domingo, 22 de novembro de 2009

Vodan ( Poema )

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Vodan, dos nove mundos é o Senhor,

Vodan, que de Asgard é rei,

Vodan, de ti vem o êxtase e o furor,

Vodan, a quem fidelidade jurei.

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Foi no poço de Mimir,

Que de suas águas quis beber,

E para isso conseguir,

Um de seus olhos teve que ceder.

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A troca efetuada,

Caolho Ele ficou,

Mas a visão foi aumentada,

Pois a consciência multiplicou.

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Além da aparência,

Agora Ele enxerga,

Das coisas, a essência,

Agora Ele penetra.

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Vodan, dos nove mundos é o Senhor,

Vodan, que de Asgard é rei,

Vodan, de ti vem o êxtase e o furor,

Vodan, a quem fidelidade jurei.

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Na Yggdrasil se enforcou,

Oh grande Deus sacrificado,

Por nove dias ao vento balançou,

Pelas intempéries fustigado.

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Com grande força de vontade,

Não se entregou ao sofrimento,

Sempre em busca da Verdade,

Até o último momento.

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E no momento derradeiro,

quando a morte o visitou,

das runas um mestre verdadeiro,

Ele se tornou.

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A Luz se apagou,

E o caos imperou,

Mas quando Ele ressuscitou,

A Luz mais forte brilhou!

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Vodan, dos nove mundos é o Senhor,

Vodan, que de Asgard é rei,

Vodan, de ti vem o êxtase e o furor,

Vodan, a quem fidelidade jurei.

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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Disir ( Poema )

Se aparecerem as Disir,
Boa sorte Elas trarão,
Pois se estão a te sorrir,
Podes contar com proteção.

Mas prestes bem atenção,
Se não há sangue na visão,
Pois se isso acontecer,
É sinal que vais morrer!

Espíritos ancestrais,
Te ajudam a nascer,
Espíritos celestiais,
Te ajudam a vencer.

Se aparecerem as Disir,
Saberás o que vai acontecer,
Pois se conselhos pedir,
A Verdade Elas vão fornecer.

Conosco Elas sempre estão,
Desde a hora de nascer,
E são Elas que nos acolherão,
No momento de morrer.


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sacrifício de Odin


Esse episódio da Tradição Nórdica refere-se ao auto-sacrifício de Odin na Yggdrasil, onde ficou enforcado por nove dias e nove noites a fim de obter os segredos das runas e dos nove mundos. Foi na nona noite que ele morreu e ressuscitou, obtendo assim a sabedoria das runas e de todo o Cosmos.
De acordo com a Tradição Nórdica, as runas contém todos os segredos do Universo. São vinte e quatro símbolos de poder que resumem todas as leis que regem os nove mundos. O Deus Odin, visando adquirir esse conhecimento, sacrificou-se na Árvore do Mundo, Yggdrasil. Depois de se ferir mortalmente com a sua própria lança, chamada de Gungnir, ele se enforcou na Árvore do Mundo, ficando pendurado na mesma durante nove dias e nove noites, sem comer e nem beber, agonizando à mercê do vento e do clima frio. Enquanto ele morria, a Terra foi escurecendo, a Yggdrasil foi definhando e os poderes do caos começaram a ficar cada vez mais fortes. O auge da escuridão aconteceu na nona noite, com a morte de Odin. Nesse instante toda a luz do Universo se apagou, o caos imperou, e o fim da Terra parecia iminente, dominada pelos Gigantes e demais entidades maléficas ao ser humano.
Mas foi durante esse período caótico que Odin, liberto de seu corpo, viajou pelos nove mundos e obteve, livre das limitações do tempo e do espaço, todo o conhecimento do Universo. Compreendeu o mistério das runas, tornando-se mestre das mesmas. E ao adquirir esse conhecimento, ressuscitou mais forte e mais sábio do que nunca. Yggdrasil brilhou com uma luz tão intensa que expulsou de vez todas as forças do caos da Terra. . É o retorno da Luz Divina, quando Odin descobriu os segredos das runas, afastando de vez as trevas diante da Luz Divina de Odin.
Esse episódio também representa todas as dificuldades que temos que passar se queremos conquistar algo de valor em nossa vida. Significa que nada vem de graça e que somente com trabalho e esforço conseguiremos atingir as nossas metas. Da mesma forma que Odin se sacrificou para obter o segredo das runas, nós também teremos que nos sacrificar se quisermos atingir nobres objetivos. Teremos que nos esforçar e trabalhar se quisermos fazer as coisas acontecerem e, da mesma forma que Odin ficou pendurado na Yggdrasil, também iremos passar por dificuldades, pois as forças da inércia irão se opor aos nossos esforços para progredir. E da mesma forma que Odin não desistiu de seus objetivos, nós também teremos que ter força de vontade e perseverança a fim de vencermos os obstáculos que irão surgir em nosso caminho.
E da mesma forma que Odin morreu e ressuscitou com o conhecimento das runas, quando tudo nos parecer perdido e sem esperança, uma luz finalmente irá brilhar e nos iluminar o caminho. Apesar de todas as dificuldades, temos que manter nossos objetivos em mente, pois dessa forma nossos esforços finalmente serão recompensados. Se nossos objetivos são justos, depois da tempestade o céu finalmente vai clarear, e as coisas começarão a dar certo, nos aproximando cada vez mais de nossas metas.
Portanto, tal qual Odin, que nós sejamos fortes, que mantenhamos a fé, a perseverança e a força de vontade diante das dificuldades. E que nossa vida seja iluminada, fazendo-nos descobrir os segredos que nos permitirão vencer nossos obstáculos. E tal qual Odin voltou mais sábio e forte, que nossos projetos e objetivos comecem a se concretizar.

sábado, 10 de outubro de 2009

Cosmogênese Nórdica e a Árvore da Vida Cabalística

O princípio era Trino, não era Uno. Existia um grande vazio, o Vácuo Infinito, conhecido por Ginnungagap. Num canto desse vazio existia Musphell, a Terra do Fogo, a Expansão e Calor Infinitos. Pura Atividade, sem forma alguma, é energia ao infinito, completamente desvinculado de matéria ou forma. Se algo começa a tomar forma em Musphell, no mesmo instante essa formação se desintegra, pois o princípio desse mundo é mudança e atividades constantes. E em outro canto do Ginnungagap existe Niphell, a Terra da Névoa e do Gelo, a constrição e frio infinitos, sem atividade alguma, lugar das formas estáticas e sem energia. Pura forma, tudo é gelado e estático, pois não há energia para animar essas formas inertes.
O Ginnungagap, Musphel e Niphel são completamente incompatíveis, não fazem parte da mesma essência e sempre existiram. Apesar de incompatíveis, fagulhas de Musphel voaram através do Ginnungagap em direção a Niphel, enquanto a névoa gelada de Niphel invadiu o Ginnungagap, indo em direção a Musphell. Quando o Fogo de Musphell se encontrou com o Gelo de Niphell, no meio do Ginnungagap que os separava, houve uma reação que conciliou os dois opostos, dando origem ao Gigante Ymir. Por sua vez, Ymir deu origem à raça dos Gigantes, que foram os primeiros seres a habitarem o Cosmos recém-criado. Porém não era o Cosmos que conhecemos, pois ele estava envolto no Caos.
Dessa forma, a Unidade nunca existiu de fato. O que é eterno é a Trindade, ou seja, duas forças extremas e opostas, representadas por Musphell e Niphell, as quais encontram-se separadas por uma terceira potência, representada pelo Guinnungagap, que é o Vácuo Absoluto. Apesar do Vácuo Original separar os pares de opostos extremos, é o próprio Ginnungagap que também serve de intermediário entre os opostos, conciliando-os na criação do Cosmos, representado pelo Gigante Ymir.
Esse Universo, porém, não era o Universo conhecido atualmente. Era um mundo caótico e desprovido de ordem, pois para que haja ordem é necessária a ação de uma inteligência, coisa que não existia. Esse estado desorganizado é representado pelo Gigante Ymir e sua prole, numa época em que ainda não existiam as Leis da Natureza conforme existem hoje, pois as mesmas ainda não tinham sido formuladas.
Em meio a esse Caos nasceram, filhos de um casal de Gigantes, os três primeiros Deuses Aesires: Odin e seus dois irmãos, Vili e Vê. Esses três Deuses não gostavam do Caos em que viviam e, portanto, mataram o Gigante Ymir, pois Odin queria implantar a ordem e, com isso, propiciar o progresso das futuras criaturas que iriam habitar o Universo. Com isso, a prole de Ymir morreu toda afogada no sangue do Gigante Primordial. Os poucos Gigantes que restaram foram expulsos do Cosmos, fugindo para Jotumheim, a Terra dos Gigantes, que fica no limite do Universo com o Nada Absoluto.
E do corpo do Gigante Ymir os três Aesires Originais fizeram o Cosmos como existe hoje em dia, sendo que Odin ficou sendo o Rei de Asgard, ou seja, Rei dos Aesires.
Isso ilustra a passagem do caos para a ordem, e como Odin veio a se tornar o Rei dos Aesires, pode-se considerar esse fato como um indício de que o mentor intelectual dessa façanha foi Odin, auxiliado pelos seus dois irmãos, que o ajudaram a colocar o seu plano em prática.
Foi Odin quem arquitetou o Universo, criando as leis da natureza e organizando o Cosmos, fazendo-o funcionar como uma máquina perfeita, seguindo regras constantes e imutáveis. Odin é a Mente Cósmica por detrás de todo o universo. Dessa forma, Odin é o Grande Arquiteto do Universo.
O G.’.A.’.D.’.U.’. é o Deus Odin, pois foi ele o mentor intelectual do Cosmos, mas Odin não é o único Deus que existe. Apesar dele ser o mentor intelectual, foi auxiliado pelos seus dois irmãos, os Deuses Vili e Vê.
Odin dividiu o Cosmos em Nove Mundos, sendo todos eles interligados pela Yggdrasil, a árvore que dá suporte ao Universo. Em resumo, esses nove mundos são:

a-) Asgard, a Terra dos Deuses Aesires, onde o Deus Odin é o rei.
b-) Alfheim, Terra dos Elfos de Luz, onde o Deus Frey é o rei.
c-) Midgard, é onde nós humanos vivemos.
d-) Jotunheim, é a Terra dos Gigantes
e-) Vanaheim, é a Terra dos Deuses Vanires.
f-) Musphelheim, é o próprio Musphell, ou Terra do Fogo.
g-) Niflheim, é o próprio Niphell, ou Terra do Gelo.
h-) Svartalfheim, a Terra dos Elfos Escuros
i-) Nidavellir, Terra dos Anões, fica abaixo de Midgard

Numa região de Niflheim fica um lugar conhecido como Hel, a Terra dos Mortos, cuja rainha é a Deusa Hella.

Essa é a cosmogênese de acordo com o Paganismo Nórdico. Resolvi, então, comparar os elementos do Paganismo Nórdico com outras Tradições, como o pitagorismo, pois tal filosofia influenciou fortemente o pensamento ocidental. De acordo com Pitágoras, a base do Universo são os números, pois eles são a essência de tudo. Foi Pitágoras quem inventou o termos Kosmos, que significa princípio ordenador, onde tudo tende à harmonia. Por isso mesmo os pitagóricos costumavam se referir ao Geômetra do Universo, pois tudo no Cosmos era explicado por relações numéricas, pensamento que os cabalistas iriam retomar cerca de mil anos depois, e a ciência oficial bem mais tarde!
Para os seguidores de Pitágoras todo o Universo era explicado pela Tetraktys Sagrada, que eram os números de 1 a 10. Esses dez números eram os responsáveis por explicar tudo o que existia, filosofia parecida com a dos cabalistas da Idade Média, que chamaram os números de 1 a 10 de sephirat, ou esferas, e chamaram esse esquema de Árvore da Vida (Otz Chiim), da mesma forma que os pitagóricos fizeram com a Tetraktys Sagrada na Antiguidade.
Já que é assim, vou tentar montar um esquema baseado em Dez Esferas de Influência, e vou chamá-lo de Árvore da Vida Nórdica, obtendo parte de minha inspiração no trabalho do Frater Oxi Ziredo, denominado “ Aigin Handugei”. Afinal de contas, de acordo com Lavoisier: “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”...

A Árvore da Vida Nórdica

Na árvore nórdica não houve um início, pois Ginnungagap, Musphell e Niphell sempre existiram. Já para os pitagóricos, o Uno, ou Fogo Central, era a origem de todos os números, assim como para a Cabala o inicío ocorre com a emanação da sephirat número UM, chamada Kether. Para Pitágoras o Uno se manifesta através do Dois e se conscientiza através do Três, o que pode ser apreendido quando os cabalistas dizem que de Kether foi emanada Chokmah, e de Chokmah foi emanada Binah, formando as três sephirot superiores. Essas Três Sephirot Superiores constituem o Mundo dos Arquétipos, o qual pode ser entendido como sendo o Mundo da Idéias, preconizado por Platão séculos antes, na Antiguidade.
Só que os cabalistas tinham um problema, pois se a primeira sephirat foi emanada, é sinal de que existia algo anterior à própria existência, e apesar de se querer explicar o que havia antes de Kether, não tinham como fazê-lo
Portanto, na árvore cabalística existem os 3 Véus da Existência Negativa. Na árvore nórdica isso não existe. Eis a primeira diferença. Na árvore nórdica não há nada desconhecido, pois tudo está representado na mesma.
O desconhecimento do que existia antes do início, simbolizado pelos Véus da Existência Negativa, foi substituído pela existência eterna do Ginnungagap, de Musphell e de Niphell, que embora sejam nomeados, também são estados de existência impossíveis de serem imaginados pela mente humana, pois são estados de existências extremas (Vácuo Infinito, Calor e Expansão Infinitos, Frio e Constrição Infinitos). Sendo tais elementos completamente transcendentais, vou considerar que o Mundo das Idéias Arquetípicas seria formado por eles. Dessa forma, a Primeira Esfera corresponderia ao Ginnungagap, a Segunda Esfera corresponderia a Musphell e a Terceira Esfera corresponderia a Niphell.
Para os seguidores de Pitágoras, o Cosmos era formado pela harmonia entre pares de opostos, que eles dividiam entre números pares e infinitos de um lado, e números ímpares e finitos do outro, conceito esse que os cabalistas da Idade Média representaram através da segunda e da terceira sephirat, sendo Chokmah a Potência Masculina e Positiva ao Infinito e Binah a Potência Feminina e Negativa ao Infinito.
Tal qual na Kether cabalística, no Ginnungagap todo o Universo já existia em potencial. Mas ao contrário da Kether cabalística, Ginnungagap não representa a Unidade, pois tal Unidade nunca existiu. Dessa forma o Cosmos não foi emanado do Ginnungagap. As coisas já existiam em potencial no Grande Vazio porque foi ele o pano de fundo que propiciou com que Musphell reagisse com Niphell, gerando, dessa conciliação de opostos, o Universo.
Além do mais, de acordo com a Cabala, o Cosmos existe da forma que conhecemos atualmente devido a decisões tomadas em Kether. Ou seja, tudo o que existe foi pré-definido e originado na primeira sephirat. Mas de acordo com a Árvore Nórdica, o Cosmos como existe hoje foi originado por Odin, o Pai Excelso, pois foi Ele quem ordenou o caos e instaurou a ordem, auxiliado por seus dois irmãos. Como Grande Arquiteto do Universo, foi Odin quem formulou as leis da natureza e da ordem cósmica e, portanto, tudo o que existe foi pré-definido e originado por Odin. Ora, isso está de acordo com a definição cabalística do que deveria ter ocorrido na primeira Esfera de Influência e, portanto, eu me sinto à vontade de colocar Odin como representante atual das forças de Ginnungagap. Afinal de contas, foi Odin quem coordenou as forças originadas pela interação entre Musphell e Niphell, formulando como deveria ser o Cosmos, sendo que tais forças se originaram no Ginnungagap. É como se o Pai Excelso fosse a mente que despertou no que era o Grande Vazio, agora preenchido de matéria e energia, a fim de ordenar esse caos e formar um Cosmos regido pela ordem e pelo progresso.
Resumindo, com a interação entre as forças de Musphell com as de Niphell, o Ginnungagap foi preenchido pelo Caos, que devido a iniciativa e planejamento de Odin, esse Caos foi transformado em Ordem, originando o Cosmos, que por ser regido por regras fixas e imutáveis propicia o progresso de todos os seres que nele vivem e se desenvolvem. E como Odin é o Rei de Asgard, nada mais natural do que considerar Asgard no nível da Primeira Esfera-Ginnungagap, o nível mais alto a que a compreensão humana pode chegar, habitado pelos Deuses e pelos heróis valorosos.

A Criação e a Unidade

Os discípulos de Pitágoras diziam que o Cosmos foi formado pela harmonização entre os opostos, pensamento esse que foi ilustrado e desenvolvido na Cabala, a qual diz que foi da interação entre Chokmah e Binah que surgiu o Universo tal qual conhecemos, sendo o Cosmos a manifestação resultante da conciliação entre pares de opostos. De acordo com essa linha de pensamento, a primeira coisa a se manifestar foi a sephirot Oculta e sem número, Daath, que raramente aparece nos esquemas da Árvore da Vida Cabalística, e quando aparece é desenhada com linhas pontilhadas. E da mesma forma que no caso da cosmogênese nórdica, Daath representa o estado de Caos inicial, estado esse que foi ordenado pelo G.'.A.'.D.'.U.'., sendo que esse processo de ordenação é representado pela emanação das outras sete sephirot que compõem a Otz Chiim. E talvez seja por isso que Daath não apareça tradicionalmente na Árvore da Vida Cabalística, pois a ordem cósmica é representada pelas Dez Sephirot tradicionais, numeradas de Um até Dez (alguém lembrou da Tetraktys Sagrada de Pitágoras?). E como o Cosmos encontra-se atualmente ordenado, Daath deixou de existir nesse esquema de Ordem. Ela é apenas uma sephirat intermediária entre o Mundo das Idéias Arquetípicas das Três Sephirot Superiores e o Cosmos perfeitamente ordenado e manifestado, representado pelas Dez Sephirot Tradicionais que compõem a Otz Chiim. E por representar o Caos Inicial, Daath também é a conexão com as Qliphot, ou seja, as representações das sephirot em desequilíbrio.
Portanto, já podemos perceber que, em nossa Árvore Nórdica, a Esfera Intermediária também existe, pois a primeira coisa a se manifestar com a conciliação das forças opostas de Musphell e Niphell foi o Gigante Ymir, representação do Universo Caótico Primordial, ou seja, o que em Thelema se chama o Grande Abismo.
E nesse ponto vem a inovação: a Esfera Intermediária seria a representação da Unidade! Ela representaria a Unidade da Criação, pois o Cosmos é um só. Tudo o que existe encontra-se ligado com o Todo, formando uma grande rede cósmica, interligando tudo através das mesmas leis da natureza, leis essas que foram formuladas por Odin e que mantém a ordem cósmica.
Por ser intermediária, todo o indivíduo que pretende trilhar o caminho da Iluminação terá que passar, mais cedo ou mais tarde, por essa Esfera de Influência. Ela é o Abismo profundo e tenebroso que separa o mundo da manifestação que conhecemos do mundo divino que está além da nossa compreensão atual.
Como essa Esfera de Influência representa a Unidade, ela está acima do mundo das dualidades, representado pelas sete Esferas de Influência inferiores. O mundo das dualidades é o nosso mundo, dividido entre pares de forças opostas não conciliadas e desequilibradas. Enquanto permanecermos no mundo ilusório das dualidades, estaremos em desequilíbrio e, portanto, estaremos sobre influência de forças externas e completamente fora de nosso controle. Seremos joguetes do destino e escravos da ignorância. Isso ocorre porque se mantermos os opostos não conciliados dentro de nós mesmos e em nossas vidas, estaremos refletindo o estado primordial, com Musphell separado de Niphell pelo Ginnungagap, e isso representa a Não Manifestação. Dessa forma, mantermos os opostos desequilibrados e não conciliados significa que vivemos num Grande Vazio Interior, pois a nossa Verdadeira Essência ainda não se manifestou nesse mundo.
Ao conciliarmos os opostos dentro de nós mesmos e em nossas vidas, estaremos manifestando a nossa Verdadeira Essência no mundo, pois teremos atingido o Abismo e, portanto, estaremos refletindo a interação de Musphell com Niphell na criação do Cosmos. Mas lembrem-se que o Abismo é profundo e tenebroso, e ao entrarmos nele poderemos ficar perdidos em suas trevas. Extasiados com a Unidade, poderemos ficar reféns de nosso próprio ego, que com sentimentos egoístas nos impede de prosseguir.
Da mesma forma que a primeira coisa a se manifestar com a interação de Musphel e Niphell foi o Universo Caótico do Gigante Ymir, a primeira coisa a surgir com a conciliação dos opostos será o Caos Interior, onde enfrentaremos os nossos medos e as nossas ilusões. Será um novo estado mental completamente desconhecido e, portanto, ainda sem controle, com uma grande confusão interior ocasionada pelo fato de estarmos adentrando num mundo completamente além de nossa capacidade intelectual atual. As dúvidas que nos ligam ao mundo das dualidades irão nos perseguir e nos tentar. Além disso, sempre que entramos em algo novo, sem conhecimento e experiência, nos sentimos confusos e, se a confusão for muito grande, corremos o risco de perder o controle e simplesmente enlouquecer em meio ao Caos. Afinal de contas, para aprender a andar de bicicleta teremos que levar alguns tombos!
Porém, com a ajuda de Odin, teremos o discernimento, a disciplina e a vontade necessários para colocar os nossos pensamentos e sentimentos em ordem. Tal qual o Pai Excelso que organizou o Caos original, nós iremos descobrir a nossa Verdadeira Vontade e, com isso, instaurar a Ordem em nosso interior e, dessa forma, tendo pleno controle da situação, iremos conseguir cruzar o Abismo, rumo a Asgard, no mundo das Três Esferas Superiores. Daí sim iremos manifestar a nossa Centelha Divina, pois estaremos refletindo, a nível pessoal, o que Odin fez a nível macrocósmico na criação do Universo: estaremos implantando a Ordem no caos, a fim de obtermos o progresso. E como dizem na maçonaria: com o auxílio do G.'.A.'.D.'.U.'. iremos transformar a nossa pedra bruta em pedra polida.
É somente cruzando a Esfera Intermediária e passando pelas provações do Abismo é que conseguiremos sair do mundo atual das dualidades para adentrarmos em Asgard, a morada dos Deuses. Na mitologia nórdica, o único caminho que liga Midgard à Asgard é a Ponte Bifrost, também conhecida como Ponte do Arco-Íris. E protegendo os portões de Asgard, ao término do Bifrost, está o Deus Heimdallr, que só deixa passar aqueles que são dignos de entrar. A função de Heimdallr é impedir que os Gigantes e as pessoas indignas consigam entrar em Asgard. Dessa forma, o Deus associado a essa Esfera é Heimdallr, que só deixa passar aqueles que conseguirem por ordem em seu caos interior.
A Esfera Intermediária-Heimdallr é o ponto no meio do círculo, pois tudo o que existe atualmente teve lá a sua origem, pois é dali que as forças constantemente geradas pela interação entre Musphell e Niphell passam para o Cosmos que conhecemos. Além do mais, todos que pretendem alcançar Asgard terão que se dirigir para a Esfera Intermediária-Heimdallr, para que com o auxílio de Odin possam tomar posse de sua Verdadeira Vontade e finalmente cruzar o Bifrost, indo habitar com os Deuses.

As Esferas Abaixo do Bifrost

Continuando a minha análise, vou divagar um pouco sobre o restante da Árvore Nórdica, analisando rapidamente cada uma das sete Esferas restantes.

a-) Esfera da Construção-Thor

(Obs.: Esta esfera de influência, aprendida pelos pitagóricos sob outros nomes, foi chamada pelos cabalistas muito tempo depois de Chesed.)

É nessa Esfera de Influência que os planos divinos formulados por Odin estão esquematizados, pois as Forças dessa Esfera é que são responsáveis pela manutenção do Cosmos. Uma vez que o Universo foi criado, é a Esfera de Formação a responsável por manter a ordem no mesmo, certificando-se de que o esquema original continue funcionando.
Ela também representa as forças construtivas do Cosmos e, portanto, responsável pela prosperidade. Além disso, essa Esfera também representa a Misericórdia, atuando no consolo e proteção dos mais necessitados.
Essa Esfera é regida pelo Deus Thor. Thor é filho de Odin com Jord, Deusa da Terra. Thor é um Deus da natureza, do trovão e da fertilidade, pois é o responsável pelas chuvas que fertilizam a Terra e, portanto, está relacionado com as forças construtivas do planeta que propiciam a prosperidade do povo, através de terras férteis.
Enquanto o seu pai Odin era adorado pelos reis, nobres e guerreiros, Thor era mais adorado pelos agricultores e pelo povo mais humilde, pois Thor era o Deus responsável pela proteção dos mais fracos e, dessa forma, compatível com a Misericórdia.
Thor também era o campeão de Asgard, o inimigo número um dos Gigantes e defendia a Terra de todos os ataques dos terríveis Jotuns, que eram os Gigantes que viviam em Jotunheim. Como os Gigantes representam as Forças do Caos, a constante luta de Thor contra os mesmos significa que Thor é uma força ativa na manutenção da Ordem pré-estabelecida por Odin, o que está de acordo com as características dessa Esfera. Odin, o G.’.A.’.D.’.U.’., estabeleceu a Ordem matando e expulsando os Gigantes, e Thor mantém essa Ordem impedindo que os mesmos retornem para a Terra.

b-) Esfera da Destruição–Tir

(Obs.: Esta esfera de influência, aprendida pelos pitagóricos sob outros nomes, foi chamada pelos cabalistas muito tempo depois de Geburah.)

Essa Esfera é oposta a Esfera da Construção e representa as Forças de Destruição. Tudo o que está em desequilíbrio é destruído por ação dessa Esfera. Dessa forma, essa Esfera garante que tudo que tenha dado errado possa ser concertado. Ela também é chamada de esfera da Severidade e Justiça, pois ela representa a Justiça Cósmica, sempre imparcial e punindo aqueles que transgridem as leis da natureza.
Por isso essa Esfera estaria associada ao Deus Tir, Deus da guerra, das atividades bélicas, da justiça, da severidade e da honra. Os guerreiros, antes de irem para a guerra, invocavam os Deuses Tir e Odin. Assim como Odin, Tir também recebia sacrifícios em agradecimento a uma batalha vencida.
Era costume entre alguns povos nórdicos da Antiguidade realizarem julgamentos invocando-se a presença de Tir. Fazia-se uma fogueira e as partes em contenda invocavam a presença de Tir para que o Deus fizesse justiça e indicasse o culpado. As partes em litígio tinham, então, que colocar a mão na brasa, em óleo ou em água fervendo. Tir, Deus da justiça, iria dar força e coragem ao justo, e ia fazer com que seus ferimentos fossem leves. Por outro lado, com sua severidade iria punir o culpado, ocasionando um medo e uma covardia tão grande que faria com que o infeliz desistisse do julgamento, o que serviria como ato de confissão da culpa. Mas se o coitado insistisse em continuar com a cerimônia, Tir provocaria dores e ferimentos tão atrozes no culpado que ele não resistiria e confessaria o crime de que era acusado. É daí que surgiu a frase: “Eu ponho a mão no fogo como é verdade”.

c-) Esfera do Equilíbrio–Baldhur

(Obs.: Esta esfera de influência, aprendida pelos pitagóricos sob outros nomes, foi chamada pelos cabalistas muito tempo depois de Tipharet.)

Essa Esfera representa o equilíbrio entre as forças de construção e destruição do Cosmos, representa a manifestação perfeita, pois ela é o que equilibra e harmoniza todas as forças que agem na Árvore da Vida. Nela os pares de opostos se equilibram em perfeita harmonia, propiciando a manifestação da Luz Espiritual em sua maior beleza. Por isso um de seus símbolos é o Sol, pois aquele que consegue o equilíbrio interior faz sua Centelha Divina brilhar na Terra. Quem atinge essa Esfera se ilumina com a Luz Divina e abandona a velha vida para renascer uma nova pessoa. Portanto ela também representa a morte e o renascimento necessários para se atingir a maestria.
Ao cruzar o Bifrost, na Esfera Intermediária, nós transcendemos o mundo da dualidade e da dúvida, nos tornando integros e plenamente cientes de nossa natureza divina. Porém é na Esfera do Equilíbrio onde ocorre a preparação prévia para se prosseguir rumo ao Bifrost, pois é aqui que conseguimos deixar as forças opostas que agem em nós em perfeito equilíbrio. Se tentarmos cruzar o Abismo com as forças desequilibradas, Heimdallr irá intensificar essas forças ao infinito e, como resultado do desequilíbrio inicial, seremos despedaçados. Mas se tentarmos cruzar o Bifrost com as forças previamente equilibradas na Esfera do Equilíbrio, quando tais forças forem intensificadas ao infinito o equilíbrio perfeito resultará na manifestação de nossa mais pura Essência, a qual deverá ser ordenada pela nossa Verdadeira Vontade, a fim de que possamos seguir rumo a Asgard.
Portanto eu considero que essa Esfera é regida pelo Deus Baldhur, filho do Deus Odin com a Deusa Frigga. Baldhur é o deus da pureza e da harmonia. Baldhur é o Deus responsável pela conciliação das partes em confronto e, por sua atitude equilibrada e justa, é considerado o Deus da paz. Baldhur é o Deus capaz de harmonizar as forças conflituosas em nosso interior, nos propiciando atingir a Paz Profunda.
Baldhur também representa a Iniciação, pois ele também é considerado o Deus da morte e do renascimento, pois de acordo com o mito do Ragnarok, com a morte de Baldhur o mundo acaba, mas Baldhur irá renascer com um novo mundo de paz e harmonia.

d-) Esfera da Essência–Freya

(Obs.: Esta esfera de influência, aprendida pelos pitagóricos sob outros nomes, foi chamada pelos cabalistas muito tempo depois de Netzach.)

Essa Esfera representa os sentimentos e a essência de todas as coisas. Nela as forças que irão agir na formação do Cosmos já existem em essência, mas ainda não possuem uma forma definida. Essas forças são fluídicas, variando constantemente de forma. Não existem almas individuais, e sim almas grupo e, portanto, tais forças ainda são genéricas e não estão associadas a nenhuma forma ou representação específica. Por isso as forças sob ação dessa Esfera são justamente as emoções.
Dessa forma, a Deusa que rege essa Esfera é a Deusa Freya, irmã do Deus Frey e filha do Deus do mar Njord com a Giganta das montanhas Skadi.
Freya é a Deusa do amor e, portanto, tem pleno controle sobre as emoções humanas. Além do mais, ela controla a essência de todas as coisas, pois como mestra da arte do Seidhr, ela viaja pelos Nove Mundos e altera a realidade, manipulando a essência do próprio mundo material.
A Deusa Freya também é uma Deusa da fertilidade e, portanto, essa Esfera é responsável pela essência vital que se insufla na matéria, o que faz com que a vida seja um fenômeno a se manifestar por todo o Cosmos.

e-) Esfera da Forma–Loki

(Obs.: Esta esfera de influência, aprendida pelos pitagóricos sob outros nomes, foi chamada pelos cabalistas muito tempo depois de Hod.)

Essa é a Esfera da inteligência e do raciocínio, sendo o que dá forma às energias difusas da Esfera-Freya. A Esfera-Freya é a essência, enquanto a Esfera-Loki é a forma. Aqui as forças genéricas e indefinidas da Esfera-Freya tomam uma forma específica, criando uma individualidade própria. As forças não são mais fluídicas, pois aqui elas adquirem uma forma fixa. Loki representa o nosso intelecto, pois é ele que, através do pensamento lógico, transforma as nossa idéias e sentimentos abstratos em fatos palpáveis e úteis.
Sendo Loki, irmão adotivo de Odin, o Deus mais esperto e inteligente dos Nove Mundos, as forças dessa Esfera estariam sob regência do Deus Loki. Da mesma forma que o nosso intelecto puro, baseado somente na lógica, pode nos iludir e nos dar falsas idéias frente aos fatos complexos da vida, Loki também gosta de confundir e enganar as pessoas. Porém, sempre que Loki se encontra em situação ruim, ele usa de sua astúcia para reverter a situação e acaba saindo da mesma com vantagens úteis a ele e aos Deuses. Da mesma forma, quando nos encontramos em apuros, são as forças de Loki que fazem com que nosso intelecto ache uma saída proveitosa para nós.

f-) Esfera da Formação–Nornes

(Obs.: Esta esfera de influência, aprendida pelos pitagóricos sob outros nomes, foi chamada pelos cabalistas muito tempo depois de Yesod.)

Essa Esfera representa o Plano Astral, que é a base para a formação do plano terreno. Nela está a quinta-essência, que é a essência dos quatro elementos que irão formar o plano terreno, de acordo com os filósofos gregos. Embora a quinta-essência seja a base para a formação dos quatro elementos, ela não pertence ao plano material, porém tudo o que acontece no plano terreno é resultado das transformações que ocorrem no plano astral, representado por essa Esfera. Se algo se manifesta no plano terreno, é por que esse fato se manifestara antes no plano astral. Essa Esfera também representa o nosso subconsciente, pois da mesma forma que o plano astral é a base para as manifestações do plano terreno, o nosso subconsciente também é a base para a maioria de nossas ações e emoções.
Por isso quem rege essa Esfera são as Três Nornes. São elas as responsáveis por entrelaçar a rede do destino. São elas que definem, baseadas em nossas atitudes, quais devem ser as reações às nossas ações, pois elas levam em consideração a inter-relação entre todas as coisas do Universo. Tudo o que acontece no mundo ocorre porque foram as Nornes que teceram os fatos na teia cósmica.
Elas são três:
=> Urd, responsável por levar em consideração todos os atos do passado.
=> Verdandi: Baseado em todos os atos do passado, é a responsável por decidir o que ocorre no presente.
=> Skuld: Baseado nos atos do passado e do presente, é a responsável por decidir como as consequências desses atos tendem a se desenvolver no futuro.
Uma das formas de se tentar intuir as tendências para o futuro é através da meditação, que nos coloca em contato com as forças das Nornes que regem o nosso subconsciente.

g-) Esfera da Manifestação–Gerda e Frey

(Obs.: Esta esfera de influência, aprendida pelos pitagóricos sob outros nomes, foi chamada pelos cabalistas muito tempo depois de Malkuth.)

Essa é a décima Esfera, que corresponde ao mundo material propriamente dito. Ela representa a própria Terra.
Dessa forma, associei essa Esfera à giganta Gerda, esposa do Deus Frey, que é um Deus da fertilidade. Gerda está relacionada à terra e, portanto, representa as forças naturais que regem o mundo material. Por ser uma giganta, significa que as forças naturais são selvagens e difíceis de se manter sobre controle. Se deixadas agirem livremente, sem interferência da ação humana, a tendência é a destruição de qualquer vestígio da civilização com o passar do tempo. Cidades abandonadas viram ruínas e desaparecem com o passar dos séculos, devido à ação das forças naturais.
Porém, “onde está Gerda encontra-se Frey”. Dessa forma, a Esfera da Manifestação também é regida pela presença do Deus Frey, o que causa a fertilidade da Terra. É Frey o responsável por tornar a terra fértil e de vida abundante. É através da ação das forças do Deus Frey agindo sobre Gerda que desertos e regiões inóspitas podem se tornar áreas férteis e habitáveis.

Assim sendo, o Cosmos permanece em ordem graças à ação dos Deuses Aesires e Vanires, que impedem que os gigantes de Jotunheim invadam novamente o Universo, o que resultaria na implantação do caos.

Bibliografia:

1-) Manual Nórdico - O Texto Rúnico,
Autor: Grimmwotan Idavoll,

2-) The Mystical Qabalah
Autora: Dion Fortune

3-) Deuses e Mitos Do Norte Da Europa
Autora: H.R. Ellis Davidson

4-) Aigin Handugei
Autor: Frater Oxi Ziredo

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Minha Opinião sobre Chokmah

Características

Nome: Chokmah, que significa Sabedoria.

Representação Ocultista Tradicional:
Um homem de barbas.

No livro Sepher Yetzirah, é descrita pelo seguinte texto:
“O Segundo Caminho é chamado de a Inteligência Iluminadora. É a Coroa da Criação, o Esplendor da Unidade, igualando-a. É exaltada acima de tudo, e é chamada pelos Cabalistas de a Segunda Glória”

Títulos dados a Chokmah:
Poder de Yetzirah.
Ah.
Abba.
O Pai Celestial.
Tetragramaton.
Yod do Tetragramaton.

Nome Divino: Jehovah

Arcanjo: Ratziel

Coro Angélico: Auphanim

Energia Mundana: O Zodíaco.

Experiência Espiritual: A visão da Divindade face a face.

Quando em equilíbrio, suas forças manifestam as seguintes Virtudes:
Devoção.

Quando desequilibradas, suas forças manifestam os seguintes Vícios: -

Correspondências no Ser Humano:
A Face esquerda do rosto.

Símbolos:
O Lingam.
O Falo.
O Yod do Tetragramaton.
A Túnica Interior de Glória.
A Pedra de Base.
A Torre.
O Bastão de Poder.
A Linha Reta.

Cartas do Tarot: Os Quatro Dois
a-) Dois de Paus
Domínio.

b-) Dois de Copas
Amor.

c-) Dois de Espadas
Paz Restaurada.

d-) Dois de Ouros
Mudanças Harmônicas.

Descrição

Chokmah é a segunda sephirat. É um estado de existência que passou a existir logo após Kether, a primeira sephirat.
Em Kether nós temos a Unidade Primordial. Nela não há movimento, tudo é estático, pois lá as coisas simplesmente são. Para que o Cosmos pudesse se manifestar da forma que conhecemos, a Unidade Primordial teve que se dividir, pois o Um não pode interagir com nada, pois não havia nada além do Um. Dessa forma Kether deu origem a um par de opostos, surgindo assim a Dualidade. Havendo um par de opostos, tais opostos podiam interagir um com o outro, surgindo a ação e a manifestação de tudo o que conhecemos, pois tudo no Cosmos é o resultado da interação entre forças antagônicas e complementares.
Surgiram assim Chokmah, a segunda sephirat, de onde emanou Binah, a terceira sephirat, formando essas duas o par de opostos original, o qual originou todo o Universo. Apesar de serem antagônicas, ambas possuem a mesma essência, pois Binah e Chokmah representam os polos opostos da mesma essência emanada por Kether, onde ambas existiam sem dualidade.
Porém, ambas não surgiram simultaneamente. Se algo está em equilíbrio, esse estado não irá mudar nunca, permanecendo estático. Para que esse sistema em equilíbrio se modifique e evolua, é necessário causar um desequilíbrio inicial entre suas partes constitutivas. Dessa forma, com suas forças desequilibradas, esse estado inicial se modifica, suas partes se movimentam e se rearranjam, até atingirem uma nova configuração que irá restabelecer o equilíbrio entre todas as forças que o constituem. Mas nesse novo estado de equilíbrio o sistema não mais será como o sistema original. Será um novo sistema, um outro sistema, diferente do sistema original. E assim foi com o Cosmos.
De Kether emanou Chokmah, a Força em Expansão. Chokmah é Força desprovida de forma, é pura energia expansiva sem nada para contê-la. Chokmah foi o impulso inicial na formação cósmica, foi o “Fiat Lux” que tirou o Universo do equilíbrio estático original caracterizado por Kether. Chokmah representa a Vontade Divina querendo se manifestar. Se Kether pode ser representada pelo ponto, Chokmah pode ser representado pela linha reta, que é o ponto expandindo-se ao infinito, sem nada para contê-lo.
Porém no estado de Chokmah, sozinho, nada pode se manifestar, pois apesar da segunda sephirat representar a Dualidade, ela sozinha representa Força em desequilíbrio, que é justamente o que causa o impulso inicial propulsor das mudanças.
Esse estado de desequilíbrio só parou quando de Chokmah foi emanada Binah, a terceira sephirat, o oposto de Chokmah, a forma que iria conter a Expansão Infinita de Chokmah e trazer o equilíbrio novamente ao Cosmos que estava para se manifestar na forma que conhecemos.
Chokmah representa o princípio dinâmico do Universo, sendo o precursor de todas as mudanças. Na Árvore da Vida encabeça a Coluna da Direita, representando a polaridade positiva, ou masculina, de todas as Forças existentes no Cosmos. Porém Chokmah sozinha não tem como se manifestar, pois ela é Pura Atividade e Força elevadas ao Infinito, completamente sem forma, sendo que dessa maneira não há como se construir nada, pois mal uma formação começa a surgir ela já se desfez, pois é isso que Chokmah representa. É uma eterna mudança sempre em atividade. A manifestação só foi possível com a emanação de Binah, o oposto de Chokmah, que representa o princípio Negativo, ou Feminino, do Cosmos. E Expansão Infinita de Chokmah fecunda a Cosntrição Infinita de Binah. A forma inerte de Binah é vivificada pela Energia sem forma de Chokmah, o que faz com que o Universo se manifeste. Assim sendo, da mesma forma que Kether, Chokmah é responsável pela criação e existência do Cosmos, mas não está contida no mesmo, pois representa o Princípio Positivo e Fecundante ao Infinito, e portanto é transcendente. É o conceito mais puro e abstrato de força sem forma que nós podemos ter.
Chokmah é quem fecunda, é ativo, representa atividade, representa o ato de fecundar, representa o Pai Divino. É o pênis ereto adorado pelas bacantes, é o vinho que preenche o cálice sagrado, é o Musphell da mitologia nórdica, o fogo eterno e sempre em expansão que originou o Cosmos.
Chokmah também representa o princípio divino e espiritual que se infunde em toda a matéria, vivificando-a. Da mesma forma que Chokmah não pode se manifestar sem ser contido por Binah, a nossa alma não pode se manifestar sem ser contida por um corpo. E da mesma forma que Binah é inerte sem ser fecundada por Chokmah, o mundo material não existiria se não fosse infundido pela energia e força do mundo espiritual.
A segunda sephirat também representa a luz de nossa Centelha Divina, que nos inspira e orienta. Chokmah também representa a Inspiração Divina, a Luz Divina que nos insita à ação.
Chokmah é a Luz Divina pura, impossível de ser contatada diretamente por um mortal comum, pois se isso acontecesse a sua energia infinita nos desintegraria. Isso é ilustrado pela mitologia greco-romana, quando Semele, uma mulher mortal, tem um caso com o Deus Zeus que a engravida. A Deusa Hera, esposa de Zeus, fica com ciúmes de Semele e a convence de que ela deveria ver Zeus em sua forma original e divina. Dessa forma, quando Semele vislumbra Zeus em sua forma original, a Luz é tão grande que Semele é imediatamente fulminada e queimada pelo fogo divino emanado do Deus. Zeus não consegue salvar a amante, mas consegue salvar o seu filho, o Deus Dionísio, que estava ainda no ventre de Semele. Esse mesmo fato também é ilustrado pela mitologia judaico-cristã, quando Jehovah disse a Moisés: “Não podes olhar a minha face diretamente e sobreviver”.
Isso significa que a Luz Divina é tão forte e intensa, e nós somos tão frágeis e limitados, que em nosso estágio atual de evolução essa Luz tem que nos chegar através de intermediários, ou seja, ela tem que ser convertida e traduzida de uma forma que nós possamos suportar e entender. Esse intermediário seria representado pelo Filho, que na Cabala é a sephirat Tipharet, a sexta sephirat. Na mitologia greco-romana e nos Mistérios Órficos esse intermediário é representado pelo Deus Dionísio, filho de Zeus e responsável por proporcionar a Iluminação aos seus adoradores através do êxtase divino. E na mitologia cristã esse intermediário é representado pelo Cristo, filho de Jehovah.
Em relação à magia, sempre que operamos com forças dinâmicas estamos lidando com o Pilar da Direita, que por sua vez obtém a sua energia de Chokmah.
Em nosso dia a dia, sempre que somos estimulados e inspirados, estamos sofrendo a ação de Chokmah, ou seja, o que nos inspira e estimula está agindo sobre nós com a energia de Chokmah. Por outro lado, sempre que somos pró-ativos, agimos com liderança ou estimulamos alguém, nós estamos manifestando Chokmah através de nossas ações.

Bibliografia:

1-) The Mystical Qabalah
Autora: Dion Fortune

domingo, 27 de setembro de 2009

Minha Opinião Sobre Kether

Características

Nome: Kether, que significa a Coroa.

Representação Ocultista Tradicional:
Um Rei barbudo, de idade avançada, com barbas brancas e visto de lado.

No livro Sepher Yetzirah, é descrita pelo seguinte texto:
“O Primeiro Caminho é chamado de o Admirável, ou de Inteligência Oculta, porque é a Luz que dá o poder de se compreender o Princípio Primeiro, o qual não possui um começo. E ela é a Glória Primordial, pois nenhum ser criado pode atingir a sua essência.”

Títulos dados a Kether:
Existência das Existências.
Oculto dos Ocultos.
Patriarca dos Patriarcas.
O Antigo dos Dias.
O Ponto Primordial.
O Centro do Círculo.
O Altíssimo.
O Grande Semblante.
Cabeça Branca.
A Cabeça que Não É.
Macroprosopos.
Amen.
Lux Occulta.
Lux Interna.
Ele.

Nome Divino: Eheieh

Arcanjo: Metatron

Coro Angélico: Chaioth ha Qadesh

Energia Mundana: Luz Primordial, Radiação de Fundo, Big Bang.

Experiência Espiritual: União com a Divindade.

Quando em equilíbrio, suas forças manifestam as seguintes Virtudes:
Realização.
Execução da Grande Obra.

Quando desequilibradas, suas forças manifestam os seguintes Vícios:
-

Correspondências no Ser Humano:
O Crânio.
A Centelha Divina.

Símbolos:
O Ponto.
A Coroa.
A Swastika.

Cartas do Tarot: Os Quatro Ases
a-) Ás de Paus
Fonte dos Poderes do Fogo.

b-) Ás de Copas
Fonte dos Poderes da Água.

c-) Ás de Espadas
Fonte dos Poderes do Ar.

d-) Ás de Ouros
Fonte dos Poderes da Terra.

Descrição

Kether foi a primeira coisa a se manifestar. Ela é a fronteira entre a manifestação e a Não Existência. Kether é a Unidade, pois tudo já existia em potencial nesse estado. Lembrem-se que cada sephirat é um Estado de Manifestação, e não um lugar. No estado de Kether ainda não existe tempo ou espaço, mas já existe a Alma de tudo que já se manifestou, está se manifestando e irá se manifestar no futuro. Em Kether não existe dualidade, pois tudo é Unidade. Dessa forma, também não existe atividade. É um estado de existência impossível para nós compreendermos completamente, pois está apenas a um passo da Não Existência. É um estado onde as coisas simplesmente “São”, e mais nada. Kether não é nem Luz e nem Escuridão, pois ambas ainda são uma única coisa em Kether, onde tudo é Unidade e onde não existe Dualidade. É a essência, sem forma ou movimento, sem atividade alguma, pois não há como ter atividade se tudo é Unidade. É o ponto mais alto onde a nossa mente abstrata pode alcançar. Kether é a primeira coisa que podemos conceber como diferente da Não Existência. Por isso, em relação ao ser humano, Kether é a Centelha Divina, ou seja, é a nossa Alma.
É representada como um rei em perfil, pois somente uma de suas faces é visível para nós, sendo a outra face eternamente oculta. É assim, pois Kether é a manifestação do que está por detrás dos Véus da Existência Negativa e, portanto, é a interface entre o Incriado e a Criação. Em Kether é onde ocorre a transformação daquilo que vem da Existência Negativa em algo que existe. Dessa forma, a parte de Kether voltada para os Véus da Não Existência é impossível de vermos. Só temos acesso à face que está voltada para o mundo manifesto, que é até onde podemos chegar.
É considerado um Rei, pois tudo foi gerado a partir de Kether, conforme as suas determinações. O Universo é de acordo com o que está escrito em Kether, que é a Fonte Unitária de tudo o que existe. As coisas só existem porque assim foi determinado nessa sephirat. Convém aqui salientar que o Universo não é a manifestação de Kether, e sim é uma consequência do que foi feito nesta sephirat. Por isso que ela também está representada pela coroa, pois embora seja a base da manifestação, não está contida nela, pois está acima e além dela.
Em Kether existem infinitas manifestações em potencial. Nesse estado não apenas existe o nosso Universo em potencial, mas também existem infinitas outras possibilidades de Universos que não estão se manifestando. Passado, presente e futuro, com todas as suas infinitas possibilidades de ação, existem simultaneamente. Por isso Kether é a Unidade. É o rei, pois é em Kether onde é determinado quais desses Universos e possibilidades irão se manifestar.
Dessa forma, somente uma parte da energia de Kether se manifesta, decorrente das atividades que nela ocorrem, atividades essas que não temos condições de entender, pois nessa sephirat não existe atividade tal qual a concebemos, pois as coisas simplesmente “São”. É a essência de tudo. Tudo o que existe é uma parte de Kether que se manifesta, mas não é Kether, pois essa sephirat também é muito mais do que tudo o que existe. Dessa forma, ela é imanente e transcendente.
De todos os mitos, Kether é o que dá origem ao Universo. Na mitologia cristã, corresponde ao Deus Cristão. Na mitologia nórdica, corresponde ao Gnnugagap, que é o Abismo Primordial de onde tudo surgiu. Na mitologia grega, corresponde ao Deus Caos, que deu origem a Criação. Na mitologia egípcia, corresponde ao Deus Nun, um Deus hermafrodita de onde surgiu o Deus Rá. Na mitologia da Suméria, corresponde à Deusa Nammu, o Oceano Primordial que deu início à Criação. Enfim, Kether corresponde às Divindades Primordiais que originaram o Cosmos, que existiam antes de qualquer outra coisa e que, de uma forma ou de outra, originaram os demais Deuses e tudo o que existe no Cosmos. Enfim, Kether é o ponto inicial.
No ser humano Kether representa a Centelha Divina, ou seja, a nossa alma. Dessa forma, a nossa alma é quem deu origem à nossa existência na Terra, ela é a nossa essência, mas não está contida em nosso corpo. Nós somos a manifestação de apenas uma parte dela, e não de sua totalidade. Nós somos apenas uma das infinitas possibilidades de manifestação de nossa alma e, portanto, apenas uma parte de sua energia infunde o nosso corpo. Assim como nossa alma infunde o nosso corpo, ela ao mesmo tempo nos transcende, pois todas as nossa personalidades de nossas vidas passadas, nossa personalidade atual e todas as nossas personalidades de nossas vidas futuras, com suas infinitas possibilidades, coexistem em nossa Centelha Divina, pois para a alma não há tempo ou espaço. Nós somos apenas uma das infinitas possibilidades de manifestação de nossa alma.
E para finalizar, a sensação de quem consegue se harmonizar com a energia de Kether é um sentimento de eternidade e imortalidade.
Antes de terminar esse texto, vale ressaltar que essas informações não são apenas baseadas em textos e livros que eu li, mas também são baseadas em conclusões às quais eu mesmo cheguei decorrentes de experiências pessoais, práticas de meditação e harmonização, além de muita reflexão aliada às minhas crenças pessoais.
Dessa forma não pretendo que considerem esses textos como algo dogmático e fechado. Ao contrário, a minha intenção é simplesmente compartilhar com vocês as minhas conclusões decorrentes de minha experiência, ao invés de guardá-las para mim mesmo. O objetivo é fazer com que essas informações sejam o ponto de partida para que cada um siga o seu próprio caminho e tire as suas próprias conclusões baseadas em suas próprias crenças e experiências. Afinal de contas, a verdade só passa a ser Verdade quando é sentida e vivenciada pelo coração.

Bibliografia:

1-) The Mystical Qabalah
Autora: Dion Fortune

2-) A Cabala Das Feiticeiras
Autora: Ellen Cannon Reed

Os Véus da Existência Negativa

Os três Véus da Existência Negativa demarcam, na Cabala, uma fronteira entre a Existência e a Não Existência. Antes de Kether, nada existia, e esses véus são justamente a fronteira entre a Criação e o Nada existente antes da Criação. Porém lembre-se que a Cabala é baseada em símbolos e, portanto, não podemos levar todos os termos de forma literal. Por trás dos véus está o Absoluto, e dizer que por trás dos véus não existe nada, significa dizer que as qualidades do Absoluto são tão elevadas que é impossível para nós imaginá-las ou entendê-las. A essência do G.A.D.U. é tão transcendente que para nosso intelecto é como se não existisse, pois é completamente diferente de qualquer coisa que a nossa mente possa conceber.
Porém, para entender a Criação, a Cabala tem que ter um ponto de partida, e como o Absoluto é impossível para nós alcançarmos com o intelecto, temos que partir do primeiro ponto da Manifestação que nos é possível chegar através da mente racional, e esse ponto é Kether. Essa sephirat é o que de mais transcendente a nossa mente pode compreender ou imaginar. Além de Kether é o Nada, pois nossa mente não consegue ir mais além. E esse limite mental é simbolizado pelos Véus da Existência Negativa. Embora não saibamos absolutamente nada sobre a natureza do que está por detrás desses véus, podemos intuir suas qualidades analisando as sephirot, pois a Árvore da Vida nada mais é do que a manifestação daquilo que está por detrás dos Véus. Um fluxo de energia constantemente atravessa os Véus em direção a Kether, mantendo o Universo em movimento. Logo, tudo o que ocorre no Cosmos é o resultado desse fluxo, que ao atravessar os véus se manifesta pela primeira vez em Kether. Dessa forma, tudo o que existe é consequência do que ocorre por detrás dos Véus da Existência Negativa, e analisando as consequências, podemos tirar algumas conclusões sobre as leis que regem a origem das mesmas, embora não possamos saber absolutamente nada sobre a natureza daquilo que originou tais leis.
Embora Kether seja o ponto máximo que podemos chegar com o intelecto, esse limite não é estático. Não podemos ir além desse ponto com a nossa mente racional, portanto, para ir além dos Véus da Existência Negativa, temos que deixar nossa mente intelectual para trás e voarmos mais alto. Tentar entender o Princípio Criador com a mente racional seria o mesmo que tentar ouvir música com os olhos ou tentar ver um quadro com os ouvidos. Temos que nos valer dos sentidos certos para isso.
Somente através da meditação e da harmonização cósmica é que podemos ter vislumbres do que se passa na Existência Negativa, pois dessa forma a informação é transmitida para nossa mente consciente através de nosso Eu Interior, e para quem está acostumado a esse tipo de “contato”, sabe que essa informação nos vem como uma “certeza” sem, porém, entendermos “porque” e nem “como”. Nós simplesmente sabemos que é, mas não conseguimos entender o fato de forma racional. Porém, como a evolução é a base do Cosmos, essa certeza intuitiva fica como uma semente em nossa mente, e com o passar do tempo, como resultado de meditações e reflexões constantes, nossa mente racional chega a uma teoria que explique essa verdade, e daí nós passamos também a entendê-la. Nesse momento, os véus são deslocados para trás, e o que antes fazia parte da Existência Negativa, para nós passa a fazer parte de Kether.
Outra coisa que vale a pena salientar, é que a posição dos véus da Existência Negativa também varia de indivíduo para indivíduo, pois depende da evolução espiritual e do nível de conhecimento e instrução de cada um. Porém, independentemente da espiritualidade, do desenvolvimento intelectual e do máximo de pensamento abstrato que a mente da pessoa possa atingir, todos possuem uma Kether como o ponto de origem da Criação, além do qual não conseguem compreender. O mais importante, porém, é saber que essa fronteira não é estática, e ao invés de se conformar com essa limitação de forma dogmática, passiva e conformista, temos que trabalhar para que esses véus sejam cada vez mais deslocados para trás, para que possamos entender amanhã o que hoje nós não temos a capacidade de compreender! E temos que ter em mente que a cada descoberta, novas dúvidas a respeito da mesma irão nos surgir, de forma que embora os véus possam ser deslocados para trás, eles jamais irão deixar de existir. Afinal de contas, só o ignorante acha que já sabe tudo e não tem mais nada para aprender!
E a Árvore da Vida é uma ferramenta que a Cabala nos fornece para chegarmos a esse fim, pois através de seu entendimento, nós entenderemos como o Princípio Criador se manifesta, e dessa forma, poderemos ter “vislumbres” sobre o que existe por detrás dos Véus da Existência Negativa.
Embora não saibamos nada a respeito do que existe por detrás dos véus, podemos intuir alguma coisa, e a cabala nos fornece símbolos para tentar nos passar alguma intuição a respeito.
Dessa forma, o primeiro véu seria AIN, ou seja, a Não Existência. Isso indica que o estado primordial é algo completamente fora de nossa capacidade mental de entendimento. É algo tão diferente que é como se não existisse.
O segundo véu é AIN SOPH, ou seja, o Ilimitado, o Infinito. Também é um estado que não podemos compreender, mas podemos intuir que é uma etapa a mais no caminho da manifestação. Agora, o Nada dá espaço ao Ilimitado, ou seja, é alguma coisa que ocorre e que será o pano de fundo, ou substrato, da Criação. Ainda não é o tempo, não é o espaço e nem a alma, mas é algo que é Infinito.
O terceiro véu é o AIN SOPH AUR, ou Luz Infinita. Essa Luz Infinita não é a luz que conhecemos, como também não é nada parecido com ela. É apenas uma forma de dizer que nessa nova etapa, o substrato da Criação é preenchido com algo sem forma que a tudo preenche, porém ainda não há tempo, espaço, luz, energia ou alma. Logo, essa Luz Ilimitada ainda não é a manifestação, ainda é algo que não conseguimos nem sequer imaginar o que seja. Só foi dado o nome de Luz para simbolizar que o “algo” que existia antes foi preenchido por “alguma coisa” que passou a existir depois. Diz-se que a Luz Ilimitada é o “círculo cujo centro está em todo lugar e cuja circunferência está em lugar algum”.
E é desse “algo” da Existência Negativa que emana Kether, a primeira coisa a existir de fato, dando origem à Criação.

Bibliografia:

1-) The Mystical Qabalah
Autora: Dion Fortune

2-) A Cabala Das Feiticeiras
Autora: Ellen Cannon Reed

Minha Opinião Sobre a Cabala

O que é Cabala? Essa pergunta já é algo dificílimo de se responder, pois a Cabala é um corpo vivo, constantemente se modificando, sendo que a cada geração de estudiosos, mais e mais conhecimentos vão sendo adicionados ao que nós chamamos de Cabala. A Cabala de hoje em dia não é a mesma da época de Salomão, que por sua vez também não é a mesma da Idade Média, e com certeza, não será a mesma de amanhã.
Além dessa modificação em relação às épocas, ela também é passível de interpretação pessoal, adaptando-se às crenças de cada um. Dessa forma, a Cabala sob a ótica de um Pagão é diferente da Cabala vista sob a ótica de um Judeu, que por sua vez também será diferente da Cabala vista sob a ótica de um Cristão. Porém, o mais impressionante disso tudo, é que ela se adapta perfeitamente a todas essas crenças, por mais diferentes que elas possam parecer. E mais que isso, independentemente do enfoque pessoal de cada um, a essência do ensinamento cabalistico permanece a mesma, transmitindo, no final, a mesma verdade.
Se colocarmos nossa religião sob o enfoque cabalístico, não importa se somos monoteístas ou politeístas, com o avançar dos estudos a Cabala irá nos demonstrar que, em essência, todas as religiões falam a mesma coisa, pois através da Cabala, elas irão ser destrinchadas e analisadas, tudo o que não for essencial será descartado e, ao final, a Cabala irá nos mostrar o mesmo resultado!
Mágica ? Não, não é mágica. É conhecimento!
Dessa forma, a primeira e mais importante informação sobre a Cabala é: Cabala não é religião.
E mais que isso: Cabala não está, necessariamente, associada a religião alguma.
Dessa forma, ninguém precisa ser convertido ao judaísmo para estudar Cabala!
Por outro lado, a Cabala também não é um conjunto de conhecimentos que possamos aprender lendo livros e artigos sobre a mesma. Se alguém espera aprender as verdades cósmicas simplesmente lendo livros de Cabala, como se estivesse lendo um jornal ou um livro técnico, não perca o seu tempo! Com certeza, nada de útil vai resultar dessas leituras todas, pois a Cabala não trabalha somente com o intelecto!
Para início de conversa, a linguagem da Cabala não é a linguagem com a qual estamos acostumados a nos comunicar. Nada em Cabala será dito diretamente, pois as Verdades que ela pretende revelar não podem ser comunicadas diretamente, pois estão além de nossa capacidade racional. Dessa forma, a Cabala se comunica através de símbolos. Toda a Cabala se comunica em linguagem simbólica, pois o objetivo da Cabala é despertar o nosso subconsciente para determinadas verdades cósmicas, que serão passadas à nossa mente consciente através da intuição. Nada do que foi escrito sobre Cabala é literal, pois tudo nela é simbólico. Além da leitura, a meditação e a reflexão são essenciais para se entender o que a Cabala pretende nos mostrar!
A Cabala, portanto, não passa de uma ferramenta, projetada para nos guiar em nossa busca das Verdades Cósmicas. A Cabala não irá nos dizer nada. Ao contrário, ela irá despertar o nosso subconsciente, de forma que o nosso Eu Interior nos transmita determinadas leis cósmicas através da intuição. Em outras palavras, a Cabala é a chave que nos faz achar, dentro de nós mesmos, as verdades divinas. Por isso aquele que só ler e raciocinar intelectualmente sobre a Cabala, sem o apoio da meditação e da reflexão, não irá achar muita coisa, pois estará procurando fora de si mesmo um conhecimento que só poderá encontrar através de seu Eu Interior. Afinal de contas, a Cabala é um instrumento feito para se comunicar com o nosso subconsciente, visando nos possibilitar abrir portas que a nossa mente consciente jamais imaginou que existissem!

Origem da Cabala

A origem da Cabala permanece um mistério, existindo várias lendas a respeito de sua origem. De acordo com uma delas, a Cabala foi “revelada” aos patriarcas de Israel por Arcanjos, os quais queriam proporcionar à Humanidade uma ferramenta capaz de ajudar o ser humano a entender os Mistérios da Criação. Tal ferramenta seria formada por conhecimentos que ajudariam o ser humano a entender o pensamento divino. Seria a chave para ajudar a espécie humana a entender tanto o Macrocosmos ( Universo ) quanto o Microcosmos ( o ser humano ).
Já outra lenda diz que a Cabala foi “revelada” a Moisés no monte Sinai, junto com os Dez Mandamentos. É baseado nessa lenda que alguns autores argumentam, que como Moisés fora criado como um príncipe egipcio, muito provavelmente a Cabala venha a conter, em seus ensinamentos, parte do que as Escolas de Mistérios Egípcias ensinavam.
Já alguns autores comentam que o templo do Rei Salomão fora construído de tal forma que, oculto em sua arquitetura, estariam os conhecimentos da Cabala.
Cabala vem da palavra hebraica QBLH, que significa ''recepção”. Até a idade média, a Cabala era uma Tradição Oral, ou seja, o conhecimento não era escrito, e sim transmitido oralmente do mestre ao discípulo.
O primeiro texto cabalístico que se conhece é o “Sepher Yetzirah”, ou Livro da Criação, surgido por volta do século VI DC, onde se diz que todo o Universo é uma emanação de Deus.
Outro trabalho importante é o Zohar ("Esplendor"). Trata-se de um comentário esotérico e místico sobre o Torah, surgido no século XII DC.
Pode-se considerar a Cabala como base da Tradição Esotérica Ocidental. Tanto a Maçonaria quanto o Rosacrucianismo foram grandemente influenciados pela Cabala. Os Ritos Maçônicos, assim como seus templos, possuem vários elementos cabalísticos ocultos entre os seus elementos, assim como o era o Templo do Rei Salomão. A Cabala Prática atingiu seu auge de desenvolvimento no final do séc. XIX e início do séc. XX, através da Hermetic Order of Golden Dawn, cujos Rituais de Magia Cerimonial foram desenvolvidos baseados na Cabala.
Assim como a Golden Dawn, outras ordens famosas de magia também são fundamentadas na Cabala, como a Astrum Argentum e a ordem thelemica de magia O.T.O. ( Ordo Templi Orientis ). O próprio Alex Crowley, que difundiu a Lei de Thelema no séc. XX, foi fortemente influenciado pela Cabala.
A Cabala também influenciou o Neo-Paganismo, sendo que várias religiões pagãs que surgiram no séc. XX adotaram a Cabala em suas práticas. Uma delas é a tradição de Bruxaria conhecida como Wicca Alexandrina, cuja Cabala faz parte de seus ensinamentos e de seus rituais.
Ordens que difundem o misticismo cristão, como a T.O.M. ( Tradicional Ordem Martinista ), também possuem os seus conhecimentos e Ritos baseados na Cabala.
Da Maçonaria a Thelema, do Misticismo Cristão à Bruxaria, todas essas Tradições Esotéricas Ocidentais, aparentemente tão diferentes entre si, possuem a Cabala como ponto em comum! Afinal de contas, a Cabala nos abre as portas do subconsciente, e esse é a ponte entre nosso ser racional e o nosso Eu Interior, cujas verdades estão além do mundo das aparências!


Os Quatro Tipos de Cabala

De acordo com MacGregor Mathers e outros autores, a Cabala pode ser dividida em quatro tipos distintos de conhecimento:

a-) Cabala Prática

A Cabala prática é a parte da Cabala que lida com Magia Cerimonial e com a confecção de Talismãs. É a parte da Cabala relativa a invocação e evocação de Entidades Espirituais através da magia, visando um contato com tais seres.
Atualmente, algumas Ordens de Magia ensinam a Cabala Prática. Como alguns exemplos dessas ordens contemporâneas, temos a Hermetic Order of Golden Dawn, a Astrum Argentum, a O.T.O. ( Ordo Templi Orientis ) e a recém fundada OTO Mundi.

b-) Cabala Dogmática

É a parte da Cabala que foi escrita em livros, transmitindo um sistema metafísico. Como exemplos da Cabala Dogmática nós temos os livros “Sepher Yetzirah”, ou Livro da Criação, e o Zohar, o Livro do Esplendor. Em geral, os textos da Cabala Dogmática foram escritos por cabalistas judeus, visando estudar e explicar a Torah.

c-) Cabala Literal

É a parte da Cabala que lida com as letras do alfabeto hebraico e seus valores numéricos.
De acordo com os cabalistas, o Universo é formado por vibrações. No princípio dos tempos, o G.A.D.U. vibrou uma palavra, e essa vibração original é que teria dado origem ao Universo. É a Palavra Perdida, é o verdadeiro nome do Grande Arquiteto do Universo, que em hebraico é:
Como em hebraico só se escreve as consoantes, ninguém mais sabe como é o som original dessa palavra, som esse capaz de alterar as estruturas do Universo.
Devido ao fato do Cosmos ser constituído por vibrações, os cabalistas consideram que existem 22 vibrações básicas, que são representadas pelas 22 letras do alfabeto hebraico. Tais letras, ou vibrações, associadas umas às outras formariam tudo o que existe no Universo. Está aí a base para a teoria que explica a efeito dos sons vocálicos, dos mantras e das Palavras de Poder!
Como cada letra representa uma das vibrações básicas a constituir o Universo, a cada letra está associado um número. Dessa forma, cada palavra também possui um valor numérico que a representa, e dessa forma, a Cabala Literal estuda essas relações. Ela está subdividida em três ciências:

c.1-) Gematria : É um método aritmético para substituir palavras de uma frase por outras de igual valor numérico.

c.2-) Notaricon : É a escolha de letras do começo, do meio ou do fim das palavras de uma frase, seguindo-se determinadas regras, a fim de se formar uma única palavra que represente a essência da frase.

c.3-) Temurah : É um método para se formar cifras, substituindo letras de uma palavra por outras letras, segundo um determinado sistema.
d-) Cabala Tradicional, ou Não Escrita

É a parte da Cabala que visa dar o correto entendimento sobre as relações existentes entre cada um dos símbolos cabalísticos entre si, além de explicar como tais símbolos se relacionam com o funcionamento do macrocosmos e do microcosmos. É a parte da Cabala que visa explicar, usando-se a Árvore da Vida cabalística, como o Cosmos e o ser humano funcionam.
A Cabala Tradicional está constantemente evoluindo, pois cada estudante encontra, através dela, as suas próprias respostas às suas questões pessoais. Portanto, muito desse conhecimento é resultado da experiência pessoal de quem a estuda. Nesse campo, a interpretação pessoal tem um grande peso. Dessa forma, eu também tomei a liberdade de chamar a Cabala Tradicional de Cabala Mística.
Ela é tradicional, pois nada a respeito dela era escrito, sendo esse conhecimento transmitido oralmente de um Iniciado a outro. Porém, vários autores do século XX já andaram escrevendo sobre a Cabala Tradicional, como Dion Fortune, MacGregor Mathers, Aleister Crowley, Wynn Wetcott e A. E. Waite. Aliás, depois que Aleister Crowley quebrou seus votos de silêncio e divulgou, através de publicações, um conhecimento que antes era tido como secreto, grande parte da Cabala Tradicional se tornou acessível ao público em geral.
Em resumo, a Cabala Tradicional utiliza a Árvore da Vida cabalística, chamada de Otz Chiim, como método principal de se estudar a Cabala. Dessa forma, esse texto irá versar sobre a Cabala Tradicional.


A Árvore da Vida ( Otz Chiim )
A Árvore da Vida é um esquema feito para representar o Cosmos e tudo o que existe. Tudo o que existe, assim como todas as situações da vida, podem ser colocadas sobre a Árvore da Vida. Dessa forma, o objeto de estudo pode ser separado em suas partes constituintes, e sabendo-se a relação existente entre as partes que formam a Otz Chiim, podemos extrapolar e descobrir como funciona a dinâmica do que estamos estudando, seja em relação ao Macrocosmo (Universo) ou ao Microcosmo (ser humano).
Como podem perceber, o simples fato de colocar a situação sobre a Árvore da Vida, a fim de se iniciar o processo de estudo, já requer uma grande dose de intuição!
Mas como pode ser possível um esquema poder ser utilizado para se explicar tudo o que existe? Isso é simples. Basta lembrar que esse esquema foi montado para explicar as leis da Criação do Universo. Ora, tudo o que existe segue essas leis universais, pois tudo o que existe faz parte desse Universo, logo, de certa forma, tudo o que existe é uma espécie de Cosmos em miniatura, tal qual o ser humano. Assim sendo, o que vale para o Cosmos em geral, também vale para as suas partes constituintes, fazendo da Otz Chiim, e da Cabala, a chave universal para se decifrar os mistérios da criação. E é por isso que a Tradição insiste em afirmar que a Cabala foi “revelada” ao ser humano por Entidades Espirituais, pois tal conhecimento seria impossível de ser adquirido pelo ser humano sozinho.
Em resumo, a Árvore da Vida é formada por dez esferas, chamadas cada uma de Sephirat (o plural de Sephirat é Sephiroth). Cada Sephirat representa um estado da Criação, ou um aspecto do ser humano.
Como podem perceber pela Figura 1, o nome das sephirot, com os seus respectivos números, são:

Número ===== Nome ==== Nome em Português
1 ======= Kether ======== Coroa
2 ======= Chokmah ===== Sabedoria
3 ========= Binah ===== Entendimento
4 ======== Chesed ===== Misericórdia
5 ======== Geburah ===== Severidade
6 ======== Tifareth ======== Beleza
7 ======== Netzach ======= Vitória
8 ========== Hod ======== Glória
9 ========= Yesod ====== Fundação
10 ======== Malkuth ======= Reino


Como podem perceber, as sephirot estão divididas em três colunas verticais. A coluna da direita, formada pelas sephirot Chokmah, Chesed e Netzach.
A coluna da esquerda, formada por Binah, Geburah e Hod.
E a coluna do meio, formada por Kether, Tifareth, Yesod e Malkuth.
A coluna da direita representa forças com polaridade positiva, ou masculina. É conhecida como pilar da Misericórdia, ou como pilar da Força em Expansão, ou seja, da Força Pura.
A coluna da esquerda representa forças com polaridade negativa, ou feminina. Cada sephirat da coluna da direita é compensada por uma sephirat correspondente da coluna da esquerda, formando, dessa forma, pares de opostos complementares. A coluna da esquerda é chamada de coluna da Severidade. Também é conhecida como pilar da Constrição, ou seja, da Forma.
E a coluna do meio é a coluna do equilíbrio entre as colunas da direita e da esquerda. Cada par de opostos complementares se encontra equilibrado na sephirat correspondente da coluna do meio. Por isso tal coluna é chamada de Coluna do Equilíbrio. Também é conhecida como Pilar da Beleza, ou da Consciência.
Acima de Kether existem, conforme observa-se na figura 1, os três Véus da Existência Negativa, chamados respectivamente de AIN ( Não Existência ), AIN SOPH ( Infinito ) e
AIN SOPH AUR ( Luz Infinita ). Esses três Véus da Existência Negativa existiam antes da Criação, ou seja, existiam antes de que qualquer coisa viesse a existir, antes do tempo e do espaço, antes mesmo da existência do plano espiritual. Por isso que são véus, pois nos é completamente impossível sequer imaginar o que existe por detrás desses véus da Não Existência.
A primeira coisa a existir foi a sephirat Kether, sendo ela o ponto inicial da Criação. O Princípio Criador, o qual eu tomo a liberdade de chamar de o Grande Arquiteto do Universo, emanou a sephirat Kether dele mesmo. Dessa forma, Kether é uma emanação do G.A.D.U. Por sua vez, de Kether foi emanada Chokmah. De Chokmah foi emanada Binah. De Binah foi emanada Chesed. De Chesed foi emanada Geburah. De Geburah foi emanada Tifareth. De Tifareth foi emanada Netzach. De Netzach foi emanada Hod. De Hod foi emanada Yesod. E de Yesod foi emanada Malkuth. Antes de Kether ser emanada, não existia nada. Por isso que o G.A.D.U. também é chamado de o Incriado ou de o Não Criado, pois ele já existia antes de algo ser criado.
Percebe-se, dessa forma, que as sephirot foram emanadas numa espécie de zigue-zague. Sempre que uma sephirat da coluna da direita era emanada, imediatamente ela emanava a sephirat oposta complementar correspondente, restabelecendo o equilíbrio.
Dessa forma, podemos intuir que o Universo existe devido ao equilíbrio dos pares de opostos. E com isso, percebemos que uma sephirat, individualmente, não nos diz muita coisa. Para se entender uma sephirat, temos que considerar as demais sephirot que se relacionam com ela. Para se entender uma sephirat da coluna da direita, temos que levar em consideração a sephirat oposta complementar da coluna da esquerda, e vice-versa. E para entender uma sephirat da coluna do meio, temos que no mínimo considerar as sephirot de pares de opostos complementares que ela está equilibrando no pilar do equilíbrio.
Portanto, tudo o que existe é constituído por essas dez sephirot. Além disso, podemos perceber que as sephirot estão ligadas umas às outras por linhas, as quais chamamos de Caminhos. Cada Caminho liga duas sephirot uma à outra, e representa o estado de espírito, ou a qualidade, necessário para se passar de uma sephirat à outra. Existem 22 Caminhos, e cada Caminho é relacionado a uma das 22 letras do alfabeto hebraico. Da mesma forma, cada Caminho também é associado a um dos 22 Arcanos Maiores do Tarot.

Os Quatro Mundos

Os cabalistas também consideram que o Cosmos pode ser subdividido em quatro mundos. Tais mundos não são mundos separados uns dos outros, mas eles coexistem simultaneamente e se interpenetram. Seria como se cada mundo possuísse uma faixa de frequências característica, sendo que todas essas frequências estariam vibrando simultaneamente. Outra forma de se encarar é considerar que cada mundo possua um tipo de energia própria, sendo que todas esses tipos de energia se misturam para que o Cosmos possa se manifestar.
Dessa forma, tudo o que existe no Universo existe simultaneamente nesses quatro mundos, mesmo que nós não tenhamos consciência disso. Assim sendo, cada sephirat se manifesta simultaneamente em cada um deles e, portanto, a Árvore da Vida se reflete nesses quatro mundos, que são:

a-) Atziluth, também chamado Mundo dos Arquétipos, Mundo das Emanações ou Mundo Divino.

Nesse mundo as sephirot se apresentam como os Dez Nomes Divinos, conforme a tabela abaixo:

Sephirat ====== Nome Divino
Kether ======== Eheieh
Chokmah ====== Jehovah
Binah ======== Jehovah Elohim
Chesed ======= El
Geburah ====== Elohim Gibor
Tifareth ======= Jehovah Eloah Va Daath
Netzach ======= Jehovah Tzabaoth
Hod ========== Elohim Tzabaoth
Yesod ======== Shaddai El Chai
Malkuth ======= Adonai Ha Aretz


O G.A.D.U. manifestou, nesse mundo, dez de suas características, cada qual representada por um de seus dez Nomes Divinos. Dessa forma, todo o Cosmos foi criado a partir dessas dez características principais do Princípio Criador.

b-) Briah, também chamado Mundo da Criação ou Khorsia, o Mundo dos Tronos.

Nesse mundo, cada sephirat se apresenta como um dos dez Arcanjos principais, conforme tabela abaixo:

Sephirat === Arcanjo
Kether ===== Metatron
Chokmah === Ratziel
Binah ====== Tzaphkiel
Chesed ==== Tzadkiel
Geburah ==== Khamael
Tifareth ===== Raphael
Netzach ===== Haniel
Hod ======== Michael
Yesod ====== Gabriel
Malkuth ===== Sandalphon


Na realidade, não foi o Grande Arquiteto do Universo quem fez o Cosmos. O G.A.D.U., como o seu próprio nome indica, foi o arquiteto que planejou o Cosmos. Tal planejamento foi colocado em Atziluth, como as dez características principais que deveriam reger todo o Universo.
Cabe aos dez Arcanjos de Briah ler esse projeto e definir uma linha de ação, decidindo o que deve ser feito para concretizar o que foi projetado pelo Princípio Criador. Dessa forma são os dez Arcanjos de Briah quem decidem como proceder para que o Cosmos projetado pelo G.A.D.U. possa se manifestar.

c-) Yetzirah, também chamado Mundo da Formação ou Mundo Angélico.

Nesse mundo, cada sephirat se apresenta como um conjunto de seres denominados de anjos. Dessa forma, cada sephirat é representada por uma Hoste de Anjos, conforme a tabela abaixo:

Sephirat === Hoste de Anjos
Kether ===== Chaioth Ha Qadesh
Chokmah === Auphanim
Binah ====== Aralim
Chesed ==== Chasmalim
Geburah === Seraphim
Tifareth ==== Malachim
Netzach ==== Elohim
Hod ======= Beni Elohim
Yesod ====== Aishim
Malkuth ===== Kerubim

São estas Hostes de Anjos que de fato são as responsáveis por agirem na criação e na manutenção do Cosmos. Dessa forma, na Criação, o G.A.D.U. projetou, os Arcanjos decidiram que atitudes deveriam ser tomadas para colocar em prática o projeto do Princípio Criador, e os Coros Angélicos executaram o projeto sob as ordens e orientação dos respectivos Arcanjos.
Fazendo uma comparação com as forças armadas, o G.A.D.U. seria o rei que planeja a criação de dez exércitos em Atziluth. Em Briah, cada um dos dez exércitos é deixado a cargo de um general, ou Arcanjo, que por sua vez comanda, em Yetzirah, a respectiva Hoste de Anjos, que são os soldados que formam o exército propriamente dito.

d-) Assiah, também chamado Mundo da Ação, ou Mundo da Matéria

Esse mundo é a Criação propriamente dita. É o resultado de todo o trabalho, ou seja, é o Universo, é o mundo manifestado na matéria. Esse mundo não é formado apenas pela matéria. Ele é formado também por parte do plano astral, que é a essência do plano material. Nesse mundo, as sephirat são representadas pelas influências estrelares, planetárias e elementares, conforme a tabela abaixo:

Sephirat === Influência Correspondente
Kether ===== Luz Primordial, Radiação de Fundo, Big Bang
Chokmah === A Esfera do Zodíaco
Binah ====== Saturno
Chesed ==== Júpiter
Geburah ==== Marte
Tifareth ===== Sol
Netzach ===== Vênus
Hod ======= Mercúrio
Yesod ====== Lua
Malkuth ===== Os Quatro Elementos


Outra Forma de se Considerarem os Quatro Mundos

Embora todas as sephirot se manifestem em todos os quatro mundos, uma outra forma de se tentar entender e representar esses mundos seria escolher grupos de sephirot que melhor descreveriam esses mundos. Dessa forma, o mundo de Atziluth é mais bem descrito pelas sephirot Kether, Chokmah e Binah, que formam a chamada Trindade Superior.
O mundo de Briah é melhor representado pelas sephirot Chesed, Geburah e Tifareth, formando um triângulo que é considerado o reflexo da Trindade Superior.
Já o mundo de Yetzirah é representado pelas sephirot Netzach, Hod e Yesod, formando o triângulo imediatamente acima de Malkuth.
E por fim, o mundo de Assiah é representado pela sephirat Malkuth sozinha. Considera-se que as influências de todas as outras nove sephirot deságuam em Malkuth.


Conclusões Finais


Podemos concluir algumas coisas disso tudo. Em primeiro lugar, Kether foi emanada do G.A.D.U., e foi Kether o ponto inicial da criação. Em Kether existiam todas as outras nove sephirot em potencial, que foram se manifestando uma a uma, até chegar em Malkhut.
Dessa forma, em última instância, tudo o que existe emanou diretamente do Grande Arquiteto do Universo e, portanto, tudo o que existe é uma manifestação do G.A.D.U. Dessa forma, o Princípio Criador é imanente, está em tudo, sendo que tudo é a manifestação do Incriado, desde o ser humano ao mais vil dos vírus, desde as estrelas até um grão de areia. Se o G.A.D.U. está em tudo, inclusive em nós mesmos, nós não precisamos de Igrejas, padres ou Papas como intermediários entre nós e a Divindade. Cada um pode encontrá-la por si próprio.
Além disso, vemos que não foi o G.A.D.U. sozinho que criou o Cosmos. Apesar de tudo ser uma manifestação dele, ele contou com a ajuda de outros seres divinos, chamados pelos cabalistas de Arcanjos e Anjos. Porém, considerando-se os vários panteões pagãos, os Deuses e Deusas desses panteões podem ser relacionados com as sephirot da Árvore da Vida, da mesma forma que o são os Arcanjos, Anjos ou os Santos e Santas católicos. Como exemplo, o cristão associa Jesus a Tifareth, mas tanto o Deus Osíris, quanto o Deus Dionísio, também podem ser associados a essa sephirat que os resultados serão os mesmos. Isso abre espaço para as religiões pagãs politeístas, com seus respectivos Deuses e Deusas, o que, de certa forma, auxiliou no surgimento do Neo-Paganismo.
Por esses e outros motivos é que ortodoxos judeus, ortodoxos cristãos e a Igreja Católica consideraram a Cabala uma Arte Demoníaca, pois coloca em xeque o monopólio que uma minoria detinha sobre o conhecimento e sobre a fé do povo.
Nos próximos textos serão descritos com um pouco mais de detalhes os três Véus da Existência Negativa e as dez sephirot que formam a Árvore da Vida. Eu digo que será dada um pouco mais de informação, pois a Cabala é um estudo que leva uma vida inteira, ou melhor dizendo, várias vidas. É um tema inesgotável e, portanto, eu não tenho a pretensão de dizer que esses textos irão tratar do assunto por completo. Porém, para quem começa, espero que seja como um guia para apontar o caminho a ser trilhado por cada estudante individualmente.
Para perceberem como o tema é complexo, lembrem-se que todas essas páginas são apenas uma introdução!


Bibliografia:

1-) The Mystical Qabalah
Autora: Dion Fortune

2-) A Cabala Das Feiticeiras
Autora: Ellen Cannon Reed

A Fylgja e nossa Alma

A Verdade Suprema nos escapa por completo, sendo inacessível a qualquer ser humano, da mesma forma que uma única célula de nosso corpo jamais poderá exercer, sozinha, as complexas atividades mentais que um ser humano normal consegue exercer. Porém, o Grande Arquiteto do Universo, em sua infinita sabedoria, não nos privou de termos “vislumbres” dessa verdade, da mesma forma que cada célula de nosso corpo, individualmente, não é privada da consciência necessária para agir em conformidade com as atribuições que lhe são confiadas, visando auxiliar no bom funcionamento do corpo como um todo.
Vislumbres dessa Verdade são acessíveis a todos que a procuram. E como nenhum grupo, ou civilização, possui o monopólio da Verdade Suprema, tal Verdade vem se manifestando, através das eras, de formas diferentes em todas as civilizações do planeta. Basta ter olhos para ver!
Dessa forma, vou analisar como essa Verdade se manifesta no paganismo nórdico. Mais precisamente, vou divagar sobre como um pagão, que cultue os Deuses e Deusas do norte da Europa, poderia entender as questões da alma humana. Para isso, analisarei uma entidade espiritual de vital importância, denominada Fylgja.
A Fylgja, na mitologia nórdica, é a nossa sombra. É um ser que nos acompanha, e geralmente, nos aparece na forma de um animal, e raramente, na forma de uma mulher. Tal ser faz parte de nós mesmos, e está sempre pronto a nos proteger. Se junta a nós no nascimento, e com a nossa morte, nos leva para a nossa nova morada no outro mundo.
A Fylgja tem relação com a nossa consciência, pois além de nos guiar e nos aconselhar, também é a responsável por levar a consciência do xamã através das viagens astrais. E nas meditações e transes, também é ela a responsável por nos fazer entrar em contato com os Deuses e outras entidades espirituais.
Assim sendo, olhando para a Árvore da Vida Cabalística, eu me perguntei: Será que existiria algo na Cabala, que pudesse ser correspondente a Fylgja da Tradição Nórdica? Caso afirmativo, a que sephirah corresponderia a Fylgja?
De acordo com os cabalistas, a Árvore da Vida pode ser dividida em 3 colunas verticais, sendo que a coluna do meio, formada por quatro sephirot, é considerada, pelos hermetistas, como a Coluna da Consciência. Ora, se a coluna do meio é considerada a Coluna da Consciência, eu me arrisco a dizer que a Fylgja poderia ser relacionada a uma dessas quatro sephirot, pois afinal de contas, a Fylgja está relacionada a nossa consciência.
Mas quais são essas quatro sephirot ?


As Sephirot da Coluna do Equilíbrio
Começando de cima para baixo, a primeira delas é justamente Kether. Kether é considerada por alguns místicos como sendo a nossa alma, a centelha divina que arde dentro de nós. Seria a nossa essência. Um dos nomes para Kether significa "Eu Sou". E o que é a nossa alma, senão nós mesmos da forma mais pura e original que se possa imaginar?
Abaixo de Kether está Tipheret. De acordo com os estudiosos da Cabala, é em Tipheret que surge, pela primeira vez, a consciência. De acordo com essa teoria, em Kether nossa alma não tem consciência de nada, pois lá nós simplesmente "Somos". Seria em Tipheret que nossa alma começaria a tomar consciência das coisas. É onde a mente, em sua concepção mais pura, começaria a se formar. Dessa forma, seria em Tipheret que habitaria o nosso Eu Interior. É dito que os fluxos Divinos que vem do alto se encontram com os fluxos provenientes do mundo material, que vem de abaixo. E quando essas duas correntes se encontram, em Tipheret, nosso Eu Interior então tomaria consciência das coisas como elas realmente são.
Tipheret, então, estaria intimamente ligado a Kether, pois o Eu Interior seria a consciência da Alma, ou seja, a Mente Superior. Antes de prosseguir na análise das sephirot, convém fazer uma pausa para falarmos um pouco sobre os “corpos” que formam o ser humano encarnado aqui na Terra.

A Natureza Trina do Ser Humano
De acordo com algumas teorias herméticas, o ser humano encarnado seria composto, de forma simplificada, por três partes principais: uma parte física, uma parte astral e uma parte divina, sendo que, dessas três partes, a parte divina seria a única que seria eterna, enquanto as partes astral e física seriam passageiras. E, além disso, cada uma dessas três partes seria composta por três subdivisões cada uma, que são: um espírito, um corpo e uma mente. O espírito seria a própria essência, o corpo seria o que dá suporte à manifestação dessa essência no referido plano, e a mente seria a consciência que surge da união do espírito com o referido corpo.
No plano divino, a essência seria a nossa própria alma, ou seja, a nossa centelha divina, cuja mente seria o nosso Eu Interior. A nossa alma ainda não está plenamente consciente de si mesma. Ela tem apenas consciência de uma parte de suas potencialidades, sendo essa consciência o Eu Interior, também chamado de Mente Superior. Faz parte da evolução cósmica a alma se tornar cada vez mais consciente de suas potencialidades divinas, e quando ela se tornar plenamente consciente de si mesma, diz-se que se atingiu a iluminação cósmica. E quanto ao corpo da parte divina, vou chamá-lo de corpo luminoso, embora já tenha lido alguns autores se referirem a ele como corpo causal. Sua natureza é extremamente sutil, vibrando nas frequências mais altas do teclado cósmico.
Já o corpo físico seria o que todos nós conhecemos. É feito de matéria e energia, como por exemplo, eletricidade e calor. Vibra nas mais baixas frequências do teclado cósmico. A mente desse corpo físico seria formada pela nossa consciência objetiva e pela nossa personalidade, ambas funções do cérebro e de nossas experiências no dia a dia. Tal mente física seria a manifestação, na matéria, de nosso Eu Interior. Porém, quando algo que vibra em altíssimas frequências, como a Mente Superior, tem que ser convertido em algo de baixíssimas frequências, como a mente física, algo se perde nessa conversão. É por isso que a nossa personalidade é apenas um reflexo de nosso Eu Interior, sendo que a maior parte das qualidades de nossa Mente Superior não podem ser manifestadas em nossa consciência objetiva. E a essência dessa parte física seria uma pequena parcela da energia de nossa alma que nos chega até o plano material.
Se tivermos um equipamento de telecomunicações que opera em altas frequências, e na outra ponta um outro que opera em baixas frequências, é óbvio que um não saberá da existência do outro, pois não conseguirão se comunicar. Será necessária a existência de um conversor entre ambos os equipamentos, convertendo o sinal de altas frequências num sinal de baixas frequências, e vice-versa, para que ambos se conectem.
O mesmo ocorre em relação à alma e ao corpo físico, sendo que a função do equipamento conversor de frequências é realizada pelo corpo astral. É o nosso corpo astral que conecta a alma ao corpo físico, permitindo, assim, que o ser humano possa viver na Terra. Tal corpo é composto de uma substância que vibra numa frequência intermediária entre a matéria física e a substância sutil que forma o corpo luminoso. É através dele que o Eu Interior manda inspiração à mente física, assim como é através dele que a mente física manda as impressões e lições mundanas ao Eu Interior. A mente do corpo astral seria o subconsciente, sendo por tal motivo que qualquer contato com o Eu Interior tem que ser realizado através da introspecção, pois o subconsciente é a ponte entre a nossa consciência objetiva e o nosso Eu Interior. E a essência desse corpo seria uma parcela da energia de nossa alma que chega ao plano astral. E como esse plano vibra numa frequência mais próxima das vibrações divinas do que o plano terreno vibra, a parcela da energia de nossa alma, a vivificar o corpo astral, é maior do que a parcela da mesma que chega até o nosso corpo físico.
Com isso em mente, podemos voltar à Árvore da Vida Cabalística.

Abaixo de Tipheret
Abaixo de Tipheret está Yesod. É o plano astral. De acordo com algumas tradições herméticas, é o que dá forma ao mundo material, pois é a essência do mesmo. Antes de algo se manifestar na matéria, esse algo teria antes que ser formado em Yesod, pois de acordo com essa linha de pensamento, tudo o que ocorre no plano terreno é conseqüência da manifestação dos fluxos astrais de Yesod.
Também é onde ficaria o nosso corpo astral, o qual liga o nosso Eu Interior ao nosso corpo físico. De acordo com algumas doutrinas herméticas, a morte física seria a separação de nosso corpo astral de nosso corpo físico. Em seguida, de forma rápida para alguns, ou demorada para outros, o nosso Eu Interior abandona o corpo astral, o qual não lhe serve para mais nada. Dessa forma, o Eu Interior volta à escala vibratória que lhe é própria, deixando o corpo astral vagando pelo astral, mais ou menos inerte, aonde também irá se decompor com o tempo. É o que algumas tradições chamam de a segunda morte.
E de acordo com algumas escolas de magia, depois da morte física ainda restam, gravadas no corpo astral, resquícios da personalidade física do falecido, como se fosse um programa de computador a simular as atitudes da pessoa que morreu. Se o falecido era muito apegado à matéria, com paixões terrenas exageradas, tal “casca astral” se recusaria a se dissolver, pois esses traços da personalidade física estariam fortemente gravados no corpo astral. Poderá se transformar numa espécie de “vampiro”, sendo atraído para perto de pessoas que possuam as mesmas paixões exageradas do falecido. Essa proximidade faz com que a pessoa tenha essas paixões intensificadas, numa espécie de ressonância. E é justamente esse excesso que gera a energia necessária para alimentar essa “larva astral”, aumentando-lhe o tempo de sobrevida. Estaria aí mais um motivo para se acreditar que sentimentos negativos apenas atraem desgraça!
E voltando o foco para a comparação com a consciência humana, em Yesod estaria o nosso subconsciente. É justamente a parte de nossa mente que nós não temos consciência, que está escondida, mas apesar disso, influencia as nossas atitudes e pensamentos em nossas atividades diárias.
E por fim, embaixo de Yesod está Malkhut, que para os cabalistas seria o mundo físico. Assim sendo, em Malkhut estaria o nosso corpo físico. Aí também estaria a nossa mente consciente e a nossa personalidade, que são atributos do cérebro, um órgão físico. Dessa forma, nossa mente consciente e nossa personalidade deixariam de existir com a nossa morte física, desaparecendo tal qual o nosso cérebro, que se decompõe com o resto do corpo físico. E é justamente essa personalidade, criada e mantida pelo nosso cérebro, que marcam o nosso corpo astral, podendo vir a criar, com a nossa morte, um possível “vampiro” ou “larva astral”, conforme explicado em parágrafo anterior.

A Fylgja na Árvore da Vida

Com essa ligeira explicação em mente, para mim a Fylgja poderia estar relacionada a Kether. Afinal de contas, a Fylgja é a nossa essência, ela é como realmente somos, portanto, está intimamente relacionada com a nossa alma. Seria como se a Fylgja fosse uma espécie de emanação de nossa alma em seu estado mais puro. A Fylgja seria a nossa centelha divina, com toda a sabedoria em potencial que possuímos, esperando para se manifestar plenamente.
Quando nascemos a Fylgja se junta a nós, pois é quando damos a primeira inspiração que nossa alma toma posse desse corpo. Afinal de contas, de acordo com algumas doutrinas místicas, é devido à primeira inspiração que o nosso corpo astral se liga em definitivo com o corpo físico, e é quando isso acontece que os influxos de nossa alma, através de nosso Eu Interior, se conectam com o corpo físico.
Quando morremos a Fylgja nos leva para nosso novo destino, pois quando damos o último suspiro, nossa alma abandona esse corpo, levando nosso Eu Interior junto com ela, pois como o Eu Interior é a consciência de nossa alma, ele jamais poderá se separar dela, pois ele faz parte dela! E depois disso, ao se separar do corpo astral, o Eu Interior eleva-se para o nível vibratório que lhe é próprio.
Porém, enquanto estivermos vivos aqui na Terra, o nosso corpo astral pode ser considerado como uma manifestação de nossa alma no plano astral, pois é a energia dela que vivifica o corpo astral, assim como o faz com o corpo físico. Mas, além disso, ele também é a manifestação de nosso Eu Interior no plano astral, através de nosso subconsciente. Portanto, enquanto vivos, o nosso corpo astral seria a manifestação de nossa alma, provida de consciência. Seria a energia de parte de nossa alma, já consciente de si própria, a se manifestar no astral. Portanto, quando se diz que a Fylgja aparece na forma humana, a Tradição Nórdica poderia estar se referindo ao corpo astral da própria pessoa que a está enxergando.
De acordo com alguns ocultistas, todo ser humano possui um corpo astral cuja polaridade é oposta e complementar à polaridade do corpo físico. Isso decorre da lei hermética do gênero, onde tudo que se manifesta possui o masculino e o feminino, ou seja, tudo se manifesta devido à interação entre duas polaridades opostas. Considerando-se essa teoria, quando a Fylgja aparece na forma humana, ao aparecer para um homem ela apareceria como uma mulher, pois o homem estaria vendo a ele mesmo no plano astral. E ao aparecer para uma mulher, ela apareceria como um homem. Dessa forma, nesse caso a Fylgja seria o reflexo do próprio corpo astral da pessoa, que apareceria numa forma que pudesse ser interpretada pela consciência terrena. Por isso apareceria como um humano de sexo oposto ao daquele que a vê. Isso seria uma espécie de comunicação do Eu Interior com a consciência objetiva, através do subconsciente. E como o nosso Eu Interior sabe muito mais e tem muito mais consciência das verdades cósmicas do que a nossa personalidade terrena, tal contato só poderia resultar em conselhos e avisos sobre o que estaria por vir.

Por isso, na Tradição Nórdica, consta que a Fylgja poderia aparecer para os heróis na forma de uma mulher, para aconselhá-lo, alertá-lo do perigo ou simplesmente para avisá-lo que a morte dele estava próxima.
Considerando-se o nosso corpo astral como uma manifestação de nossa Fylgja em Yesod, torna-se fácil entender porque na Tradição Nórdica se diz que é a Fylgja que leva o Xamã nas viagens a outros mundos. Afinal de contas, nas viagens astrais é o nosso corpo astral que viaja a outros mundos. Também fica fácil entender porque se diz que é a Fylgja que nos faz entrar em contato com os Deuses. Todo o contato com as Divindades se dá através do Eu Interior, que é alcançado através do corpo astral, que serve como ponte entre a Mente Superior e a mente terrena.

Aqui cabe um parenteses para uma observação interessante: se o corpo astral tem a polaridade inversa da polaridade física, como os médiuns vêem o corpo astral de uma pessoa com a mesma forma e sexo do corpo físico ?
Estou me referindo à visão do corpo astral, e não à materializações no plano físico, às quais considero bem mais raras devido à quantidade de energia necessária para isso ! Com isso em mente, cabe aqui salientar que ninguém vê o corpo astral de ninguém através dos olhos físicos, pois os mesmos não captam esse tipo de vibração. Quando alguém vê o corpo astral de outra pessoa, viva ou falecida, vê através de seu subconsciente, logo, quem vê, na realidade, é o corpo astral do próprio vidente. Se a vidente for uma mulher, ao ver o corpo astral de um homem, esse homem vai continuar tendo, no astral, a polaridade oposta à da vidente, logo ela vai sentir estar vendo um homem. E ao ver o corpo astral de uma mulher, tal mulher vai continuar tendo, no astral, a polaridade igual à da vidente, logo ela vai sentir estar vendo uma mulher. Isso é bem diferente da visão da Fylgja, na qual a pessoa sente estar vendo o seu próprio corpo astral, de polaridade oposta ao seu corpo físico. Seria o subconsciente vendo o seu próprio corpo e transmitindo essa informação à mente consciente.
Dito tudo isso, e quando ela nos aparece como um animal?

A Fylgja como Animal
Nosso corpo astral é apenas a manifestação de uma das várias faces de nosso Eu Interior, que por outro lado, é apenas uma parte de nossa alma, ou seja, é apenas a parte de nossa alma que se tornou consciente de si própria. Nossa centelha divina é, portanto, muito maior que o nosso Eu Interior, abrangendo áreas ainda desconhecidas, ou seja, ainda não conscientes de si mesma. E quando uma dessas faces, ainda não conscientes, se reflete no plano astral, se manifesta para nós na forma de um animal. Dessa forma, o que vemos de fato é um reflexo da Fylgja, e não a Fylgja propriamente dita. Nesse caso, ela é a nossa mais pura essência, livre de toda a consciência. Para que a nossa mente consciente possa entender o fato na linguagem que lhe é própria, isso se traduz no astral como um animal, também chamado em algumas tradições como animal de poder, pois esse animal representa exatamente a nossa força primordial.
A Fylgja pode se apresentar de diversas formas, pois quando ela se manifesta no astral, é apenas um reflexo dela, e um reflexo jamais poderá representá-la em sua totalidade. Portanto, a cada forma que ela toma, ela estará refletindo no astral uma das inúmeras facetas que compõem a nossa natureza mais íntima.Aqui eu gostaria de falar um pouco sobre uma casta de guerreiros nórdicos que existiu na idade média, no norte da Europa, que na época ainda era pagã. Eram os Bersekers, que significa peles de urso, sendo também muitas vezes chamados de Ulfhednar, que significa peles de lobo. Eram guerreiros de elite do norte da Europa, sendo que muitos deles também trabalharam como mercenários para o Império Bizantino. Eles também podem ter ajudado no nascimento das lendas sobre lobisomens.
Eram guerreiros de um culto especial ao Deus Odinn. Eles dispensavam malhas de proteção ou capacetes, indo para a batalha vestidos com peles de urso ou lobo. Iam munidos de espadas, lanças ou machados, e contavam apenas com um escudo como proteção. Muitos deles inclusive dispensavam o escudo, indo apenas com as armas em punho para enfrentar o inimigo. Antes da batalha eles se afastavam dos demais e realizavam uma espécie de ritual, invocando os Deuses Tyr e Odinn. Durante esse ritual eles entravam numa espécie de transe que, contam os relatos históricos, deixavam-nos completamente desfigurados. Tal processo os deixava completamente animalescos. Como verdadeiras feras selvagens, investiam contra o inimigo sem se preocupar com a própria segurança. A única coisa que importava era despedaçar o inimigo, ou qualquer um que estivesse no caminho deles.
Consta que possuíam, quando em transe, uma força e uma ferocidade sobre-humanas. Eles podiam ser abatidos várias vezes, por flechas, lanças, espadas e machados, que mesmo assim continuavam a investir e a estraçalhar o inimigo. É como se os Bersekers não sentissem as lâminas inimigas penetrando em sua carne.
Apesar de muito valorizados e empregados pelos reis pagãos do norte da Europa, geralmente eles viviam isolados, pois eles corriam o perigo de entrar em transe a qualquer momento, sem querer. E quando isso acontecia, coitado de quem estava perto!
De acordo com algumas tradições, o transe ocorria quando a Fylgja incorporava no guerreiro. Em outras palavras, o guerreiro era possuído pela Fylgja, assumindo a forma animal da mesma, que nesse caso era de um urso ou de um lobo. Baseando-se nessa explicação tradicional, para tentar explicar o fato com outras palavras, esse transe era resultado de um contato direto do subconsciente com a essência primordial da alma do Berseker, ou seja, seu animal de poder. Dessa forma, grande parte da energia primordial da alma do guerreiro, ainda não consciente de si mesma, se manifestava diretamente em seu corpo astral. Esse acúmulo excessivo e abrupto de energia no subconsciente passaria para a consciência terrena e para o corpo físico numa grandiosa e animalesca explosão. De alguma forma a Fylgja se funde diretamente com o corpo astral, ou seja, essa energia primordial da alma se manifesta sem antes se transformar em consciência em Tipheret! Não é a toa que isso só pudesse resultar em atitudes animalescas, surgidas do mais profundo do subconsciente. Isso pode ser útil em tempos de guerra e violência, mas não é nem um pouco desejável no dia a dia e em épocas de paz. Por isso mesmo que esses guerreiros, antes valorizados, passaram a ser parias da sociedade quando o norte da Europa foi pacificado, acabando por desaparecer completamente com o passar do tempo.

A Fylgja e a Iluminação Cósmica

Vimos que a fusão da Fylgja diretamente com o corpo astral é problemática e, geralmente, sem controle. Mas e sobre a fusão da Fylgja com o Eu Interior?
Sobre isso o paganismo nórdico também tem suas teorias. O Eu Interior corresponderia, em algumas tradições nórdicas, ao que elas chamam de Hame. Pois, de acordo com a tradição nórdica, as qualidades da mente e, portanto, da consciência, estão na Hame. Logo, a Hame seria o Eu Interior, que está em Tipheret.
Na tradição nórdica, todo herói ou guerreiro, que mostrasse valor e honra durante a vida, teria a sua Fylgja fundida com a sua Hame, formando, da união dos dois, a Hamigja. Dessa forma, tal guerreiro, depois de morto, seria levado ao Valhalla, onde graças à força de sua Hamigja, poderia morar no palácio do Deus Odinn por toda a eternidade.
Essa união da Fylgja com a Hame, formando a Hamigja, seria então o momento em que a nossa alma conseguisse desenvolver, em Tipheret, plena consciência de si mesma, conseguindo, dessa forma, manifestar no mundo toda a força e pureza de sua natureza divina. Seria o Herói Valoroso, pois manifestaria no mundo a luz de sua centelha divina. A Fylgja se uniria a Hame formando a Hamigja, pois no momento que a alma conseguir ter plena consciência dela mesma, o Eu Interior será a própria alma completamente consciente e desperta.
Em outras palavras, toda a essência primordial da alma, manifestada pela Fylgja, se transformaria em plena consciência de si mesma, através do Eu Interior, em Tipheret. Nesse momento, não mais estaríamos divididos em vários, mas seríamos apenas um. Não teríamos mais várias fases e etapas de consciências, mas teríamos apenas uma única fase, completamente consciente de sua totalidade e unidade. Estaríamos íntegros. Todas as partes desapareceriam, se fundiriam para formar a Hamigja, a qual iria habitar com os Deuses.
Em algumas tradições rosacruzes, esse estado da alma é chamado de Estado Rosacruz.
Em algumas tradições martinistas, esse estado da alma é chamado de Estado Crístico.
Em algumas tradições de magia, diz-se que o iniciado se tornou uno com o Deus Osíris.
Em algumas tradições thelemicas e de magia, diz-se que esse estado se consegue a partir da conversação com o Sagrado Anjo Guardião.
Dessa forma, não importa que tradição nós seguimos, não importa que religião ou culto nós realizemos, pois o Grande Arquiteto do Universo nos deixou pistas em todas elas, para que possamos vir a manifestar, aqui na Terra, a perfeição de nossa alma divina. Basta procurar e saber enxergar!



Bibliografia:
1-) Manual Nórdico - O Texto Rúnico,
Autor: Grimmwotan Idavoll,

2-) The Mystical Qabalah
Autora: Dion Fortune

3-) Deuses e Mitos Do Norte Da Europa
Autora: H.R. Ellis Davidson

4-) Dogma e Ritual De Alta Magia
Autor: Eliphas Levi.

5-) A Cabala Das Feiticeiras
Autora: Ellen Cannon Reed

6-) Nornor and Disir
Autor: Nordisk Hedendom

7-) Shamanismo Nórdico – Bersekergar
Autor: Áistan Falkar

8-) Draculya e os Varengos Autor: Áistan Falkar