Indícios dos Quatro Elementos no Odinismo
Sei que no Odinismo, e no paganismo nórdico em geral, não existem os quatro elementos conhecidos do hermetismo, ou seja, Fogo, Água, Ar e Terra. De acordo com o hermetismo, tudo o que existe é resultado da combinação desses quatro elementos básicos. Porém essa teoria, assim como a nomeação desses quatro elementos, são originários da cultura grega da Antiguidade, e nada tem a ver com a cultura e com o paganismo nórdico.
No paganismo nórdico existem apenas Fogo e Gelo, e tudo o que existe é resultado da interação entre essas duas forças antagônicas. Logo, no Odinismo tudo é formado pela interação entre Fogo e Gelo.
Para aqueles que acham que essas duas formas de encarar o Cosmos são completamente incompatíveis, é bom parar a leitura por aqui. Mas para aqueles que, como eu, gostam de analisar as coisas um pouco mais de perto, para ver se é possível criar algum tipo de relação entre elas, sugiro que me acompanhem em meus devaneios!
Fogo, Água, Ar e Terra
Sobre os quatro elementos tradicionais do hermetismo, temos que o Fogo é o princípio do calor, do movimento e expansão.
A Água é o princípio oposto ao Fogo. Ela representa frio, constrição e retração.
O Ar é o princípio intermediário entre Fogo e Água. De acordo com alguns iniciados, a Ar não seria nem considerado como um elemento puro, e sim seria o meio através do qual Fogo e Água se combinam e se equilibram. O Ar seria o princípio do equilíbrio entre forças antagônicas, ou seja, seria o responsável pelo equilíbrio global entre Fogo e Água.
E a Terra, com sua característica solidificante, é o princípio responsável pela manifestação dos outros 3 elementos. O elemento Terra é o princípio da manifestação, que propicia que os outros 3 elementos se manifestem no Cosmos. Dessa forma, algumas pessoas também não consideram a Terra como um elemento puro. É da alternância entre os princípios do Fogo e da Água no meio equilibrante Ar, que faz com que surja a Terra e manifeste tudo o que existe no Cosmos. É dessa forma que tudo é formado pela interação entre os quatro elementos, mas se quisermos simplificar ao máximo, podemos dizer que, em última instância, tudo é formado de Fogo e Água.
Origem do Universo de acordo com o Paganismo Nórdico
O princípio era Trino, não era Uno. Existia um grande vazio, o Vácuo Infinito, conhecido por Ginnungagap. Num canto desse vazio existia Musphell, a Terra do Fogo, a Expansão e Calor Infinitos. Pura Atividade, sem forma alguma, é energia ao infinito, completamente desvinculado de matéria ou forma. Se algo começa a tomar forma em Musphell, no mesmo instante essa formação se desintegra, pois o princípio desse mundo é mudança e atividades constantes. E em outro canto do Ginnungagap existe Niphell, a Terra da Névoa e do Gelo, a constrição e frio infinitos, sem atividade alguma, lugar das formas estáticas e sem energia. Pura forma, tudo é gelado e estático, pois não há energia para animar essas formas inertes.
O Ginnungagap, Musphel e Niphel são completamente incompatíveis, não fazem parte da mesma essência e sempre existiram. Apesar de incompatíveis, fagulhas de Musphel voaram através do Ginnungagap em direção a Niphel, enquanto a névoa gelada de Niphel invadiu o Ginnungagap, indo em direção a Musphell. Quando o Fogo de Musphell se encontrou com o Gelo de Niphell, no meio do Ginnungagap que os separava, houve uma reação que conciliou os dois opostos, dando origem ao Gigante Ymir. Por sua vez, Ymir deu origem à raça dos Gigantes, que foram os primeiros seres a habitarem o Cosmos recém-criado. Porém não era o Cosmos que conhecemos, pois ele estava envolto no Caos.
Dessa forma, a Unidade nunca existiu de fato. O que é eterno é a Trindade, ou seja, duas forças extremas e opostas, representadas por Musphell e Niphell, as quais encontram-se separadas por uma terceira potência, representada pelo Guinnungagap, que é o Vácuo Absoluto. Apesar do Vácuo Original separar os pares de opostos extremos, é o próprio Ginnungagap que também serve de intermediário entre os opostos, conciliando-os na criação do Cosmos, representado pelo Gigante Ymir.
Esse Universo, porém, não era o Universo conhecido atualmente. Era um mundo caótico e desprovido de ordem, pois para que haja ordem é necessária a ação de uma inteligência, coisa que não existia. Esse estado desorganizado é representado pelo Gigante Ymir e sua prole, numa época em que ainda não existiam as Leis da Natureza conforme existem hoje, pois as mesmas ainda não tinham sido formuladas.
Em meio a esse Caos nasceram, filhos de um casal de Gigantes, os três primeiros Deuses Aesires: Odin e seus dois irmãos, Vili e Vê. Esses três Deuses não gostavam do Caos em que viviam e, portanto, mataram o Gigante Ymir, pois Odin queria implantar a ordem e, com isso, propiciar o progresso das futuras criaturas que iriam habitar o Universo. Com isso, a prole de Ymir morreu toda afogada no sangue do Gigante Primordial. Os poucos Gigantes que restaram foram expulsos do Cosmos, fugindo para Jotumheim, a Terra dos Gigantes, que fica no limite do Universo com o Nada Absoluto.
E do corpo do Gigante Ymir os três Aesires Originais fizeram o Cosmos como existe hoje em dia, sendo que Odin ficou sendo o Rei de Asgard, ou seja, Rei dos Aesires.
Comparação com os Quatro Elementos
Pela descrição da origem do Cosmos acima, vemos que Musphel, a terra do fogo e expansão infinitas, é semelhante ao elemento Fogo.
Niphel, a terra do gelo constrição infinitas, é semelhante ao elemento Água.
O Ginnungagap, o Grande Vazio que se encontra entre Musphel e Niphel, foi o meio através do qual Fogo e Gelo se encontraram e se equilibraram, dando origem ao Cosmos. Dessa forma, o Ginnungagap seria semelhante ao elemento Ar.
Porém, era um universo caótico. Somente através da ordenação desse caos que o Cosmos, como existe hoje, pôde se manifestar. Sendo a ordem a responsável pela manifestação de tudo aquilo que é gerado no Ginnungagap, pela interação entre Musphel e Niphel, sou levado a deduzir que essa ordenação do caos seria semelhante ao elemento Terra.
Dessa forma, fazendo um pouquinho de esforço, posso vislumbrar algumas semelhanças de alguns pontos do paganismo nórdico com o quatro elementos.
domingo, 6 de novembro de 2011
Assinar:
Postagens (Atom)