sábado, 6 de novembro de 2010

Orfismo, Pitágoras e Hermetismo

Orfismo

De acordo com alguns autores, o Orfismo era baseado na lenda do Deus Dionísio, que era filho de Zeus e Perséfone. Diz a lenda que Hera, esposa oficial de Zeus, enciumada mandou os Titãs assassinarem Dionísio. Eles assim o fizeram e, depois de matarem o jovem Deus, esquatejaram-no, assaram os seus restos mortais e o comeram. A Deusa Atena, que passava pelo local, conseguiu salvar o coração de Dionísio, entregando-o a Zeus. O Rei do Olimpo, enfurecido, com um raio dizimou os Titãs, transformando-os em cinzas. Feito isso, comeu o coração de Dionísio. Dionísio, então, renasceu de Zeus como um verdadeiro Deus do Olimpo, em toda a sua glória.
Outros autores contam a lenda de uma forma um pouco diferente. Contam que foi o Deus Hermes que salvou o coração de Dionísio e que Zeus, depois de fulminar os Titãs com um raio, ao invés de comer o coração o implanta em sua perna. Em seguida, ele engravida a mortal Semele, sendo que Dionísio renasce de Semele.
Independentemente de como termina a lenda, o tópico principal em que se baseava o Orfismo é o mesmo: Dionísio sendo morto pelos Titãs e renascendo em seguida por intervenção divina. De acordo com os ensinamentos órficos, as cinzas a que foram reduzidos os Titãs formam o corpo do ser humano, enquanto o coração divino de Dionísio forma a alma humana.
Dessa forma, de acordo com o Orfismo, o ser humano tem uma alma divina, aprisionada num corpo material. Para eles o corpo material era sujo, enquanto a alma era pura. Acreditavam na encarnação. Para eles, quando alguém morria e não era puro o suficiente, tinha que reencarnar novamente, esquecendo-se de sua natureza divina. Dessa forma, a cada reencarnação a alma da pessoa ia se purificando, até chegar ao ponto em que não precisaria mais voltar à Terra. Nesse ponto, ao morrer, ao invés de se reencarnar ele iria para os Campos Elíseos, morar junto aos Grandes Heróis.
Essa purificação era representada pela transformação dos Titãs em cinzas, e a quebra do ciclo de reencarnações era representado pelo coração de Dionísio que era salvo, permitindo que o Deus renascesse em toda a sua glória no Olimpo.
Os Mistérios Órficos visavam a purificação do Iniciado para que o mesmo, auxiliado pelo Deus Dionísio, conseguisse quebrar os ciclos de reencarnação. De certa forma, o Orfismo lembra um pouco o Espiritismo Kardecista, só que no caso do Orfismo é o Deus Dionísio quem guia o ser humano aos Campos Elíseos.
O Orfismo viria a influenciar fortemente um outro movimento posterior, o Pitagorismo.

Pitagorismo

A escola pitagórica, tal como o Orfismo, também pregava que o objetivo final do ser humano era abandonar os ciclos de reencarnação. Acreditavam que o ser humano podia se reencarnar não apenas como humano, mas que também podia voltar à vida terrena como um animal ou até mesmo como um vegetal, e que em cada uma dessas vidas terrenas, a alma ia se purificando, mostrando forte influência do Orfismo na filosofia pitagórica. O Pitagorismo também pregava várias práticas de purificação, dentre as quais a proibição de se comer carne e de se beber vinho. Para os pitagóricos, assim como para os órficos, a alma era perfeita, enquanto o corpo era imperfeito. Provavelmente, essa idéia de que a alma era pura e o corpo impuro tenha influenciado os primeiros cristãos.
Ao contrário dos órficos, os pitagóricos não acreditavam na purificação do ser humano através do Deus Dionísio. Para Pitágoras e seus seguidores, será o conhecimento que irá libertar o ser humano dos ciclos das reencarnações, mais precisamente, será o conhecimento dos “números” que irá permitir que o ser humano se desenvolva a ponto de se tornar um Deus.
Para Pitágoras, tudo era manifestação dos Números. Para ele, tudo na natureza podia ser descrito através de relações numéricas. De acordo com o pitagorismo, tudo o que existe tem um número que o representa, sendo que as coisas são diferentes entre si devido ao fato de possuírem Números diferentes, ou seja, devido ao fato de serem manifestações de Números diferentes. Mais tarde o Hermetismo iria adotar essa idéia, através dos princípios herméticos das frequências e dos ritmos.
Para os pitagóricos os números são a essência das coisas, sendo o mundo material apenas uma representação grosseira do mundo divino, que é o mundo das essências, é o mundo dos Números. A alma humana pertence ao mundo dos Números e, portanto, é perfeita. Nós não conseguimos ver o mundo Numérico pois nossa alma está aprisionada por um corpo material, imperfeito. Dessa forma, o que os nossos sentidos captam não é a realidade absoluta, e sim uma representação grosseira da mesma. Somente através do intelecto poderemos captar a essência das coisas, ou seja, o mundo verdadeiro formado pelos Números. Tal idéia seria retomada mais tarde por Platão, que ao invés de se referir ao mundo Numérico, iria chamá-lo de Mundo das Idéias, onde as Idéias iriam substituir os Números.
De acordo com Pitágoras, o ser humano irá se desenvolver conforme ele vá cada vez mais compreendendo os Números e as leis que os regem. De acordo com ele, o Universo é regido por leis Numéricas bem definidas e, portanto, é ordenado. E quanto mais o ser humano for compreendendo essas relações, mais ele irá se desenvolver, até chegar ao ponto em que romperá os ciclos de reencarnações, pois passará a estar em perfeita harmonia com as leis numéricas que regem o Cosmos. Em essência, tudo isso foi herdado mais tarde pelo Hermetismo.
De acordo com a Escola Pitagórica, os Números são divididos em Par e Ímpar. Eram defensores da dualidade, ou seja, de que todo o princípio tem o seu oposto, e a Harmonia Cósmica se forma devido a interação e o equilíbrio entre os opostos. Assim sendo, tudo o que existe no Cosmos é formado pela interação entre pares de opostos. Tudo é formado por uma parcela Infinita e por uma parcela Finita. Tudo é formado por uma essência Numérica e por um corpo material. É a interação entre dois princípios opostos que geram um terceiro ponto, que é o que se manifesta. Dessa forma, tudo o que existe tem, em sua essência, características de ambos os princípios opostos responsáveis por sua manifestação. Tal conceito foi herdado pela Cabala e, mais tarde, pelo Hermetismo.
Sabe-se que grande parte dos primeiros cristãos foram pitagóricos, dessa forma, o pitagorismo recebeu uma grande influência monoteísta. Apesar dos escritores e pesquisadores cristãos terem a tendência de afirmar que Pitágora pregava a existência do Uno, eu realmente acho que isso foi uma deturpação posterior dos pitagóricos cristãos, que adaptaram o pitagorismo para que o mesmo estivesse de acordo com o dogma monoteísta. De acordo com alguns autores, os primeiros pitagóricos eram contra o eleatismo, o qual afirmava a existência do Uno. De acordo com o eleatismo, não existia Não-Ser, pois existia somente o Uno, sendo tudo uma Unidade. Porém, de acordo com os pitagóricos originais, se existia um Ser, também existia um Não-Ser, e ambos formavam o Uno, logo, ele já não era Uno, e sim era uma Pluralidade. Isso me indica que os primeiros pitagóricos já anteviam a existência do Zero, sendo que os defensores do Uno erram por achar que o Um era o primeiro número, pois ainda não tinham o conceito do Zero, indicando que o Um não é o primeiro número, o que vai contra o conceito do Uno.
De acordo com a teoria da dualidade pitagórica, se o Uno existia ele teria que ter os princípios opostos dentro de si mesmo, sendo Par e Ímpar ao mesmo tempo. Isso é ilógico e contraditório e, portanto, impossível, pois se esses princípios já existiam, o Uno já não era o Uno. Os primeiros pitagóricos, de acordo com alguns autores, usavam os Números e a lógica matemática justamente para atacar o conceito do Uno apregoado pelo eleatismo. É óbvio que, no futuro, os pitagóricos cristãos iriam esquecer tudo isso, e viriam a deturpar o pitagorismo acrescentando o Uno aos ensinamentos de Pitágoras.
E por fim, os Pitagóricos consideravam o Número 10 como especial. Consideravam que o Número 10 representava a totalidade do Cosmos, pois representava a soma dos 4 elementos que formavam o Universo e, portanto, representava tudo o que existia no Universo. Mais tarde a Tetraktys Pitagórica viria influenciar os Cabalistas na criação de sua Árvore da Vida com as 10 Sephirot.
Sabe-se, pelo que foi exposto, que o Pitagorismo influenciou fortemente o Hermetismo. Mas infelizmente, o Hermetismo também foi deturpado pelo monoteísmo, da mesma forma que o foi o pitagorismo. Dessa forma, vou tentar analisar como seria o Hermetismo sem as deturpações monoteístas.

Hermetismo sem o Monoteísmo

É minha opinião que as Leis Herméticas, sem a influência nociva do monoteísmo, seriam praticamente as mesmas, pois elas descrevem leis naturais. Por exemplo, os 7 princípios herméticos descritos no Caibalion estão corretos em essência. O que está errado é justamente a explicação do porque desses princípios, baseada numa falsa premissa de que só existe um deus único e de que tudo se originou desse tal de Uno.
No Caibalion se fala do TODO, e que tudo está contido no TODO. Concordo com isso, pois tudo o que existe no Cosmos está inter-relacionado, formando um todo coerente que interliga tudo através das leis naturais e do princípio do equilíbrio, responsável pela lei da ação e reação. Porém, a Caibalion erra ao confundir o TODO com a sua fonte, dizendo a asneira terrível de que o TODO é o deus único monoteísta. Afinal de contas, para manter a mentira de que só existe um deus e de que nada existe que não seja ele, os hermetistas monoteístas tiveram que deturpar a verdade. Encobriram o fato de que o TODO foi gerado do Caos, sendo que esse Caos foi colocado em ordem e equilíbrio através das ações dos Deuses Primordiais, que por sua vez deram origem a todo um panteão de Deuses e Deusas, que são os responsáveis por manter essa Ordem Cósmica juntamente com os Deuses Primordiais.
O Caibalion diz que o TODO é mente. Concordo, pois isso é a base da magia e do misticismo. Porém mais uma vez ele erra ao dizer que o TODO é uma única mente infinita. Como eles tem que manter a mentira do Uno em pé, não há espaço para mais de uma mente além da falsa mente do deus monoteísta. Mais uma vez eles encobrem a verdade de que o TODO é formado por várias mentes divinas. Afinal de contas, é a mente poderosa e infinita dos Deuses que mantém a Ordem Cósmica, fazendo com que o TODO se comporte de forma coerente e ordenada.
O Hermetismo monoteísta prega a evolução do ser humano, assim como também apregoam o Orfismo e o Pitagorismo. Isso está correto, pois de fato a tendência do ser humano é evoluir, aumentando a sua compreensão do Cosmos e se tornando cada vez mais desenvolvido. A diferença entre o Hermetismo monoteísta e o politeísta está no fim da jornada, ou seja, em sua etapa final, o que os Hermetistas chamam de a “consecução da Grande Obra”. Como eles tem que manter a mentira do Uno, eles pregam que o destino final é a reintegração à Unidade. Isso é ridículo!!! Afinal de contas, evoluímos para chegar no final e simplesmente desaparecer ? Para que evoluir então ? Dizem os monoteístas que não iremos desaparecer, mas iremos viver integrados ao Uno, e para tentar justificar essa afirmação ilógica, inventam um monte de teorias complexas que não levam a lugar algum, desviando a atenção da verdade.
Sem essa deturpação monoteísta, a verdade é que na etapa final iremos nos tornar tal qual os Deuses! Não iremos nos reintegrar a nada, pois nossa mente será tão desenvolvida que iremos habitar junto com os Deuses, auxiliando-os na tarefa de manter a Ordem Cósmica. Não seremos mais o efeito de causas divinas. Ao contrário, nós seremos as causas divinas ao final da jornada.
Dessa forma, a deturpação monoteísta priva o ser humano de seu destino final, que é se tornar divino, morando e trabalhando junto aos Deuses.
A deturpação monoteísta limita o desenvolvimento humano até o Hagar Fjoll Baldher, ou seja, até a vivência da Unidade Cósmica. Quando digo Unidade Cósmica estou me referindo à percepção de que tudo está relacionado, formando um TODO em equilíbrio. Os monoteístas deturparam esse conceito dizendo que o TODO é a mente única de seu falso deus monoteísta. Dessa forma, a deturpação monoteísta não prepara o Iniciado para a travessia do Hagar Fjoll Bifrost, o que faz com que o pobre coitado venha de fato a desaparecer ao atingir o Ginungagap!
Sem a deturpação monoteísta o Hermetismo iria preparar o Iniciado para que o mesmo pudesse atravessar o Bifrost. Dessa forma, ao chegar ao Ginungagap, sua Verdadeira Vontade estaria forte o suficiente para que ele renascesse em Asgard, morando junto aos Deuses como um Deus.
Comparando a Árvore da Vida Cabalística com o Triu Aiws, é como se Kether estivesse ao nível do Hagar Fjoll Bifrost, pois a deturpação monoteísta impede que se veja o que está acima do Bifrost. Dessa forma a deturpação monoteísta no Hermetismo impede que o ser humano consiga ver e chegar ao Mundo Divino, abortando a jornada do Iniciado no Bifrost!
 
 

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Como os Deuses Agem em Nossa Vida

Numa de minhas meditações, me veio uma idéia interessante sobre como se dá a comunicação com os Deuses. Considerando-se o princípio Hermético de que “assim como é em cima é em baixo”, irei ma valer do eletromagnetismo para, através da lei das correspondências, levar o leitor a intuir como se dá a nossa relação com os Deuses. Dessa forma, a idéia que me surgiu em minhas harmonizações foi: o transformador elétrico.
Todo mundo sabe o que é um transformador elétrico, bastando para isso olhar para os postes da companhia de fornecimento de energia elétrica na rua. Tais transformadores transformam a alta tensão dos postes nos 110/220V que vão para as residências. E o que isso tem haver com os Deuses ?
De acordo com o eletromagnetismo, uma corrente elétrica gera um campo magnético com a mesma frequência da corrente elétrica que o gerou. Por outro lado, um campo magnético variante no tempo gera uma corrente elétrica com a mesma frequência do fluxo magnético que a gerou. Eis o princípio básico de um transformador!
Sem entrar em detalhes técnicos, um transformador é composto por um núcleo, feito de algum material metálico que seja um bom condutor de fluxos magnéticos. Se fossemos fazer um transformador caseiro, uma barra de ferro poderia ser o núcleo de nosso transformador.
Nesse núcleo metálico estão enroladas duas bobinas de fio condutor, isoladas eletricamente uma da outra. Vamos chamá-las de bobina primária e bobina secundária. Nos transformadores das ruas, a primária seria a de alta-voltagem, enquanto a secundária é a que vai para as nossas residências.
Digamos que uma corrente elétrica passe por uma das bobinas. Vamos, por exemplo, considerar que a corrente elétrica passe pela bobina primária. Como as duas bobinas estão isoladas eletricamente, a corrente da bobina primária não passa pela outra bobina. Mas essa corrente elétrica gera um campo magnético, de mesma frequência, na barra de ferro, ou seja, no núcleo do transformador. Tal fluxo magnético se propaga pela barra de ferro, passando pelo centro da bobina secundária. Tal campo magnético induz uma corrente elétrica na bobina secundária, de mesma frequência do fluxo magnético, que por sua vez possui a mesma frequência da corrente elétrica no primário. Eis a mágica! Uma corrente elétrica numa das bobinas induz uma outra corrente elétrica na outra bobina, de mesma frequência, mas com amplitudes diferentes.
Nossa relação com os Deuses é parecida. Ao cultuá-los, a energia divina se infunde em nós, e isso acaba por despertar qualidades que já possuímos, porém estão adormecidas. Tais qualidades são desenvolvidas pela energia divina, da mesma forma que uma corrente elétrica é induzida na bobina secundária pelo fluxo magnético criado pela corrente da bobina primária.
Dessa forma, o que vemos e sentimos não são os Deuses, e sim um reflexo dos mesmos em nós mesmos. O que vemos e sentimos são facetas de nossa própria personalidade que encontram correspondência com determinado Deus, ou Deusa, cultuado(a). Assim sendo, quando a energia desse Deus, ou Deusa, se infunde em nós, tal faceta de nossa personalidade entra em ressonância com essa energia divina. Isso a desperta, desenvolvendo-a e fazendo com que tomemos consciência dela. É como no transformador elétrico! Os Deuses são a bobina primária, cuja corrente elétrica gera um campo magnético, que seria a energia divina. Tal fluxo magnético, por sua vez, induz uma corrente elétrica no secundário, de mesma frequência da corrente elétrica no primário. Nós somos a bobina secundária e, portanto, o que vemos e sentimos é a nossa corrente elétrica, ou seja, é a corrente elétrica induzida no secundário. Nós não vemos e nem temos contato com a corrente elétrica do primário!
Um transformador, porém, é bidirecional, ou seja, se ao invés de colocarmos uma fonte de tensão no primário, colocarmos no secundário, estaremos gerando uma corrente diretamente na bobina secundária e, seguindo o mesmo processo eletromagnético descrito antes, essa corrente no secundário irá induzir uma outra corrente no primário, de mesma frequência, mas amplitude diferente. Ao cultuarmos os Deuses, nossos pensamentos e emoções são as correntes geradas na bobina secundária. Dessa forma, os Deuses conseguem sentir o que queremos, recebendo a nossa energia e, se ficarmos receptivos, conseguiremos sentir e receber a resposta divina.
Pensando bem, é dessa forma que funciona o princípio básico da meditação, ou harmonização, com os Deuses. Há uma etapa ativa, através da qual fazemos determinados movimentos, emitimos determinados sons e, com nossa mente, criamos determinadas imagens mentais, o que nos desperta certas emoções! Isso tudo junto é a corrente elétrica gerada na bobina secundária. Porém, em seguida, é essencial vir a etapa passiva, na qual criamos um vazio mental e simplesmente ficamos receptivos. E é somente nessa segunda etapa, onde ficamos passivos e receptivos, que poderemos sentir e perceber a resposta Divina. Isso corresponde a retirarmos a fonte de tensão do secundário. Dessa forma, a corrente que circular no secundário será proveniente exclusivamente da indução ocasionada pela corrente na bobina primária, livre de qualquer ruído ou interferência!
Isso também ilustra o fato de que nada acontece por “milagre”. Ou seja, os Deuses não resolvem os nosso problemas, pois nós mesmos temos que resolvê-los. Não adianta orar para que, por intervenção Divina, consigamos determinada coisa, pois isso não existe. Sem nossos próprios esforços, não conseguiremos nada, pois “milagres” não passam de “fantasias infantis”!
O que pode, e deve, acontecer é pedirmos auxílio aos Deuses, para que possamos resolver os nossos próprios problemas. Os Deuses nos ajudam dando-nos sabedoria, intuição e força. Eles nos guiam, mostrando-nos o caminho a seguir e nos dando inspiração para que possamos ter força suficiente para seguir por esse caminho. Em outras palavras, os Deuses nos auxiliam nos dando a espada, o cavalo, a sabedoria para utilizá-los e a inspiração. Mas seremos nós mesmos que teremos que ir para a batalha lutar para vencer a guerra! Afinal de contas, a luta é nossa, e não dos Deuses, logo, somos nós que teremos que vencê-la! Da mesma forma, no caso do transformador, ao acendermos uma lâmpada em nossa casa, não é a corrente da bobina primária que a acende, e sim é a corrente elétrica da bobina secundária que acende a lâmpada!
Nossa relação com os Deuses é como a Runa Gebo descreve, ou seja, é uma troca. A nossa energia se funde com a dos Deuses, é um trabalho de simbiose, onde cada um faz a sua parte. Os Deuses recebem a nossa energia através de nossa devoção e, por outro lado, recebemos a energia Divina através do êxtase e da inspiração. Os Deuses nos mostram o caminho e nos dão as respostas e nós, por outro lado, temos que retribuir através de nossas ações, colocando em prática o conhecimento que nos foi passado por inspiração Divina! Ambos somos engrenagens que põe a funcionar a mesma máquina, chamada Cosmos!
E o que é o material ferromagnético que forma o núcleo de nosso transformador ?
Afinal de contas, sem um núcleo eficiente, o fluxo magnético pode chegar fraco até a bobina secundária, induzindo uma corrente muito fraca ou, dependendo do caso, não induzindo corrente alguma no secundário. Dessa forma, o núcleo é o responsável pelo acoplamento magnético entre as duas bobinas. E no caso da relação entre nós e os Deuses, o que seria esse núcleo ?
É nossa Fylgja. É ela a responsável por nos conectar com os Deuses. Quanto mais desenvolvermos a nossa Fylgja, mais forte será a nossa relação com as Divindades. Da mesma forma que é através do núcleo ferromagnético que as bobinas do transformador conseguem induzir correntes elétricas uma na outra, é através de nossa Fylgja que nós conseguimos nos comunicar com os Deuses. Afinal de contas, é nossa Fylgja que nos carrega até Asgard!
Com uma Fylgja pouco desenvolvida, nossa comunicação com os Deuses é quase nula. Seria a mesma coisa que um transformador com um núcleo plástico. Quase nada do fluxo magnético gerado pelo primário iria chegar no secundário, produzindo uma corrente induzida desprezível, quase nula.
Quanto mais desenvolvermos a nossa Fylgja, mais irá crescer a nossa conexão com os Deuses. Assim sendo, uma Fylgja bem desenvolvida garante uma boa comunicação com os Deuses. Da mesma forma, um núcleo magneticamente eficiente garante que grande parte do fluxo magnético gerado pela bobina primária chegue até a bobina secundária, induzindo uma corrente elétrica maior na mesma.