres espirituais possam ser, nenhum deles pode ir contra as leis naturais, pois todos eles também estão sujeitos às Leis Universais que regem o Cosmos. A diferença é que eles possuem um conhecimento muito mais profundo de tais leis do que nós, humanos. Eu costumava chamar a esses seres de Mestres Cósmicos.
Dessa forma, eu nunca acreditei em milagres e no sobrenatural. O que chamamos de milagre e sobrenatural nada mais é do que colocar em movimento leis naturais que desconhecemos! E sobre saber o que construiu essa máquina chamada Cosmos, eu nunca me preocupei muito com isso. Afinal de contas, nem sequer sabemos como essa máquina funciona, como podemos então pretender saber como ela foi construída?
Além do mais, quem disse que ela foi construída por alguma coisa?
Se o Cosmos é infinito e eterno, porque não aceitar que ele sempre existiu, porém com formas de manifestações diferentes da forma que ele se manifesta atualmente?
Desse jeito, não seria a origem de nosso Universo somente o início da forma atual em que o Cosmos se manifesta?
A origem do Universo, então, não seria a origem do Cosmos propriamente dito, já que esse é eterno e infinito. Antes dessa suposta origem, o Cosmos se manifestaria de uma outra forma, a qual é impossível para nós sequer tentarmos imaginar! Afinal de contas, como explicar o que existia antes do começo, se todas as ferramentas que possuímos para dar essa explicação só valem se consideradas depois desse suposto começo?
Eu não tenho essas respostas, e duvido que alguém nesse planeta as possua...

Paganismo

Foi por volta de 2001 que fatos estranhos começaram a ocorrer. Eu já praticava alguns exercícios rosacruzes e realizava contatos com o Sanctum Celestial quase que diariamente e, ligeiramente, eu sentia uma espécie de energia espiritual, seguida de uma sensação de “pertencer ao infinito”. Mas esses sentimentos eram muito tênues, sendo que tinha dias que eu não sentia nada. E foi durante esse ano que eu comecei a me preocupar muito com o aspecto religioso da vida. Tais pensamentos me surgiram “do nada”, sem motivo aparente, pois afinal de contas, eu não tinha religiosidade alguma e achava que estava muito bom assim. Foi aí que, sem saber explicar o motivo, a minha mente racional e o meu coração começaram a falar linguagens diferentes. Minha mente dizia que religiosidade e religião eram completamente irrelevantes, mas o meu coração me infligia um sentimento de que eu precisava “encontrar a minha religião”.
Eu era um ignorante em matéria de religiosidade, sendo que as únicas religiões que eu conhecia era o cristianismo, o judaísmo e o islamismo, e nenhuma delas me agradava, além de não despertarem absolutamente nada em mim. Porém eu continuava tendo a sensação de que eu precisava encontrar a minha religião.
Como se o Cosmos resolvesse me auxiliar em minha busca, foi durante as minhas práticas rosacruzes que eu comecei a sentir a presença de Entidades Espirituais. Era de forma muito fraca e não acontecia sempre. Porém, quando acontecia, mesmo sendo sutil eu conseguia perceber que não era mais uma vaga energia divina e indefinida o que eu sentia. Eu sentia que no meio dessa energia divina existiam personalidades. Às vezes uma, noutras vezes várias, não importa, mas eram inteligências! Comecei a pensar em Mestres Cósmicos, mas do fundo de meu ser, esse título não me convencia! Era algo mais que isso!
E foi durante essa fase de minha vida que, completamente sem querer, eu me deparo com uma página falando sobre a Wicca na internet. A princípio achei que era tudo uma espécie de brincadeira, mas conforme eu lia sobre o assunto, comecei a sentir que o tema era sério, pois algumas coisas que eu lia tinha correspondência com os ensinamentos esotéricos que eu vinha estudando na AMORC, e tudo isso na Internet! Fiquei então surpreso por existir uma religião chamada Bruxaria Moderna, a qual não acreditava num único Deus Onipotente e prepotente, e sim numa Deusa e num Deus, o Casal Divino!
A surpresa e a curiosidade iniciais foram substituídas por interesse, e eu comecei a pesquisar e a estudar o assunto e, surpresa das surpresas, eu vi que existiam coisas que eu jamais imaginava existir em pleno século 21! Comecei então a estudar, pela Internet e através de livros, os mais diversos assuntos, como por exemplo, Wicca, Bruxaria, Paganismo, Deuses, Magia, Hermetismo, Cabala, Teurgia e Druidismo.
Sou meio São Tomé, não me convenço facilmente das coisas e, portanto, se eu ficasse apenas nas leituras eu logo ia perder o meu interesse. Mas eu gosto de por à prova o que eu leio, e como muita coisa que eu lia tinha correspondências com as práticas e estudos rosacruzes, eu comecei a encarar as técnicas rosacruzes com outros olhos, e durante um dos meus períodos de harmonização com o Sanctum Celestial, me veio o seguinte pensamento:
Se ao invés de utilizar essas técnicas para me harmonizar com o Cósmico, o que aconteceria se eu as utilizasse para tentar comungar com Deuses e Deusas?
A partir desse instante, a partir desse contato com o Sanctum Celestial, uma luz começou a brilhar nas trevas, e os fatos começaram a se suceder!

Um Neo-Pagão a Procura dos seus Deuses

Tomada a decisão, comecei a por as minhas idéias em prática. Sem entrar muito em detalhes, como eu já estava acostumado a realizar as minha práticas esotéricas diariamente, comecei então a realizar comunhões diárias com os Deuses. Além disso, por influência do que lia na Internet e em livros, principalmente de Wicca, além das comunhões diárias comecei também a celebrar determinadas datas em especial, onde além de realizar meditações e comunhões especiais e específicas dessas datas, também fazia oferendas aos Deuses e Deusas celebrados nessas oportunidades. Tais datas eram todas as Luas Cheias, todas as Luas Escuras, os dois Solstícios, os dois Equinócios e as quatro datas no auge de cada estação do ano. Eu utilizava o panteão greco-romano e egípcio, pois afinal de contas, tinha que partir de algum lugar, não podia ficar parado. Li muitas pessoas dizendo que era ruim misturar Deuses de panteões distintos, mas no fim da Antiguidade, na época em que o Império Romano ainda era pagão, em algumas partes do império tanto os Deuses Egípcios quanto os Deuses Greco-Romanos eram cultuados pelo povo, logo eu não tive problema algum em cultuar Deuses Egípcios e Deuses Greco-Romanos.
Também comecei a estudar Cabala. Como estava procurando “a minha religião”, também entrei para algumas outras ordens e organizações. Pertenci à Tradicional Ordem Martinista (TOM) por três anos. Também pertenci ao Colégio Druídico do Brasil por três anos e, durante esse período, costumava freqüentar as reuniões promovidas pela Abrawicca aqui em Porto Alegre. Existiam alguns sábados em que de manhã eu ia ao conventículo martinista, que é misticismo cristão, e de tarde, no mesmo dia, participava de uma reunião promovida pela Abrawicca. É que eu sou da opinião de que se você quiser saber sobre algo, tem que participar e freqüentar, e não só ficar ouvindo “os outros falarem”. Hoje em dia não pertenço a mais nenhuma dessas três organizações, mas todas elas foram muito úteis para que eu pudesse paulatinamente encontrar e seguir o meu caminho.
E os anos foram se passando, e quanto mais eu praticava, mais eu sentia o poder dos Deuses durante as minhas comunhões e meditações. Eu não mais sentia “personalidades” em meio a uma energia divina. Eu passei a sentir “personalidades” emanando energia divina! As coisas começaram a ficar mais claras, pois eu de fato passei a sentir a presença dos Deuses e eles de fato começaram a se comunicar comigo durante as meditações, e conforme passavam-se os meses e anos, o poder que eu sentia emanando dos Deuses ia ficando cada vez mais forte e intenso. Dessa forma, mediante os fatos, eu não mais duvidava da existência dos Deuses!
Apesar disso tudo, ainda estava faltando algo! Apesar dos contatos diários, eu ainda sentia que o meu trabalho de pesquisa não estava completo. Afinal de contas, apesar de sentir os Deuses, o meu laço com Eles ainda não estava tão firme quanto eu achava que poderia ser! Embora eu cultuasse os Deuses Greco-Romanos e Egípcios, eu sentia que a minha sintonia com os mesmos não estava perfeita. Algo ainda me inquietava, e eu não sabia explicar o que era! Os contatos eram fortes o bastante para não duvidar da existência dos Deuses, mas não eram claros o suficiente para que eu pudesse ter a certeza de tê-los encontrado!

Odinismo e os Deuses Nórdicos

Foi no transcorrer de 2005 que eu entrei em contato com o Odinismo através da Internet. Através de listas de discussões eu lia sobre os Deuses Nórdicos, e passei inclusive a freqüentar listas odinistas. Para entender melhor sobre o que falavam nessas listas, passei a estudar o assunto através de sites na Internet e inclusive comprei e li o livro “Deuses e Mitos do Norte da Europa”, de H. R. Ellis Davidson. Achava interessante, mas não pensava em cultuar os Deuses Nórdicos.
Acontece que, em meados de 2005, o owner de uma das listas de discussão odinista que eu frequentava resolveu dar uma série de exercícios e meditações relativas ao paganismo nórdico para quem tivesse interesse em praticá-las. Como eu já tinha as minhas comunhões diárias, eu não pensei em fazer tais exercícios, pois achava que não daria tempo.
Durante as minhas comunhões eu costumava colocar a imagem de uma Deusa em meu altar. Não era nenhuma Deusa específica. Eu simplesmente a chamava de Deusa! E foi durante o término de uma de minhas meditações diárias, quando eu abri os olhos e olhei para a imagem da Deusa que algo de surpreendente me aconteceu. Ao olhar a Deusa eu simplesmente senti como se ela falasse em minha mente: “Pratique os exercícios Odinistas”.
Essa mensagem foi clara e marcante demais para que eu pudesse desprezá-la. Passei, então, a praticar os exercícios passados pelo owner da lista odinista. Resumindo bastante, eram exercícios de ativação dos Hvels, meditação e contato com as Disir. Comecei a praticá-los conforme me fora instruído. As minhas comunhões diárias eu continuava praticando na parte da manhã, ao acordar, sem alterações e esses exercícios odinistas eu praticava de noite.
E foi durante esse período de práticas odinistas que novas intuições começaram a ocorrer. Durante os exercícios odinistas eu entrava em contato com as Disir. Até aí tudo bem, não via nada de mais nisso. O que começou a me impressionar é que durante as minhas comunhões diárias, com Deuses Greco-Romanos e Egípcios, as Disir começaram a aparecer. E durante outros exercícios, sejam de comunhão com os Mestres Cósmicos ou com o Sanctum Celestial, eu também comecei a sentir a presença das Disir. E cada vez mais eu ia sentindo uma espécie de ligação com Elas, como se existisse um laço que eu não sabia explicar!
Ao mesmo tempo, passei a me sentir atraído pelos Deuses Nórdicos, a ponto de pensar em começar a comungar com Eles. Passei então a cultuar os Deuses Nórdicos, mas não abandonei por completo os Deuses Greco-Romanos e Egípcios. Passei então a sentir os Deuses Nórdicos, e quanto mais eu os cultuava, mais intimidade eu ia sentindo com Eles. E num dia, durante a noite, eu tive um sonho que selou o meu destino! Nesse sonho eu estava num bar, tomando cerveja, e existiam várias pessoas à minha volta, também tomando cerveja. Sentia que eram todos Odinistas, e que os Deuses Nórdicos também estavam presentes no bar, bebendo cerveja junto com todos nós. De repente eu ouço uma voz que me diz mais ou menos assim: “Não adianta se afastar, tu és e sempre será do Clã. Uma vez pertencente ao Clã, sempre será do Clã. Podes se afastar, mas não adianta o quão longe se encontre e nem quanto tempo demore, irás acabar sempre voltando para nós, pois tu és do nosso Clã”.
Nesse dia eu tomei a decisão de mergulhar de cabeça no culto aos Deuses Nórdicos. Dessa forma, durante todas as minhas comunhões diárias e em todos os rituais que eu praticava, seja os sazonais ou os da Lua Cheia e Escura, eu passei a cultuar e me harmonizar única e exclusivamente com os Deuses Nórdicos.
Em pouco tempo, tudo se clareou. Ao tomar essa decisão, eu passei a sentir a presença dos Deuses Nórdicos com uma força e uma clareza que eu não sentira antes. E mais que isso, eu finalmente senti que eu tinha achado a minha família! É difícil explicar isso, mas passei a ter a sensação de que fortes laços me ligavam aos Deuses Nórdicos, e mais do que isso comecei a sentir que eram como se fossem meus parentes! Comecei a sentir que algo muito forte e ancestral me ligava a Eles! Além disso, eu finalmente percebi que aquelas inteligências que começaram a aparecer de forma tênue em 2001 eram, na realidade, os Deuses Nórdicos que começaram a entrar em contato comigo e a me guiar para que eu finalmente fosse digno de recebê-los e de comungar com Eles!
Agora eu não tenho mais dúvidas, pois sempre que eu entro em comunhão com os Deuses Nórdicos eu sinto a presença e a energia Deles, de uma forma tão forte que eu não tenho a menor dúvida sobre a existência Deles, de uma forma tão clara que não me resta a menor dúvida sobre a identidade dos mesmos e mais que isso, de uma forma tão marcante que hoje eu tenho certeza de que os laços que me unem a Eles são fortes e eternos! Afinal de contas, a Verdadeira Vida não termina com a destruição desse corpo físico, que é passageiro e, portanto, minha relação com os Deuses Nórdicos já vem de outras existências...

Em Companhia dos Deuses

Uma vez que eu descobri, ou melhor, redescobri os Deuses que estão relacionados comigo, continuei em minha incansável busca para o meu aprimoramento espiritual. Afinal de contas, continuo sendo um místico rosacruz, sendo que a única diferença é que agora eu sei quem é(são) o(s) Deus(es) de Meu Coração e de Minha Compreensão!
Resumindo, entrei para a Aliança da Águia Visigoda, através da lista de discussão "Hermandad Odinista del Sagrado Fuego", e passei a trocar e-mails com o Gudja Hoen Falker e com o GrimmWotan. Aliás, foi o GrimmWotan quem me auxiliou a descobrir que o meu Deus Patrono é Odin!
Nesse meio tempo, pertenci a Aurum Solis, uma ordem de magia e theurgia com sede no Canadá. Eu pratiquei os rituais diários que me passavam por um período aproximado de seis meses, mas acabei saindo da ordem.
Depois pertenci a Hermetic Order of Golden Dawn, uma ordem de magia com sede nos Estados Unidos. Praticava diariamente o Ritual Menor de Banimento do Pentagrama, Ritual de Banimento do Hexagrama e o Ritual do Pilar do Meio. Ao acordar de manhã eu fazia as minhas meditações e comunhões com os Deuses Nórdicos, como de costume, e de noite praticava os rituais da Golden Dawn. Fiz isso durante um ano, e no transcorrer desse período comecei a perceber e sentir a presença de uma Entidade Espiritual poderosa ao término do Ritual do Pilar do Meio, quando permanecia por um tempo com os olhos fechados e em estado receptivo. Com o auxílio de meu Tutor, que me indicou uma técnica para “fazer com que a Entidade se identificasse”, eu descobri que essa Entidade era Odin! Eu já costumava comungar com Odin durante as minhas práticas matinais, e quando Ele se identificou no Pilar do Meio, eu reconheci e senti que era Ele mesmo! A partir desse momento, sempre ao término do Pilar do Meio eu passei a sentir a presença e a energia de Odin com uma força incrível!
Eu já devia esperar por isso, pois afinal de contas, Odin é meu Deus Patrono, e dentre outras coisas, é o Deus da Magia e da Sabedoria. Compreendi que eu devia procurar uma ordem de magia relacionada ao Odinismo e ao paganismo nórdico, mas não sabia onde encontrá-la. E mais uma vez o Cósmico veio em meu auxílio!
Mandei um texto meu para o Gudja Hoen Falker da lista de discussão "Hermandad Odinista del Sagrado Fuego", sem nenhuma pretensão. O texto relacionava a Árvore da Vida Cabalística com alguns aspectos do Paganismo Nórdico, e eu perguntei se poderia mandar esse texto para a lista dele. Ele falou que sim, e mais que isso, me deu a dica para falar com o GrimmWotan, pois o mesmo estava às voltas com uma Ordem de Magia que tinha a ver com o texto que eu escrevera. Analisando friamente agora, em retrospectiva, eu percebo como as “peças se encaixaram” perfeitamente! Eu já não falava com o GrimmWotan a mais de um ano, tinha perdido o contato. E por incrível que pareça, sem eu desconfiar de nada, aproximadamente durante a época em que ele estava envolvido na fundação da O.T.O. Mundi eu começo a perceber a presença de Odin em meus rituais da Golden Dawn, o que me inspirou a escrever um texto relacionando Cabala e Paganismo Nórdico e, sem motivo aparente, pedir permissão ao Gudja Hoen Falker para enviá-lo para a sua lista, que por sua vez me diz que seria interessante falar com o GrimmWotan sobre o trabalho em que ele estava envolvido! Dessa forma, entrei em contato com o GrimmWotan e entrei para a O.T.O. Mundi, como Frater Hroptatyr.
Dessa forma, hoje em dia eu continuo fazendo as minhas meditações e comunhões matinais diárias com os Deuses e Deusas do Norte da Europa, e de noite eu pratico rituais e exercícios da O.T.O. Mundi. Eu só deixo de praticar exercícios da OTO Mundi de noite nos dias em que pratico os Rituais Sazonais e nos dias em que pratico os Rituais das Luas Cheia e da Lua Escura. Afinal de contas, o dia só tem 24 horas e, além disso tudo, apesar de dormir eu também tenho que trabalhar para me sustentar...!
Portanto, eu convido-os a partilharem de minhas buscas e conclusões através dos textos desse Blog! Que os meus textos sirvam de inspiração aos leitores.
Boa leitura e descobertas...

Frater Hroptatyr