Numa de minhas meditações, me veio uma idéia interessante sobre como se dá a comunicação com os Deuses. Considerando-se o princípio Hermético de que “assim como é em cima é em baixo”, irei ma valer do eletromagnetismo para, através da lei das correspondências, levar o leitor a intuir como se dá a nossa relação com os Deuses. Dessa forma, a idéia que me surgiu em minhas harmonizações foi: o transformador elétrico.
Todo mundo sabe o que é um transformador elétrico, bastando para isso olhar para os postes da companhia de fornecimento de energia elétrica na rua. Tais transformadores transformam a alta tensão dos postes nos 110/220V que vão para as residências. E o que isso tem haver com os Deuses ?
De acordo com o eletromagnetismo, uma corrente elétrica gera um campo magnético com a mesma frequência da corrente elétrica que o gerou. Por outro lado, um campo magnético variante no tempo gera uma corrente elétrica com a mesma frequência do fluxo magnético que a gerou. Eis o princípio básico de um transformador!
Sem entrar em detalhes técnicos, um transformador é composto por um núcleo, feito de algum material metálico que seja um bom condutor de fluxos magnéticos. Se fossemos fazer um transformador caseiro, uma barra de ferro poderia ser o núcleo de nosso transformador.
Nesse núcleo metálico estão enroladas duas bobinas de fio condutor, isoladas eletricamente uma da outra. Vamos chamá-las de bobina primária e bobina secundária. Nos transformadores das ruas, a primária seria a de alta-voltagem, enquanto a secundária é a que vai para as nossas residências.
Digamos que uma corrente elétrica passe por uma das bobinas. Vamos, por exemplo, considerar que a corrente elétrica passe pela bobina primária. Como as duas bobinas estão isoladas eletricamente, a corrente da bobina primária não passa pela outra bobina. Mas essa corrente elétrica gera um campo magnético, de mesma frequência, na barra de ferro, ou seja, no núcleo do transformador. Tal fluxo magnético se propaga pela barra de ferro, passando pelo centro da bobina secundária. Tal campo magnético induz uma corrente elétrica na bobina secundária, de mesma frequência do fluxo magnético, que por sua vez possui a mesma frequência da corrente elétrica no primário. Eis a mágica! Uma corrente elétrica numa das bobinas induz uma outra corrente elétrica na outra bobina, de mesma frequência, mas com amplitudes diferentes.
Nossa relação com os Deuses é parecida. Ao cultuá-los, a energia divina se infunde em nós, e isso acaba por despertar qualidades que já possuímos, porém estão adormecidas. Tais qualidades são desenvolvidas pela energia divina, da mesma forma que uma corrente elétrica é induzida na bobina secundária pelo fluxo magnético criado pela corrente da bobina primária.
Dessa forma, o que vemos e sentimos não são os Deuses, e sim um reflexo dos mesmos em nós mesmos. O que vemos e sentimos são facetas de nossa própria personalidade que encontram correspondência com determinado Deus, ou Deusa, cultuado(a). Assim sendo, quando a energia desse Deus, ou Deusa, se infunde em nós, tal faceta de nossa personalidade entra em ressonância com essa energia divina. Isso a desperta, desenvolvendo-a e fazendo com que tomemos consciência dela. É como no transformador elétrico! Os Deuses são a bobina primária, cuja corrente elétrica gera um campo magnético, que seria a energia divina. Tal fluxo magnético, por sua vez, induz uma corrente elétrica no secundário, de mesma frequência da corrente elétrica no primário. Nós somos a bobina secundária e, portanto, o que vemos e sentimos é a nossa corrente elétrica, ou seja, é a corrente elétrica induzida no secundário. Nós não vemos e nem temos contato com a corrente elétrica do primário!
Um transformador, porém, é bidirecional, ou seja, se ao invés de colocarmos uma fonte de tensão no primário, colocarmos no secundário, estaremos gerando uma corrente diretamente na bobina secundária e, seguindo o mesmo processo eletromagnético descrito antes, essa corrente no secundário irá induzir uma outra corrente no primário, de mesma frequência, mas amplitude diferente. Ao cultuarmos os Deuses, nossos pensamentos e emoções são as correntes geradas na bobina secundária. Dessa forma, os Deuses conseguem sentir o que queremos, recebendo a nossa energia e, se ficarmos receptivos, conseguiremos sentir e receber a resposta divina.
Pensando bem, é dessa forma que funciona o princípio básico da meditação, ou harmonização, com os Deuses. Há uma etapa ativa, através da qual fazemos determinados movimentos, emitimos determinados sons e, com nossa mente, criamos determinadas imagens mentais, o que nos desperta certas emoções! Isso tudo junto é a corrente elétrica gerada na bobina secundária. Porém, em seguida, é essencial vir a etapa passiva, na qual criamos um vazio mental e simplesmente ficamos receptivos. E é somente nessa segunda etapa, onde ficamos passivos e receptivos, que poderemos sentir e perceber a resposta Divina. Isso corresponde a retirarmos a fonte de tensão do secundário. Dessa forma, a corrente que circular no secundário será proveniente exclusivamente da indução ocasionada pela corrente na bobina primária, livre de qualquer ruído ou interferência!
Isso também ilustra o fato de que nada acontece por “milagre”. Ou seja, os Deuses não resolvem os nosso problemas, pois nós mesmos temos que resolvê-los. Não adianta orar para que, por intervenção Divina, consigamos determinada coisa, pois isso não existe. Sem nossos próprios esforços, não conseguiremos nada, pois “milagres” não passam de “fantasias infantis”!
O que pode, e deve, acontecer é pedirmos auxílio aos Deuses, para que possamos resolver os nossos próprios problemas. Os Deuses nos ajudam dando-nos sabedoria, intuição e força. Eles nos guiam, mostrando-nos o caminho a seguir e nos dando inspiração para que possamos ter força suficiente para seguir por esse caminho. Em outras palavras, os Deuses nos auxiliam nos dando a espada, o cavalo, a sabedoria para utilizá-los e a inspiração. Mas seremos nós mesmos que teremos que ir para a batalha lutar para vencer a guerra! Afinal de contas, a luta é nossa, e não dos Deuses, logo, somos nós que teremos que vencê-la! Da mesma forma, no caso do transformador, ao acendermos uma lâmpada em nossa casa, não é a corrente da bobina primária que a acende, e sim é a corrente elétrica da bobina secundária que acende a lâmpada!
Nossa relação com os Deuses é como a Runa Gebo descreve, ou seja, é uma troca. A nossa energia se funde com a dos Deuses, é um trabalho de simbiose, onde cada um faz a sua parte. Os Deuses recebem a nossa energia através de nossa devoção e, por outro lado, recebemos a energia Divina através do êxtase e da inspiração. Os Deuses nos mostram o caminho e nos dão as respostas e nós, por outro lado, temos que retribuir através de nossas ações, colocando em prática o conhecimento que nos foi passado por inspiração Divina! Ambos somos engrenagens que põe a funcionar a mesma máquina, chamada Cosmos!
E o que é o material ferromagnético que forma o núcleo de nosso transformador ?
Afinal de contas, sem um núcleo eficiente, o fluxo magnético pode chegar fraco até a bobina secundária, induzindo uma corrente muito fraca ou, dependendo do caso, não induzindo corrente alguma no secundário. Dessa forma, o núcleo é o responsável pelo acoplamento magnético entre as duas bobinas. E no caso da relação entre nós e os Deuses, o que seria esse núcleo ?
É nossa Fylgja. É ela a responsável por nos conectar com os Deuses. Quanto mais desenvolvermos a nossa Fylgja, mais forte será a nossa relação com as Divindades. Da mesma forma que é através do núcleo ferromagnético que as bobinas do transformador conseguem induzir correntes elétricas uma na outra, é através de nossa Fylgja que nós conseguimos nos comunicar com os Deuses. Afinal de contas, é nossa Fylgja que nos carrega até Asgard!
Com uma Fylgja pouco desenvolvida, nossa comunicação com os Deuses é quase nula. Seria a mesma coisa que um transformador com um núcleo plástico. Quase nada do fluxo magnético gerado pelo primário iria chegar no secundário, produzindo uma corrente induzida desprezível, quase nula.
Quanto mais desenvolvermos a nossa Fylgja, mais irá crescer a nossa conexão com os Deuses. Assim sendo, uma Fylgja bem desenvolvida garante uma boa comunicação com os Deuses. Da mesma forma, um núcleo magneticamente eficiente garante que grande parte do fluxo magnético gerado pela bobina primária chegue até a bobina secundária, induzindo uma corrente elétrica maior na mesma.
sexta-feira, 16 de julho de 2010
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